NO TEMPO DAS GRAFONOLAS - 20.06.2018
CAZUMBI D´ANGOLA: É feitiço… O estigma de branco de segunda…
Por
T´Chingange
Nos anos 30 do século passado, havia leis em Portugal que outorgavam estatutos de portugueses de segunda a todos aqueles que tinham nascido nos trópicos. Agora que estamos na hipocrisia da modernidade, tentam esconder o que era prática no Ultramar Colonial. Este estigma voltou, depois da descolonização, e muitos portugueses não estavam à vontade para confessar a sua origem angolana. Olha! Aquele fala à preto, cuidado!
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Daí vêm todos os mitos em torno da “Nação” portuguesa. As coisas mudam e a percepção da Angola independente, mudou muito nos últimos anos. Lá passou a haver também pretos de primeira e de segunda só que não querem que isto se saiba ser assim tão cruamente. Os termos da preocupação com a etnogénese podia e pode ser muito bem motivada com a preocupação na degenerescência racial, da “eugenia positiva”, mas isto, nunca passaram dum tal mito de que África dos trópicos de Capricórnio.
Ficaremos certos de que nas nossas veias, circula um caldo de culturas e de povos, no qual certamente se encontra o africano. Naquele então estes conceitos de eugenia corrompiam os pensadores sociólogos do Mundo e portugueses albinos que faziam dos t´chinderes dos trópicos gente mameluca. Será muita ousadia mas, apetece-me dizer ao Mundo de que quando eu morrer quero levar comigo um computador com internet e uma grafonola para espairecer periclitãncias.
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Por isso, quero agora mesmo, é adquirir uma grafonola, daquelas que tem um cachorro ouvindo no orelhão a musica do tempo, um tempo do qual eu não sei a verdadeira medida nem se, se mede com um relógio, um quartilho de emoções ou um suspiro de sonho, porque julgo que tudo é falso, que somos uma ilusão e, que o tempo nada mais é que uma moldura para nela tudo encerrarmos o que é estranho.
Pois, quero ficar ligado a um canal de música as 24 horas do dia com toque espacial das doze badaladas da meia-noite. A eternidade nunca nos dá a possibilidade de ser escolhida em vida e, são sempre os outros que gozam esse privilégio, nosso próprio responso e, sinceramente, eu acho mal! Dito assim, as palavras são tão certas e únicas que ninguém sente meus passos rebeldes a dançar verdades.
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Ontem consultei um professor kimbanda, preto de segunda a tentar sortes aqui no M´Puto. Chama-se Professor Facoli e, como espetou no pára bisas do meu carro um papel verde, tive de sentir a sensação do encontro entre um branco de segunda e um preto de segunda. E, porque estávamos numa segunda-feira, este grande espiritualista, cientista, descendente de uma antiga raça albina, tinha poderes para alterar meu estado! Agora ando atestando sua magia negra de astrólogo genuinamente genérico.
Os lugares que carrego comigo também se riem dos silêncios do meu pensar ondulando-se em meu aprumo ou capricho e, é neste então que reparo nos brilhos vermelhos do mar quase calado, no azul do céu misturando-se na água em tons vermelhos fazendo pazes, capitulando-se na frente de minha alegria.
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É neste preciso momento que as n´nhufas das kúkias (os medos do sol poente) se marimbam nas cagufas do mundo e nas cerimónias em que todos mandam pró céu cunhas ao santo António ou mesmo ao são Pedro com regras e protocolo. Talvez este chá Caxinde com ervas de funcho receitado pelo astrólogo de segunda funcione na plenitude, mas ando desconfiado que é mesmo um aldrabão de primeira! Um preto de segunda a enganar um gweta de segunda…Aonde já se viu nestes dias tão áureos de Cristiano Ronaldo com pés de ouro que, diga-se em abono da verdade também tem sangue preto na veia.
Queria acreditar que sim! Porque um desejo uterino é para ser devidamente respeitado nos conformes da decência do malembelembe (devagar, devagarinho) compassado do caminho de todos os dias. Caxinde, oié! Vadio-me assim na sabedoria cristalizada em comprimidos que tomo matinalmente para segurar a pressão acompanhados com uns quantos goles de xá caxinde, erva-cidreira, de príncipe ou ainda capim santo; um monte de noms para uma só planta do mato.
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Prendendo meus malefícios à pele enrugada e, pelo lado de dentro, dissolvo as ureias, o colesterol, os triglicéridos e os aminoácidos com água tónica e gim de cinco estrelas que fazem sair mazelas às postas pela sola dos pés. Com borbotos floridos de ácido úrico lá vou aguentando de pé firme minhas mazelas jurássicas, assassinadas no desprezo caligrafado em olhinhos amarelados; deve ser desta iguaria de camarão vindo das Maldivas, lá do sítio aonde as próprias águas se banham no emporcalhado canal de bactérias e outras malazengas humanoides…
Minhas condecorações são minoradas com o flúor e o iodo, deitando a perder minhas vulgares salmonelas, minhas cicatrizes que se bangulam átoa (que me gozam) nas terras marafadas do Sul do m´puto. Se milagres desejais, recorrei a Santo António; Vereis fugir o demónio e as tentações infernais. Este kimbanda chamado de Facoli assim na segunda visão, bem que me parece um trapaceiro corriqueiro. Veio de áfrica pra gozar com os ex-bancos de segunda; filho de uma mãe parda! Repitam agora comigo a oração chave: Recupere-se o perdido... Pela sua intercessão… Foge a peste, o erro, a morte… O fraco torna-se forte E torna-se o enfermo são… Não deixe de usar seu cadeado verde!
O soba T´Chingange
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