Kafufutila / kifufutila : Farinha de bombô com açucar.
Por
T´Chingange
Meu amigo Quissange foi para a guerra e passou-se! Por abandono de todos, virou cantor repentista. Naquele tempo de lucidez ele chamava-se de Céu dos Santos, agora,... Só tinha nuvens com ele. -Como é Kota, quando voltas à EIL da Luua? Luanda, não sabemos se anda ou se foge! Neil Amstrong aterrou ali, aonde existem morros com o nome da Cruz, dos Veados e da Lua; precisamente aonde Amstrong deixou a sua marca. Quissange, meu amigo da EIL, cantor de banga, fala assim para mim e jura por N´zambi, tê-lo visto pulando com uma bandeira de riscas e estrelas. Tu tens a certeza? Perguntei-lhe.
Quissange com seus pés calejados, suportam com gretas espalmadas um corpulento negro; aquele corpo, de baixo acima, está por demais maltratado; carregava o mapa-mundo pintado de mazelas de guerras, escaramuças da mata. Quissange, espumando vontade de vida, tentava fazer-nos querer filosofias de cachipemba misturada com liamba em sabedoria de quimbanda. Saído do seu sítio por força da guerra, só viu o tempo passar; de luta em luta, desbravando bissapas na busca duma mulola ou chimpaca com pau de mandioca mas, só desconseguiu! Entretanto eu fui para o M´Puto! Ele não vivia; estava metido num corpo cheio de riscadas lembranças de filária, matacanha e maus-tratos de quimbombo e bamga-sumo. Até que um dia já passado da moleirinha visionou um homem saltando nas barrocas dum além Mussulo; sem saber, estava assistindo ao primeiro passo do homem na Lua. Acabada a guerra, largou a arma e entreteve-se na cantoria com um instrumento de sofisticada tecnologia Quissange não é nome de gente mas, ele só queria mesmo ser tratado assim! Quissange, instrumento composto de ferrinhos de comprimentos diferentes, atados a uma galocha de madeira, chispados na ponta com os dedos, davam uma tonalidade mística que só África pode transmitir.
Mas,... Este Quissange, era gente e tocava um instrumento que ele mesmo inventou. Tal inventação tomou o nome de Korimba e, com ele começou a ganhar algum dinheiro. Um pau atravessava uma lata de azeite galo vazia, na ponta saem uns chinguiços, nos quais ficam amarrados três fios de nylon que vão envolver um pedaço de ripa grampeada na lata. Tinha muito orgulho nesse invento. A partir dali, Quissange, deixou de ser um qualquer desclassificado! Dizia ele sem saber do seu verdadeiro estado de maluquinho da silva! Passou por isso a ser o Quissange-show. Percorria a praia de cabo a rabo, voltava entretanto e sempre tocando o seu instrumento ia obtendo umas moedas de gasosa; essas gorjetas, faziam-no ultrapassar carências fundamentais. Sua família, ele nem sabia o que lhe sucedera ou talvez tivesse sido mesmo abandonado ao vento.
Para uma vida a sério, era mesmomesmo necessário uma grande logística. Quissange por usufruto das calamidades contava coisas que só ele mesmo sabe. Dedilhava as cordas de nylon com gargalos de Cuca enfiados na ponta de dois dedos; em cada mão tinha cinco mas, enquanto que na direita usava os tais dois, a esquerda corria com todos ao longo de parte do pau, amarrando o nylon a este. No fim da cantoria abria a boca de beiçolas espantadas e, sorria com os dentes todos; Quissange pessoa, com sons de guerra, fantasiava-me segredos, concebidos no Mussulo em sucumbidas vontades. Nem sei como ainda se lembrava da EIL aonde andamos juntos no ciclo preparatório! Faltou-lhe um pouco de muita sorte para ser o próprio Neil Amstrong.
Na minha última ida à Lua em 2005, encontrei o agora afamado Quissange-show na rua Marian N´gouabi. Disse-me que no presentemente tudo estava virado ao contrário, como embondeiro de raízes para o céu. Mais velhos, eu e ele, reciclávamos passados. Ninguém o levava a sério! Sóeu lhe dava uma esmerada atenção! Dizia ele:- Kota, ouve só. Queres ver?... - Os brancos agora, chamam-se N´dumduma, Mangumbe, Chassama, Pepetela, Liuanhuca, T´chingange. Os pretos são José Eduardo dos Santos, Agostinho Neto, Fernando Dias dos Santos, Jorge Valentim” etecetera. - Como é Kota, quando voltas à EIL? O tempo dele tinha sido retido naquele tempo de gajajeira e tamarindo. Naquele dia muito de triste dei-lhe de gasosa todos os kwanzas que tinha no bolso; fui à cervejaria Sagres em outros dias mas nada de Céu dos Santos! Escafedeu-se nas suas nuvens!
O Soba T´Chingange
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