O CHOQUE DO PRESENTE - 16.08.2017 - “O PRIMEIRO BRANCO” e a Higiene racial…
- O que se vê hoje em Portugal é o resultado de uma mistura não selectiva e uniforme de 10 por cento de pretos e 90 por cento de brancos, um todo homogéneo.
Por
T´Chingange
Li em tempos em uma entrevista com Mia Couto na qual este se referia que o jornal National Vanguard Tabloid, afirmava em publicação oficial, que uma organização inglesa defendia a “pureza da raça branca”. E dizia este, ser curioso que o editorial da publicação tivesse escolhido Portugal como o exemplo dos malefícios na contribuição do “sangue negro” para as sociedades europeias e americanas. Racismo assim, às claras, é muito pouco frequente poder-se ler em um jornal e, muito menos em um, assim tão conceituado nas referências políticas hodiernas (digo eu).
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Esta notícia é reportada ao ano de 2011, uma data muito recente e que reascende as afirmações do pastor anglicano Thomas Malthus na sua visão religiosa de ver o mundo a nuo e, na qual teve inúmeros seguidores políticos tais como Hitler em Alemanha e as técnicas segregacionistas do Apartheid na África do sul para não falar dos próprios americanos e, os seus primos. E esse jornal afirmava que os portugueses teriam de ser vistos de facto como uma nova raça - uma raça que estagnou na apatia nada produzindo de novo nos últimos 400 anos na História do Mundo.
No meu olhar de xicululu, assim um olhar de esguelha ou olho gordo, martelei por cima do meu sobrolho a frase de que “Os portugueses são o povo mais atrasado da Europa porque há séculos que se misturam com os negros” e fiquei assim um pouco a remoer muxoxos asneirentos por o caso ter raspas melindrosas e, também por ser raro, vale a pena revisitá-lo.
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O jornal assenta a sua argumentação em “factos históricos”. Portugal recebeu os primeiros escravos negros em meados do século XV. Dezenas de anos depois, os negros já eram 10 por cento do total da população lisboeta. Essa percentagem viria a crescer para 13 por cento no século seguinte. A pergunta imediata é a seguinte: Que destino tiveram estes africanos? Regressaram a África? A resposta é não!
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Eles foram absorvidos, misturaram-se do ponto de vista genético, social e cultural. Eles ajudaram a construir a Portugalidade introduzindo valores e dados culturais novos. A palavra minhoca é apenas uma de dezenas de outras marcas no domínio linguístico. No Ribatejo havia aldeias cuja população era maioritariamente negra. Nossa amiga Maria Carapinha tem este nome porque seus trisavôs eram negros retintos e, hoje já nem os traços negróides têm.
Basta ir beber uma ginjinha ao largo S. Domingos em Lisboa para termos esta sensação; no Cais do Sodré já não resta nenhum sinal das negras que ali vendiam mexilhões. Podemos descobrir testemunhos dessa presença em quadros, azulejos e cerâmicas variadas. Falando com meus amigos em comezainas de cachupa, amigos cabo-verdianos confirmam do “porquê haver tantos africanos em Lisboa e Algarve”.
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Eles referem-me haver confrarias negras da Nossa Senhora do Rosário e “os negros no Coração do império”. Que viram isso quando da exposição nos Jerónimos no ano 2000. Os Negros em Portugal têm sido de uma presença silenciosa e aonde só os investigadores nos mostram os negros não só como braços de trabalho, mas legando á sociedade expressões de nossa vida quotidiana.
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Pois assim é! Influência na cultura, na religião, tourada e até o fado, a canção dita nacional. Tudo isto se reveste de uma crítica à manipulação e branqueamento da história que tem servido para a anulação do contributo africano em nosso país! O autor de tal prosa racista do tal tablóide inglês não tem dúvida em identificar nesta mistura de raças e de culturas a razão daquilo que eles chamam de “declínio da sociedade portuguesa”.
Passo a citar: Os portugueses eram, até então, uma raça altamente civilizada, imaginativa, inteligente e corajosa. Mas devido ao rápido crescimento da população negra e o correspondente declínio dos brancos (cujos machos estavam em viagem para longe da Europa) todo esse património de pureza foi adulterado. Reconhece-se neste caso uma forma de conceber preconceitos rácicos com múltiplas facetas.
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O mundo não obedece a uma fronteira simples que divide os racistas dos não racistas e que separa vítimas e culpados. Vale a pena, pois, continuar a citar as razões invocadas pelo “National Vanguard”, para a chamada degradação da cultura e enfraquecimento da raça: O que se vê hoje em Portugal é o resultado de uma mistura não selectiva e uniforme de 10 por cento de pretos e 90 por cento de brancos um todo homogéneo. Trata-se de, facto, de uma nova raça – uma raça que estagnou na apatia e nada produziu de novo em 400 anos de História (estou citando).
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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