MILONGOS CUSPILHADOS – Esgravatando o tempo com pasmos… XI
Por
Com pasmos regados de estranheza, carrego embaraçosos sorrisos polidos de condescendência; esgravatando o tempo, ajudo meu pai a montar armadilha de prender toupeiras num lugar de nome Cornelho, numa clareira entre pinheiros aonde o vento sopra frio, de engelhar dedos, de fazer frieiras nas orelhas e beiços, entorpecendo os dedos dos pés metidos em tamancos recobertos com pele crua de boi, pregado coma tachas de cabeça ovalada. Mover o corpo era a melhor forma de o aquecer mas, a alma da pura preguiça fica em frente da lareira da aldeia no beco do Rebelo.
Nos propósitos de agora com almas de um Novembro antigo e outonal, vi-me sentado num corrido mocho, já muito polido com corações nos topos, soprando sem pressa as brasas, remexendo as castanhas até as fazer saltitar de mão para mão. Surgia entretanto minha mãe a pôr umas brasas de pau de oliveira no café com mistura de cevada, desde esse então não mais senti um sabor igual e cheiro daquela mistura açucarada; O calor trepidava carícias entre luzernas, que aladas em ondas nos aquecia de ternura e, vinha a água-pé que meio doce, meia quente, escorria que nem ginjas como soe dizer-se.
Na procissão de pensamentos, são Martinho sempre presente surgia depois dos Santos, oferecendo-me um pífaro de barro comprado na feira de Mangualde; era o que me faziam acreditar para manter a tradição. O porco estirado em pendurão dum caibro da asna, escorria-se em pingos secando as carnes até se enxugarem; este bicho, ali sem pelo, desventrado, metia-me um medo do caraças; teria eu os meus cinco anitos. Eram dias de castanhas, sopas de água-pé, febras e torresmos entre batatas do Cornelho, da Pereira ou do Esperão, lugares com muitos pinheiros, de muitas sanchas e tortulhos de chapéu largo.
As couves lombardas ou tronchudas regadas a banha entravam quase sempre nas ementas. Um dia, no meio daquele frio de encarquilhar vontades, de se tornar gelo nos alguidares, estando eu Tonito guardando as chibitas que nos davam leite, a tia Micas gritou-me um também gelado grito e, de susto caí da figueira aonde estava empoleirado; as cabras comendo os rebentos novos da vinha dessa minha madrinha, tornaram-na fula e o grito transtornado saiu duma rusticidade cheia de rispidez. Caí de susto!
Cai de susto em cima de uma pedra, desse mau jeito parti o braço, não sei se o cúbito ou se o rádio, minha mão rodou 180 graus; eu aflito e, num ai-jesus de minha mãe Arminda, lá foi o padeiro com sua furgoneta até o Hospital de S. Teotónio; Meu osso, ao fim de algum tempo colou mas, sempre ficou um ligeiro desvio torto, neste braço esquerdo. Aquela queda e aquele caminho calhou que não foi o caminho do Céu mas, aquelas plantinhas silvestres escondidas no tufo da minha queda, seu delicado aroma de rosmaninhos com giesta ficaram agarradas ao meu sentido, um cheirinho de doçura das terras reverdecidas do M´Puto.
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