ANDO ENKAFIFADO – “ Medo, não, mas perdi a vontade de ter coragem.” Já em tempos idos, Guimarães Rosa, o tinha dito, ou escrito...
Crónica 3021- 09.05.2020
Por
T´Chingange – No Algarve e em confinamento voluntário…
O tempo não passa pela amargura mas, a amargura passa pelo tempo. O TEMPO é preciso segurá-la enquanto existe! Alguns idosos, como eu, vão á janela algures num dos tantos lugares a despedir-se do tempo vazio tendo como vizinho próximo a árvore, um loureiro. De dentro da casa, alguém pergunta: - Para onde estás a olhar? Para a árvore - é a reposta. E o que vais fazer hoje? Olhar para o loureiro? Quem é esse Loureiro? – É uma árvore! Entretanto meu amigo Aristides Arrais, natural de Bustos e um ferrenho Petista, lá na Praia do Francês, Concelho do Marechal Deodoro do Brasil, corre sua maratona em volta de um coqueiro…
Sai à rua. E, em pouco tempo, o medo põe o homem a aceitar a pergunta dum fardado feito autoridade: para onde vai? Num rapidamente todos ficamos com 5 anos! Ele, o Arrais, com mais de oitenta anos, de repentemente vê-se na rua perdido do pai e da mãe. Ué!? Volta para casa por intuição e pensa variar o itinerário de sua maratona. Dá voltas à mesa, dá voltas a um prato e ao seu tamarindeiro; o saguim, lá do alto do coqueiro, muito admirado arrefinfa os olhos, treme as longas pestanas e quase se ri em sua perfeita inteligência de macaco…
No vinticinco de Abril, segundo dia após a minha vinda de São Paulo em um voo especial da TAP, assisto pela televisão dois médicos beijando-se com máscaras postas – Os amantes! No parque, um homem e uma mulher também se beijam com um pano a envolver suas cabeças. Nesta guerra sem fisgas, sem bazucas, sem misseis nem bombas H, nem me dá a hipótese de usar minha pressão de ar “diana” arrumada faz tempo num tubo oleado por trapos.
Na tristeza dos dias, esta pandemia pós a nu a fragilidade das relações entre seres humanos. Viu-se na clareza, e por parte de quem já se esperava, a pérfida decisão de eliminar os mais velhos, os mais frágeis, mais dependentes e, com resquícios de eugenismo que se pensava estarem soterrados com o 3º Reich. Recentemente, recordei o mentor desta filosofia, um tal de Tomas Malthus que transmitiu a Hitler as ideias macabras de mudar o mundo por selecção de gente não desejada; gente que foi eliminada em milhões nos campos de concentração já por demais conhecidos por todos.
Teremos de ser todos capazes de nos reinventarmos na responsabilidades e funções que desempenhamos, uma solução de forma justa e solidária com aqueles que arriscando a vida nos tratam desse mal conhecido vírus, que permuta como se tivesse formas de nos ludibriar num para sempre e que leva lideres a dizer disparates muito fora do contexto; isto revela-me do quanto se é pequeno nesta imensidão de desconhecimento da Globália, do Universo e da esfera aonde coabitamos chamada de Terra.
E verdade que esta pandemia apanhou o SNS de Portugal – Serviço Nacional de Saúde de calças na mão mas, países ouve que se portaram duma forma pouco intendível e pouco profissional na forma de salvar gente. Deram-se conta depois que afinal tinham cuecas. Verdade se diga que os profissionais de saúde portugueses deram e, continuam a dar uma resposta digna, não obstante lhes faltar em alguns momentos o equipamento de segurança. Pelo que me é dado saber, foi em todo o tipo de patologias atendendo ricos e pobres, valha-nos isto.
Pior, esteve o Governo que titubeando decidiu prioridades mal equacionadas e não recorrer de imediato a tantos lares de idosos que se sabiam não estar nas condições optimizadas de salubridade. Má calendarização e até descaso no cuidado com esses muitas casas depósito de mais-velhos e o não recurso às muitas associações de bombeiros que estavam na linha da frente no conhecimento das debilidades. Ouve um mau aproveitamento desta rede voluntária ou municipal tão conhecedora do meio social por sua natural proximidade.
Na Suíça, artistas de circo fizeram malabarismos em frente a um lar de idosos. No Equador o sistema funerário entra em colapso e os corpos são abandonados na via pública. Os Urubus voam em círculos na cidade de Guayaquil. Nestas palavras assustadoras até os urubus se tornam mais agoirentos do que os abutres que são a mesmíssima ave de agoiro. Teremos de fazer os possíveis para aparentar calma, não mostrar medo porque, por enquanto, assim parados, podemos ouvir o cantar do melro e do pintassilgo, o cantar do galo e do granisé…
O Soba T´Chingange
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