NÓS, OS PAIS - Mendigos de milagres…
Por
T´Chingange
Juntando pedras roliças do mar nos vasos do meu quintal curto o zumbido do calor na cadeira de preguiça do meu pai Manel conhecido em Barbeita das Beiras pelo Cabeças. Debaixo do abacateiro, vizinho da anoneira, enfio missangas de preocupação fingindo estar à sombra de uma mandioqueira, lugar antigo de aonde a minha mãe em plena Maianga dum Rio-Seco da Luua, gostava de lavar roupa em seu tanque de celha, usando uma tábua ondulada. Com o tempo, a gente mistura as coisas em lembranças e anda de trás para a frente e vice-versa como se tivéssemos a vida emperrada. Aquelas pedras roliças, embora não sendo parideiras, consolam meu ego em ter a praia mais próximo de mim; nas marés baixas percorro o Vale da Lapa a recolhe-las e, juntando-as em uma muxila, venho até casa escalfado com o peso atrás de mim a dar a dar em meu costado. Aonde já se viu? Roubar pedras do mar, com algas encrustadas como se fossem diamantes! Isto é de doidos…
Cristo sofreu muito mais sem ter este previlégio de banhar-se em águas carregadas de iodo e, retemperar o espírito lambuzando suas pernas com algas e sargaços. Muita gente, preserva sua forma esbelta fazendo pilates, uma forma de ginástica, musculando-se em academias ouvindo musica clássica ou classissista e eu, talvez de forma torpe ou arcaica, gozo a plenitude de tudo o que me rodeia tendo o gemer das rolas como música de fundo, as cigarras de verão, os tenrros arrulhos de pombos que esvoaçam na falésia, às vezes surge um bando de gralhas perturbadas pelos falcões, toutinegras e até gaivotas caninas. Cristo seguramente não teve todo este beneplácito porque levou todo o tempo preparando o seu semelhante para enfrentar as agruras da vida duma forma normal. Anormalmente recorremos a ele a solicitar tudo e mais alguma coisa desperdiçando os recursos em tonterias de enganar as aparências, mentimo-nos todos os dias, tapando futilidades. Por isso, eu faço a minha pequena obrigação, carregamdo calhaus em sua homenagem e, também, assim dar forma mais normal ao meu corpo XXL, a caminhar para um GGG.
Assim, silenciosamente remechendo meus pequenos problemas, galgando as horas, apaziguo o meu sangue fervente falando-me na primeiríssima pessoa. Nunca serás outro homem nem outro pai, o que tiver de acontecer vai acontecer! Pensando em meu filho M´fumo Manhanga, licenciado em duplicado, desempregadissimo; nas horas vagas dum novo mestrado anda de bicicleta para cá e para lá entra Coimbra dos doutores e o Amieiro de Arazede das hortas, fortalecendo de rega seus tomates que recentemente ajudei a plantar. Tal como eu, aproveita todo seu tempo esforçando seu físico por trinta e tal quilómetros para aguar seus tomates duma espécia saboroissima de caquizão. Trinta para lá e outro tanto no regresso. Assim, para não perder a viagem esquematiza em esforço seus projectos de arquitetura antiga, odierna e espacial e, enquanto isso mija suas toxinas por terras de Montemor-O-Velho pondo à prova seu bom senço de voluntariado. Estamos um para o outro, cimentados no voluntariado balofo com sabor de doces de Tentugal; M´fumo Manhanga, meu filho loiro e olhos azuis, cala-se também dentro de si; ele que nasceu no último dia do ano no lugar de Sambizanga da Luua, acredita que ser pai é assim como um eterno benfeitor de fazer bem sem olhar a quem; diga-se em verdade ser um senso muito perigoso! Quem sai aos seus não é de Genebra! Digo, não degenera… Será que estamos desperdiçando nossas vidas por trinta calhaus, por trinta kilómetros…
O Soba T´Chingange
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