NAS FRINCHA DO TEMPO – KIANDA COM ONGWEVA - 13ª com várias partes…
ANDANÇAS COM KIANDAS – Em Córdova com Zachaf Pigafetta Roxo, kianda tetravó de Roxo e Oxor, seu mano Pieter e, um tal de Conde de Sant German.
Ongweva é saudade
Por
Este mussendo teve início no lugar de Guaxuma com a Kianda sereia Roxo; depois sua irmã vista ao espelho Oxor e Zé Peixe o marinheiro prático que levava grandes barcos desde alto mar até Aracaju de Sergipe. Depois evoluiu diluindo-se nas brumas do tempo com gente holográfica, muito antiga, conhecida de outras andanças como o Januário Pieter que nasceu em 1712, tendo agora seus 304 anos. Em Granada tendo Alhambra por perto, houve um encontro muito ansiado em "El Pátio Riconcillo" com a tetravó da Sereia Assunção Roxo.
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Ela, a tetravó de Roxo chamava-se Zachaf Pigafetta e era visível só para mim e Januário Pieter. Foi de alguma cautela que falamos de coisas muito antigas do lago Niassa que antes era conhecido por seu primeiro nome de Zachaf; daquelas águas misteriosas tinham saído enredos que me prometeram contar de forma sucinta pois que haveria que descrever com mais pormenor suas vidas nas águas do Kwanza, estórias de Massangano com Tugas e Mafulos. A surpresa das surpresas deu-se num repentemente, quando Januário disse: Eu e Zachaf Pigafetta somos irmãos!
Podem imaginar a minha admiração quando ouvi isto. Andei tanto tempo subindo e descendo calçadas empinadas de Toledo, esperando que o concílio das Kiandas no palácio de Alcázer acabasse, eu ali com seu mano Pieter que nada me disse. Estes mistérios de kianda nunca irei entender por completo e, foi necessário ir a Granada para retirar um pouco mais destas kalungas. Não esquecer que o mestre pintor Costa Araújo na sua ancestral passagem por ali, foi testemunha destas falas. Eu explico: Este mestre pintor em uma geração ida e lá paratrás foi ajudante de El Greco.
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Tenho de rever estes episódios para não me mentir. Foram dias de maravilha, mas só em Granada e, tempos depois, é que Pieter me apresentou à irmã Zachaf. Falámos entre várias coisas das suas itinerâncias a partir de Cabo Ledo e Massangano, sua segunda terra, ficando no ar promessas de novas e velhas notícias. Sendo estes, uma junção de espíritos na forma de água, divindades abstractas tudo lhes é possível. Em pensamento navego com eles de vez em quando mas não me é permitido decidir quando e aonde.
Minha mana tem outras estórias que decerto te encantarão, disse naquele então o irmão de Zachaf Pigafetta. Estamos aqui para isso; mungweno! Foi assim que nos despedimos. Passou algum tempo! Recentemente, visitei de novo Toledo com passagem por Córdova. Fiquei por aqui, Córdova, dois dias no Hotel Boston, um lugar bem aprazível e, aproveitei ver a toalha de água do rio Guadalquivir logo depois da cascata; via dali a ponte romana, Alcázar, a Mesquita com Catedral e o bonito Arco do Triunfo.
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E, foi quando remexia as quinambas, pés descalços nas águas meio turvas do rio, que senti um ligeiro sopro na orelha direita. Vindo do espaço, seu duilo feito céu, com todos os seus anéis relampejantes, ali estava meu conselheiro das profundas angústias. Vinha carregado de magnetismo, feitiços de contraluz cintilando um desassossegado arco-íris. E, foi quando reparei um pouco mais atrás sua mana Zachaf acenando sua mão muito pintada com caracteres meus desconhecidos como se tivesse vindo de Marrocos. Naquele sopro inicial deu-me um arrepio de furto; não fosse uma cigana romena vendendo flores com seu umbigado capianguista de mão ligeira.
Um turista tem de andar sempre meio desconfiado porque as mochilas atraem mãos estranhas. Não era o caso mas, vi acontecer! Levantei-me saltitante entre pedrinhas afiadas e dei um grande abraço a ambos. Também andavam fazendo turismo e sabiam lá do seu jeito que eu, estaria por ali. Calcei-me e fomos direitinhos a uma esplanada aonde nos sentamos em El Campo de Los Martires. Conversamos coisas fúteis tendo-me perguntado por o ajudante de El Greco, Costa Araújo de Toledo, um ancestral antecessor.
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Nunca mais voltei a ver o antigo Araújo mas o novo cidadão, o herdeiro dos pinceis daquele mais velho estava em Brácara Augusta. Nem foi necessário explicar aonde era esta Brácara; estava sabedor que ficava numa terra escandalosamente verde do Minho! Este meu “Guru”, já me tratava como se fosse da família, um cipaio do seu arimo (lavra, horta, n´nhaca). A Kianda Zachaf que até ali se tinha mantido calada queria saber novas de sua descendente Assunção Roxo. - Anda numa boa, curtindo a vida com suas psicadélicas pinturas, coisas de cores vistosas muito belas, virtuais ou digitais, disse eu. Vi nela os olhos arregalados de contentamento.
