NAS FRINCHA DO TEMPO – Com Zé Peixe de Aracaju e a Sereia Roxo Socorro, algures num recife, por vezes numa bóia… 2ª de 4 partes
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Prometi a Assunção Roxo que iria socorrê-la com uma lenda do mar um verdadeiro golfinho feito homem; assim, surgiu esta parcial inventação falando do personagem que vi em vida e com quem falei algures em Aracaju de Sergipe.
- O senhor vem donde? -Aqui chama-se de capim santo! – Mas, sei que lá no Mato grosso chamam de erva-cidreira! Foi mesmo fácil encetar uma conversa prolongada com o senhor José Martins mais conhecido por Zé Peixe. Entretanto Rita e Ibib apreciavam um pedaço da mata atlântica e uns macaquinhos que surgiram dando a sua graça. Depois duns entretantos para repor a empatia no justo valor, Zé Peixe foi descrevendo suas peripécias ao longo de muitos anos enfronhado no mar. Contei-lhe a cena da sereia lá no Guaxuma e, nem foi necessário entrar em pormenores dos encontros imediatos com estes seres desacreditados.
- Há sereias sim! Disse isto depois de entrelaçar minha pergunta com uma pausa porque acto continua o rafeiro tupi, sem mais nem porquê uivou ao vento, algo inusitado que o fez tremular os músculos mas, repondo sua feição digna de velho do mar, em seguida, sem pestanejar e fincando bem as rugas por de cima das sobrancelhas repetiu: - Há sereias sim! Não tem conta as vezes que elas me fizeram companhia, eu agarrado à bóia, à prancha nadando e elas agarradas a mim! – Elas? Interrompi bem admirado de tal evento.
- Sim! -Eram duas manas mas só aparecia uma de cada vez; não sei explicar o porquê de sempre se fecharem no silêncio delas, cada qual tinha seu jeito e sabe, cada uma lançava perfumes diferentes que nem sei bem como explicar.
Estava a obter informações para além do que pretendia; fiquei demasiado absorto nas falas dele.
- Foi com elas que andei sempre. Tanto a Roxo como a Oxor me ajudavam quando o cansaço me tolhia a vontade, sabe! Se não fossem elas eu não poderia ter feito o que sempre fiz por tantos anos. Nem eu seria o que sou, e até por isso e como elas, conservo-me assim sempre salgado; foram elas que me aconselharam, acrescenta.
-Sabe! Disse ele para mim, fincando-se bem em meu olhar com brilhantina curiosa: - Elas roçavam suas escamas em mim e, delas as escamas, saia um óleo que me fazia rolar o cérebro! Hó se me animava, belos tempos…
- Estranhei sempre, sabe!… Ser só eu a vê-las! No início ainda falei com os companheiros mas estes sempre me bromearam, pois sempre me fizeram pouco e, fui deixando de falar. Agora já estou velho para esconder as verdades, quem quiser que acredite, quem não quer, que bote fora, sabe!
-Mas, então tinham mesmo esses nomes? Perguntei eu ainda pouco refeito desta novidade.
- Era assim que murmurejavam seus nomes entre elas, disse Zé Peixe neste linguajar fácil de entender.
-Mas, e então, como é que tudo terminou?
- Vou falar a pura verdade! – Um dia chegaram não sei donde dois botos (golfinhos do rio) que não sei por quê carga de água delas, deles se endoidaram! Saltaram, pintaram e bordaram e, vendo-me triste, de mim se despediram soprando dois arco-íris bonitos de morrer! Nunca mais as vi.
Fiquei assim como viúvo diz ele de voz embargada. Tudo se me mudou! Foi neste então que me recuperei da apática quietude e lhe disse: - Homem, a vida é assim mesmo, tudo o que começa tem um fim; não se deixe ficar murcho. Aqui, ambos levantámos nossos copos com cachaça do engenho Mocho de Caboré, cheirosa, quase perfumada para festejar esta novidade…
(Continua…)
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