Agora que estou de range rede, sabe! Era um era, num era, um preto que sabia o seu lugar sim doutor, sim doutor…
14.II – GRANDE SERTÃO : VEREDAS – de João Guimarães Rosa...13.02.2019
Por
T´Chingange - No Nordeste brasileiro
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Guimarães Rosa não escreve sobre o sertão – Ele, é o sertão! Estórias de barrancos escritas aos solavancos numa língua inventada por ele. Uma literatura diferente de todas as que já li com inventações, mentiras e verdades numa língua polifónica de linguajar surreal. Não! Nunca li coisa assim! Coisa linda descoberta e inventada numa imperfeita perfeição. Há mais de um mês que leio e releio saboreando os trocadilhos que sublinho e, volto atrás porque nem de patavina eu entendo.
Sublime no arranjo das palavras, elas se encavalitam empolgando meu relinchar no cerebelo. Combinações lindas e, nunca lidas por mim que sou cusca e que também escrevo de atravessadiço. Proporcionando-me um juvenescimento ressarcido dos capinzais agrestes e com uma inclinação forte de abelhudice assim como um vive num prosseguido descuido de deixa para lá entre latas de formicidas, creolinas e até arsénico; tudo envolto em ferramentas roscofes. Assim é!
Pois é! Tudo junto e ao molhe na fé de Deus, com enxadas e facões de aço. O dicionário não comporta esta escrita dum sertão em veredas tortuosas como as picadas ladeadas de securas; uma obra literária de tirar o folego, que nos envolve numa nova forma de revolucionária caipirice. Assim enredado entre tantos e compridos caminhos vejo-me sem rumo, sem norte, sem o escambau muito rodeado de edecéteras das veredas.
Se é romance, ainda não apanhei o fio à meada mas como obra-prima deve ser bem de primeiríssimo grau, obra literária que nos parte o coco e nos enreda numa direcção sem rumo. Já perdi o Norte e ainda vou na página sessenta num total de 439 – Quantas vezes terei de voltar atrás; dou-me conta que minha matumbice é por demais de fina estirpe, visse! O narrador é um tal de jagunço chamado de Riobaldo, que tem o diabo no corpo.
Entre o bem e o mal das trevas, a força do sofrimento ultrapassa a violência. De chapéus desabados nos avoantes passos a chuva repega descendo o rio Paracatú que nem uma mulola de angola humedecida, caída das nuvens. Às tantas, matam um macaco para matarem a fome que era mais que muita e, nem se dão conta que este dito cujo sujo e peludo não tem rabo. Dão-se conta que é gente, minhanossa! Algo de maldito que só mesmo a penumbra da mente pode alcançar. A jagunçada só soube que era homem quando alguém falou que aquilo não tinha rabo, pode!? Isto, só podia ser mesmo coisas do diabo…
Então e relendo, directamente leio: - E ele umbigava um principio de barriga barriguda, que me criou desejos… Com minha brandura, alegre que eu matava. Mas, as barbaridades que esse delegado fez e aconteceu, o senhor nem tem calo em coração para poder me escutar. Conseguiu de muito homem e mulher chorar sangue, por este simples universozinho nosso aqui. Sertão. O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! E bala é um pedacinhozinho de metal…
Hoje em dia, não me queixo nenhuma coisa. Não tiro sombras de buracos. Mas, também, não há jeito de me baixar em remorso. Sim, que só duma coisa. E, dessa, mesma, o que tenho é medo. Enquanto se tem medo, eu acho até que o bom remorso não se pode criar, não é possível. Minha vida não deixa benfeitorias. Mas me confessei com sete padres, acertei sete absolvições. No meio da noite eu acordo e pelejo para rezar.
Seja sem espera, quando já estão meio no mio, aquilo sucrepa: pega a se abalar, ronca, treme escapulindo, feito gema de ovo na frigideira. Ei! Porque, debaixo da crôsta seca, rebole ocultado um semifundo, de brejão engolidor… Poi, em roda dali, João Goanhá, um dos jagunços dispôs que a gente se anoitasse – três golpes de homens – tocaiando. Dos nossos, uns, acolá, deram tiros, por disfarçação. Iscas! Ave, e pronto de repente foi: a casca da terra sacudida, se rachou em cruzes, estalando, em muito metros – balofou…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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