FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Postal d’uma época - I
BANCO DE ANGOLA
Bungo, ano de 1899
A serenidade daquela domingo convidava a passear ao longo da praia a partir da nova estação do Bungo, passando pela Ermida da Nazaré até aos armazens de óleo de dendê e peixe seco na base das barrocas da fortaleza de São Miguel.
Os coqueiros ao longo da areia davam um toque edílico àquela baia mas, à medida que ia chegando ao cais de pesca o mau cheiro da maré baixa fazia-se sentir entre ondas de vento sopradas da terra e o caserio; valas negras desaguavam sem ordenamento no mar das tainhas.
Paiva Neto, tinha ido anos atráz trabalhar na construção do Caminho de Ferro de Luanda-Ambaca e por ali ficara num sobrado de uma casa senhorial por detráz da Nossa Senhora dos Remédios, futura Sé de Luanda.
A Real Companhia dos Caminhos de Ferro teve início com a adjudicação Régia em 25 de Setembro de 1885, catorze anos atrás. O acordo de Berlim com a sequente divisão de África pelos países emergentes levou o Puto a sair da letagia e mostrar uma efectiva ocupação do território. Até então só enviavam degredados, gente desclassificada, rufias da sociedade.
Angola em verdade era uma colónia penal que albergava os indesejados da metrópole.
A Luanda daquele então ia desde o Bungo até ao largo D. Henrique logo a seguir ao cine Nacional ligando à cidade alta por uma ingreme ladeira calçada até ao Palácio do Governõ. Numa quase avenida larga e quase sem casas subia-se suavemente até o novo e imponente Hospital Maria Pia.
As lojas situavam-se ao longo da rua da Sé alongando-se até às residências de mestiçagem nobre enriquecidos no negócio negreiro, tascas aonde a azafama de homens de fato domingueiro passavam o tempo falando das coisas do mato, a roça e as desventuras de vidas dos outros; por breves lapsos dum passo lento no largo dos correios apercebeu-se que contavam estórias do Zé do Telhado.
Entre nesgas de esquinas e os imbondeiros da Mutamba, via-se a encosta que dava para o bairro mulato das Ingobotas com a Igreja de nossa Senhora do Carmo em primeiro plano. Naquele aglomerado, as casas de quintal eram ladeadas por cubatas, muros contornando a burguesia crioula; frondosas árvores de mangueiras com tamarindo lá nos fundos das aduelas de barril, tinto do puto.
Os mamões de quintal contrastavam em beleza com as piteiras que enfileiravam um inviezado de posse-á-toa. A areia fina repisada alojava no subsolo as formigas leão que os candengues chamavam de fuca-fuca; com arcos de brincar corriam meio desnudos fazendo competição com carros de fingir feitos de arames e motores de boca com brrruns-brrruns saindo a cuspo das risonhas faces, rindo, rindo. Um negrão descalço esforçava-se para vencer o desnivel levando um barril, puxado por matebas enroladas nos estremos em coisa rotativa; de forma lenta ia rolando e transpirando muxoxos de mau grado com aquele engenho de tecnologia de ponta. Maldita vida esta, dizia e repetia.
A Cidade Alta demarcava-se pelo topo dos morros a começar no Hospital, passando pelos quarteis e terminando na ponta da Fortaleza de são Miguel. Por detrás do Hospital ficavam os arrabaldes da Samba e a Maianga da Cacimba.
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