MILONGOS CUSPILHADOS – Tormentos levitados … XII
Por
T´Chingange
Com um ardente fanatismo de simplicidade, pensando ter conquistado um reino novo de com uma roca desfiar ditoso equilíbrio, observei com meus óculos redondos do tipo John Lennon dos Beatles, os signos pretos da fuligem do mundo. E, vi máquinas diabólicas de furar paredes sem as destruir, brancos a virarem pretos e pretos a virarem albinos ajoujados a caixotes empilhando-se em angústias como pó de inutilidades; ambos a chamarem-se de nomes ainda não ouvidos assim como retornados, fascistas, colonialistas e num repentino já, tudo era virtual e, sem comunistas todos se falavam sem mexer os lábios, assim como ventríloquos pavoneando seu altivo socialismo, mãos dadas com reconhecidos capitalistas; um chorrilho de inquietações como tormentos levitados em fantasia. Este mundo já não é o meu, ouvi nos murmúrios.
Arredando os óculos para a testa afastei a porta envidraçada e subi a escadaria dum imenso silêncio com tectos aplainados. Sobre uma cómoda picada pelo caruncho com bronzes antigos, lá estava um presépio minúsculo com o menino Jesus olhando pela janela aberta, assim como um pássaro prisioneiro naquela grande gaiola. Aquele mesmo doce silêncio, muito largo, permaneceu luminoso e arejado pelo macio ar do olival com canários de verdade saltitando entre seus galhos. Pude ver daquela janela meu tio José de alcunha “o nosso senhor” entrar pelo largo portão de ferro forjado e segurando um burro pela arreata.
Com amolecedores perfumes de igreja e venerandos mistérios de latim, o ambiente, num repente, saturou-se de perfumes sacros; dissolvendo-se estes no espaço, contraí preparos para enlevos místicos. É o Natal que se aproxima, preparação dos turibulos a fumegar espirais de incenso. Este ano, nas alturas de África, terei de me afeiçoar às minhas longínquas raízes, preparar meu escapulário pra rezar mais perto do senhor a solicitar longevidade; Fazer um burrinho em barro, uma vaquinha, uma Nossa Senhora, um São José, três reis magos, muito musgo e uma grande estrela luminosa. Sim, terei de me peregrinar sem as pequeninas invejas recortando a papelão a minha longínqua terrinha com um castelo e uma falsa abóbada, com tengarrinhas e cheiros de poejo junto ao ribeiro.
O Soba T´Chingange
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