SONS CUSPILHADOS – Entre beatas imorais e vilões endinheirados… III
Por
Saboreando o livro de “ A cidade e as Serras” do Eça de Queiroz, pulo de lado no momento exacto em que o tal de Jacinto a quem Eça chama de príncipe, arrochava o nó de sua gravata branca. Estando eu acostumado às liberdades da vida, descubro a cada momento as barreiras e dificuldades de levar uma vida quotidiana num lugar citadino como Paris, com esses costumes de então e principalmente os preconceitos desse fim de século XIX. Como poderia eu, pé-de-chinelo sem eira nem beira, prosperar uma paixão sem ser severamente recriminado! Como poderia suportar o peso da intolerância de uma sociedade em que o ser-se pobre era um valor menor; tempos de padres relaxados, comerciantes ricos e grosseiros, beatas imorais e vilões endinheirados aos montões.
Naqueles tempos de café Moka que apreciava sentado na esplanada a balbúrdia própria de um formigueiro humano que na calçada cruzavam bafos de hálitos com salpicos de civilização deliciosa de gente comum e, até cortesãs que com grande pompa desciam de seus coches coupés; com modos cocottes de pompa e fausto, exibiam seus vestidos, insolências muito cheias de pó-de-arroz sempre rodeadas de lacaios enfarpelados de salamaleques e muitos botões doirados tomavam seus camarotes nos recantos exclusivos e perfumados do café Nicolle.
Para me distrair desta volubilidade, absorvia ao máximo a doçura dos aromas espalhados, esparramados ao sol na esplanada com plumas perfumadas da vida e, entre golos de café Moka via-me turvo na ponta reluzente de minhas botinas de verniz. Nestes cheiros de vida da civilização folheava languidamente numa atitude de pavoneada elegância a revista “Voilá Paris”. Nunca antes me tinha vestido nesta petulante figura; já nesse então me indignava com futuras espoliações molhando um biscoito em vinho aquecido e açucarado, estava longe de supor aflorar-me como um éter de alma naquilo que hoje sou, um rude e atolado tuga afagando leões da rodésia e tomando rooibos com pedaços de biltong. Amanhã será outro dia!
O Soba T´Chingange
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