Quinta-feira, 21 de Junho de 2018
A CHUVA E O BOM TEMPO . LXXXVIII

NAS FRINCHAS DA VIDA . Kazumbi com kalunga… O mal fermenta-se na psicose gerada pela instabilidade…

Por

soba15.jpg T´Chingange

pana1.jpg Descendo as escadas do Vai Hassar, chegado à praia, espetei na fofa areia o chapéu-de-sol e, depois, ouvindo a trovoada a sul, caminhei um pouco a montante do Arade apreciando o barco de cruzeiro que leva gente a Tenerife das Ilhas Canárias e Açores. Sempre gostei de ver estes gigantes do mar num andar molengoso, ouvir os apitos e as chaminés vomitando cinzas barra adentro e, nesta admiração, dou-me conta de meu chapéu destapar minhas minudências, sair às cambalhotas até ficar emborcado na água, como se fosse uma jangada.

:::::

Era uma jangada de palha de pobre tirando-me desta condição a fingir ser um iate, chapéu feito canoa saindo pelo vento adverso em direcção ao vapor já encostado no cais dos guindastes. Controlando minha missão de aguentar a austeridade, dispus-me a gozar mais um dia de clareiras de sol com previsão de chuva molhada e sons troantes do céu neste país que já foi metrópole dum império, de meio mundo, das índias e Brasis, da Etiópia ais este Algarve.

praia.jpg E, do Algarve, apreciando as frinchas de vida com vozes de marujos de folgar a corda, dá de ré e, amainando assim meu pensamento vadio, entro na fria água ao som dum trátrátrá de arrastão barulhento que entra na barra. É o Delphinus que ao provocar ondas fez deslocar ainda mais o chapéu chato para o lado de lá, mesmomesmo na direcção do raisteparta, nome dum barco preso à bóia amarela.

:::::

Valeu-me um barco de pescadores à linha que aos gestos e gritos de duas garinas irlandesas, acudiram a este estranho acontecido de agitar flanelas com a esfinge do Cristian Ronaldo, o jogador de futebol melhor do Mundo; Cá de meia distância, vi o pequeno barco aproximar-se apanhar o chapéu do panamá e dirigir-se na direcção daquelas moçoilas que entretanto aplaudiam os heróis do momento, os pescadores do rio Arade.

dy28.jpg Alargado de agradecimentos de merci, thank you e obrigado, agradeci às turistas nesta forma de poliglota de praia, a ver navios com vapores e traineiras de sardinha, carapau e cavala. Saudaram-me numa língua estranha a juntar ao meu muito obrigado para os amáveis pescadores; um bom desfecho para quem não quer mesmo ficar na penúria de ficar pobre e sem chapéu. Estes pequenos incidentes dão azo a folgarmos as arrelias minúsculas, dar um sorriso e fazer umas gaifonas às turistas que felizes, continuam gingando suas formosuras…

:::::

Como vêem, aqui noa Angrinha do castelo de Ferragudo, do outro lado de Portimão, acontecem coisas que não lembram ao diabo que sendo negro, tem obras de feitiço muito mais repleta de assombração branca por conta das lendas mouriscas. Meu chapéu foi atraído para o património de um antigo rio que barulhando em árabe, chafurda donzelas, kiandas de kazumbi com kalunga mareando esta metrópole da moda chamada de M´Puto.

papalagui11.jpg Tão sujeito às gravidades europeias na perene austeridade, não vou ficar assim pateta de braços cruzados vendo as gaivotas adaptando-se à gasosa do Delphinus. Deitando vísceras na mistura de peixe rejeitado borda fora, os restos dos restolhos que são pesca fácil para os passarões grasnantes. Um piar alvoroçado, lutas de depenicar a fome sem maior esforço, de ir lá a alto mar e mergulhar, ficar todo o tempo esperando dádivas da kalunga como o M´Puto da Europa.

:::::

Também estas, as gaivotas, se vão ajustando ao protectorado dos mais fortes, exemplo que não devemos seguir em nossas normas de gente, estendendo a mão aos gestos alheios ou à caridade; porque, isto de comer sem esforço, à vontade dos demais, não é certamente um percurso correcto na cadeia do sucesso alimentar. Qualquer dia só comemos as cotas atribuídas pela comunidade a um mar que é tão nosso.

vasco3.jpg Sentei-me na cadeira exposto ao sol admirando os gestos de tira e atira, tira e atira linha para apanhar matonas ao rio, tainhas ou liças só com fateixa; os mesmos pescadores que salvaram meu chapéu. Pensei que ninguém tem o direito de tirar-lhes também essa condição de se continuar honestamente pobre; dos problemas de plafonamentos e, mais palavrões de enganar. E, foi nas 13 badaladas que arrumei a tralha, juntei o chapéu, a toalha e os zingarelhos deste manuscrito rumando a casa para assar duas postas de perca do Nilo…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:13
LINK DO POST | COMENTAR | ADICIONAR AOS FAVORITOS

Março 2025
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
11
12
13
14
15

16
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


MAIS SOBRE NÓS
QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
Facebook
Kimbolagoa Lagoa

Criar seu atalho
ARQUIVOS

Março 2025

Fevereiro 2025

Janeiro 2025

Dezembro 2024

Novembro 2024

Outubro 2024

Setembro 2024

Agosto 2024

Julho 2024

Junho 2024

Maio 2024

Abril 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Julho 2022

Junho 2022

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

TAGS

todas as tags

LINKS
PESQUISE NESTE BLOG
 
blogs SAPO
subscrever feeds
Em destaque no SAPO Blogs
pub