- Quando estiveres com ela, dá-lhe um efusivo abraço, pode ser mesmo esse teu XXL, que desde já fica perfumado por mim, disse em conclusão. Na dúvida e tratando-a por vosmecê perguntei do porquê não ser ela a falar-lhe, uma vez que viaja no espaço-tempo com um simples estalar de dedos. – Ela, eu sei, anda a preparar-se com suas aventuras de roxomania mas, ainda não está na fase de termos um informal encontro! Creio ter-se referido ao estágio emocional e espiritual de Roxo.
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Sei que ela, vai e vem para as terras de N´Gola, recomendo-lhe cuidado na terra dos kuzucutas kaluandas -eles andam um pouco carecidos de gasosa e quando não lhe dão, roubam, diz-lhe que ande com pouco cumbú; eu irei preservá-la mas, nem sempre controlo as tentações dos malvados, sabes! Disse ela em tom de remate! Andam por ali muitos simbis maldosos com espírito ancestral de origem Kikongo, do Zaire, antigos revolucionários que morreram sem o querer; guerrilheiros na diáspora.
E, havia muito para falar mas isto de se ser turista, tem coisas! Não é que surge um tipo com trancinhas, moreno, quase preto, falando francês e uma outra língua estranha. Apresenta-se: diz ser o Sant German dessa forma também gelatinoso e invisível para as outras gentes. Papagueou assim num tu-cá-tu-lá familiar; pelos vistos, até se conheciam! Mas eu fiquei quase a zeros! Que vinha de Moçambique; era um matumbola mutalo; um mestre da grande fraternidade branca, responsável do sétimo selo, com chama violeta! Era demasiado para mim - um quase preto a falar na grande fraternidade branca. Ui! Ai-iú-é …
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Mas, o curioso é que eles conheciam-se! Dualidades que não percebia por completo. Diz ele virando-se para Pieter: - Por recomendação dum kamba muxiluanda, fui num vaivém minkisi vip ao Xipamanine (mercado de Moçambique), lavei-me na água de cu-lavado de defunto albino preto e cambuta, com a benzedura no N´zambi N´kulukulu, dos miamas de Xi-Lunguine. Estás a ver Meu !? O resultado é isto! Referia-se ao seu actual aspecto nada condizente com um Conde branco N´si. Perante a minha surpresa ambos manos tetravós, fizeram questão de me explicar mas, eu tinha um compromisso. Desculpem-me, tenho de ir, há gente à minha espera; temos de seguir para Madrid.
Vai! Disseram os três quase como se estivessem em sintonia! – Está certo, tenho muito a falar com vocês mas agora, olhei o relógio e abanei o dedo em repetição para o meu Guru. O tempo para nós não conta, disseram em conjunto (fiquei intrigado por falarem quase a uma só voz) ; ver-nos-emos em Madrid! Lá falaremos de N´Gola disse Zachaf. E, dos seres encarnados hoje no Planeta Terra a uma Nova Era, de Paz, Harmonia e União disse o coisa estranha de Sam German. Esta nova figura “Conde de San German”, veio complicar minha cabeça já de si azucrinada. Pareceu-me ser um fumador de pura liamba. Seria? Meio zonzo, dirigi-me ao Hotel situado em La Plaza tendilha, ali bem perto da Fénix… Como as coisas assim do nada, se complicam!?
Minkisi: - Agente de ligação entre seres humanos e o físico, elementos de fogo, água, ar e terra; N´si: - Terra, o feiticeiro pintado com farinha vermelha (maiaca kianguim) que guarda os pórticos e permanece até o toque do medo, adrenalina, guardador de caminhos com saber do ontem, do hoje e do amanhã; Kianda: - Fantasma, assombração das águas das lagoas, rios e mares ou Kalungas; Kalunga: Junção de espíritos na forma de água, simplesmente água ou mar, espírito forte no reino dos mortos, divindade abstracta podendo ter a forma humana. Globália. - O Mundo; Simbis: - Espírito ancestral de origem do Kikongo e Zaire; Fénix: o pássaro que depois de queimado sai vivo das cinzas, renasce; Miamas: branco (Moçambique); Xi-Lunguine: Maputo, Ex Lourenço Marques; Kamba: amigo; Matumbola: um morto-vivo, tipo de assombração. Kazucuta: Trambiqueiro, aldrabão, que vive de expedientes; Muxiloanda: O mesmo que kaluanda, natural de Luanda (Luua); Cipaio: Autoridade local, trabalhador da Administração que mantem a ordem no kimbo ou tribo, fiscal; Mafulo: nome dado aos Holandeses (Brasil); Mussendo: Um conto ou longa estória, biblioteca oral, conto dos mais-velhos ou kotas.
(Continua…)
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