Agora que estou de range rede, sabe!
De caronavirus com Pitu, ciriguela na goela …17.03.2020
15.III – GINGA – Rainha de Angola de Manuel Ricardo Miranda – 2ª de várias partes
Por
T´Chingange - No Nordeste brasileiro
Últimos 3 Livros em cima da mesa da cabeceira, o criado mudo.
12 - O PADRE CÍCERO - Olímpica editora de Juazeiro - Amália Xavier de Oliveira...
13 –HUGO CHAVES – O colapso da Venezuela – de Leonardo Coutinho
14.II – GRANDE SERTÃO: VEREDAS – de João Guimarães Rosa
Em tempo de antigas cinzas, N´Zinga crescia. Com dez anos já subia de fraga em fraga em terras que ficaram místicas por sua causa – Terras de Pungo Andongo. Pois naquele ano de 1583 ela corria por carreiros estreitos entre as espaldas de penedias de granito com depressões de argila. Argila que no decorrer do tempo virava pedra. Assim saltando de pedra em pedra legou-nos suas marcas, pé de gente que a lenda da ficção tomou como legado de N´Gola. Um acervo que por lá, ainda se encontra como se fora um carimbo mwangolé das terras, reinos de N´Dongo do N´Kongo da Matamba.
Aquelas pegadas até que poderiam ser as minhas se, por ali tivesse andado descalço naquele tempo. Meus sentidos apurados nas depressões daqueles lajedos, acreditam que assim foi! Ela, N´Zinga cabriolando juventude, envolveu-me na ideia de que num certo talvez de “já estive aqui numa outra gestação”. E, assim peneirado na soma dos tempos, me fui tornando espírito pintado na exclusividade penetrada nos sonhos, das interrogações esvoaçantes.
Naquele um dia de três luas de muitas estrelas, alguns guardas reais filhos de Macotas Kilombolas, aprendiam de condição e obrigação aos desejos da rainha de muitos encantos de uma inesperada trepadeira mundondo. Trepadeira verde que num rápido envolvimento de crescimento, fazia e fez de si natureza, umas muralhas, uma fortaleza que enrijou na secura de trezentos e setenta e quatro anos. Bem na base, lá estará também uma outra marca de pé chispada nessa lama ressequida, um pé de t´chingange, a minha, a provar que num finalmente, não era tal fortaleza, assim tão inexpugnável.
Assim rodeando rachas com n´bondos a espreitar estes que foram trezentos e setenta e quatro anos, após ter ido a Massangano, senti tudo o que podia imaginar assim sentado, sentindo o mataco quente do lajedo aquecido pela kúkia num poispois de que assim tudo o teria sido. Elas, as pedras, introduziam-me a curiosidade de observar aquelas pequenas aves roliças ligeiramente acastanhadas que entre elas saltitavam na amostragem dos caminhos. Agora sim que vejo a N´Zinga M´Bandi N´Gola apontando lá do alto esse pássaro feito galinha a que chamava de “sanji” e que cantava ”estou fraca, estou fraca”… A galinha de Angola a que chamámos agora, de capota.
Entretanto N´Gola Kiluanji acomodara-se em Cabassa, bem no interior de seu reino. Resistir ao avanço dos portugueses era tudo quanto poderia fazer, utilizando os meios disponíveis ao alcance de seus monangambas para emboscar os invasores, os contratadores de escravos. Aos ambaquistas, pretos calçados, auxiliares que ajudavam os tugas, quando apanhados eram mortos de imediato sem piedade, coisa de nome que ainda nem sabiam o que e como era – piedade!? Isso! Aquela primeira guerra de kwata-kwata, era tarefa difícil porque os portugueses estavam melhor organizados e também tinham canhãngulos potentes.
O Rei Kiluanji aguardava uma embaixada do povo Libolo, que vinha das terras a sul do rio Kwanza; era um povo de origem bantu com dialecto próprio, amigos prontos a lutar do lado desta tribo de Cabassa. Estes, ao chegarem ao povoado, largaram num canto suas imbambas destacando-se da caravana dois musculosos jovens que com submissão protocolar se dirigiram ao Rei. Um deles, o Kanjila com voz firme falou: Estamos perante vós felizes por vos ajudar. Somos filhos de Ganzula, senhor do Libolo e, um grande amigo vosso.
Os Libolos, um grupo de trinta, eram altos, musculados, cabelos encarapinhados e feições de compostura negróide. Esse jovem na forma expedita de embaixador foi dizendo: Os tempos que correm não são os mais favoráveis para os nossos povos mas, os vossos inimigos, serão também os nossos; não nos deixaremos oprimir. Estamos aqui para não só fortalecer nossa amizade como dar lutas sem tréguas ao inimigo comum, os Tugas! Dito isto lançou um grito de guerra “kwata-kwata” que todos repetiram de forma enérgica.
Rebeubeu com pardais ao ninho, esta descrição é uma forma erudita de supor duma forma optimizada o que teria sido naquele então mas, o mais certo foi todos ficarem aos pulos que nem uns tontons zulus, bebendo marufo e cat´chipemba até perderem o tino. A disciplina não tinha contornos de gente formada na luta e, o mais certo era os portuguese aprisionarem uma grande quantidade de homens e mulheres, arrebatá-los como peças escravas e entalá-los numa cave bafienta como porcos, até chegarem à costa do Brasil.
Ficarem uns quantos dias na engorda em uma ilha litorânea e, depois serem exibidos para venda nos pelourinhos da Baia de Salvador ou em Olinda de Pernambuco. Nestes actos N´Zinga recolhia ensinamentos para dar comportamento de maior dignidade a seu povo num futuro próximo. Sentada num banco forrado com uma pele solta de leopardo não tirava os olhos daquele candengue Libolo que falou com seu pai. N´Zinga que já era moça espigada e, como todas as mulheres de instinto, procurava ler no fundo dos olhos daquele macho, magnetizada e até confusa. Florescia nela uma paixão ardente…
Para os Libolos os portugueses, seus adversários, eram os mais temidos mas, para além destes havia os jagas do interior, principalmente os de Kassange que de vez em quando faziam surtidas nos seus territórios semeando a destruição. Com gritos de guerra de kwa-kuvale aprisionavam muita gente que depois vendiam como escravos ou segundo relatos, comiam os mortos em combate e os mais velhos. Enquanto as mulheres faziam lavra, estes matumbos antropofgos, só pensavam em matar o vizinho. Pouco a pouco N´Zinga foi verificando isto e em lições com o Kimbanda doutor Kalandula, ia recolhendo valores de servidão ao futuro.
(Continua… Ginga IV…)
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