CAFÉ DA NOITE – Nosso mundo VIRTUAL - A realidade cruel rodeia-nos e fazemos de conta que não percebemos!
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FONTE: Uma adaptação retirada da NET, um episodio que também pode ser seu! …
Isto já se passou há algum tempo mas é de todo o interesse falar disto, algo que sucede todos os dias connosco! Apressado, entrei no restaurante com alguma fome; escolhi uma mesa afastada da balburdia do movimento, queria aproveitar nos minutos que dispunha naquele dia calorento para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver. Já então planeava a minha caminhada a Santiago de Compostela fazendo o percurso Ponte de Lima a Compostela, coisa que sempre quis fazer há muito tempo; parece ser agora o momento! Há sempre um dia especial para nos acontecer algo mais inusitado. Pedi uma posta de salmão com griséus e arroz, uma salada e um sumo de laranja, fome é fome e regime é só para de vez em quando!
Abri o meu portátil e, apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:- Senhor, não tem umas moedinhas? - Não tenho, menino - Só uma moedinha para comprar um pão- Está bem, eu compro um. Para variar, a minha caixa de entrada estava cheia de e-mails. Fico distraído a ver poesias, as futilidades lindas, rindo as piadas malucas... Ah! Esta música leva-me até a Luua e às boas lembranças de kandengue. (...) - Senhor, peça para colocar margarina e queijo. Percebo, nessa altura, que o menino tinha ficado ali - Ok! Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem? Chega a minha refeição e com ela o sucedido. Faço o pedido do pequeno, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar!
Que traga o pão e mais uma refeição decente para ele. O nome dele era de kafuneka - foi ele que o disse sentando-se bem há minha frente e perguntando-me: - Senhor o que está fazer? - Estou a ler uns e-mails - O que são e-mails? - São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas a título de livrar-me de mais questionários): - É como se fosse uma carta, só que é pela Internet - E o senhor tem Internet? - Tenho sim, essencial no mundo de hoje - O que é Internet? - É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas: -notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo neste mundo virtual - E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo, com certeza, que ele pouco ou nada iria entender e assim, deixar-me almoçar, em paz. - Virtual é um local que imaginamos, coisas que não podemos tocar, apanhar, mexer... É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo, quase como queríamos que fosse - Que bom... Gosto disso! – Kafuneka, entendeste o significado da palavra virtual? - Sim, também vivo nesse mundo virtual. - Tens computador?! - Exclamo eu! - Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira... Virtual...
A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo. Eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa; a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo inteiro. O meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos e eu a estudar na escola para vir a ser médico um dia! -Isto é virtual, não é senhor?
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas (virtuais) caíssem sobre o teclado; não queria que ninguém se apercebesse que se estava a passar aqui algo menos habitual nos comportamentos ditos normais. Esperei que o menino acabasse de, literalmente "devorar" o prato dele. Paguei, e dei-lhe o troco, e ele, Kafuneka, retribuiu-me com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Obrigado senhor, é muito simpático!'. Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!
Do Soba T´Chingange
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