MILONGOS CUSPILHADOS – Nas linhas esfuziadas escritas do meu baú…
Por
T´Chingange
Depois do fim, ainda existe a possibilidade do além; com as pressões da vida um amigo próximo gozou-me dizendo para tirar ar dos pneus; um outro disse-me para esquecer por três vezes, como se o fizesse com um terço espacial, coisa que não tenho. E, porque não sou beato nem tenho rosário, dei-me ao cuidado de ir ao meu baú analisar minhas lágrimas cristalizadas e esterilizadas, de uma dor que à muito se desvaneceu entre a inutilidade e bagatelas, algumas das quais que, ainda são estimadas neste mundo. Envolto em um papel de veludo, lá estava a especial lágrima com os dizeres: quem não sofre, não aprende a lutar! Foi aqui que me veio à mente o recente discurso do Presidente do Parlamento Europeu Martim Shulz afirmando que as instituições governamentais estão a pedir sacrifícios às pessoas para salvar bancos.
Então, porque continua tudo na mesma? Quem criou este estado caótico? Quem fomenta esta situação? E, dirijo-me direitinho ao meu amigo fantasma, kianda Januário Pieter. Dei três pancadas na tampa do baú em lata de cor verde com traço axadrezados e, conforme nosso costume por combinação mas, este não se dignou aparecer; abrindo uma outra lágrima esterilizada envolta em papel higiénico e celofane e amarrado com fita de prendas, tinha um recado em letras fosfóricas; há mais de trezentos anos que não me preocupo com as parvoíces da terra mas, apetece-me agora atirar-te um dos meus petardos: procurei na tua bagagem de pensamentos e noto o quanto andas a chorar tolamente.
A derreteres-te inutilmente lambendo as feridas alheias. Parei um pouco para reflectir sobre estas adivinhações e, depois, continuei com amuadas reticências a roerem-me a mioleira; deixa-te disso, achincalha e ridiculariza as instituições aonde predomina a bandalheira. As letras que se desnutriam na cor, iam e vinham como coisas de ilusionista e ditas, como se eu, um pé de chinelo, fosse alguém nesta mixórdia de sociedade corrompida. Se necessário dá pulos de cabra cega. Continua assim até que te metam numa jaula ou no manicómio! Bolas! Isto já era demais para a minha caminheta, tudo dito como e fosse um diplomata com uma carreira de consulado ou coisa assim.
Estes golpes secos contra a minha auto-estima deixavam-me entalado entre um tanto e um quanto, desapontado e até apavorado! Desatei a chorar, eu que nem sou muito disso! Deixa e chorar tolamente, de derreter-te inutilmente porque, isso só vem de quem sempre se apavorou, dos tímidos e insuficientes! Antes que me desancasse mais, fechei o baú de lata. O sermão afinal não foi assim tão mau! Podia ser pior! Este baú é um tal que meu pai levou para África cheio de presuntos e bacalhau no tempo de caprandando. Tantos anos passados e, ainda têm cheiro de ranço e sumaúma.
O Soba T´Chingange
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