CAFÉ DA MANHA - Quem é capaz de definir a AMIZADE? São os conflitos e contradições que nos tornam seres humanos….
Por
T´Chingange (Otchingandji)
Ando a dormir quatro horas por noite e, é por isso que rebolando para um e outro lado, a mente se inquieta de tanto pensar. E, recordei esta noite que aos meus sete anos o meu pai Manuel, Cabeças de alcunha era o maior, o meu pai herói. Não havia outro mais importante e sabedor. Com o correr da idade aos dezassete anos era umas velhadas; um retrogrado de mente atrasada e desinserido das vivências do mundo, meu mundo. Era essa emancipação comum que inicia na puberdade e se agrava com o correr dos anos até que se fique homem! E, quem diz homem, diz mulher, de nuances diferentes ou diversificadas.
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Aos vinte e sete anos já pai de filhos começa-se a dar valor aos ensinamentos de seus ascendentes, pai e mãe. Cuidar dos filhos perdendo noites, da dor de dentes e febres que surgem e passam com as mezinhas de chás de cidreira e camomila entre outros ensinados pela mãe e pai. Neste então nossos pais começam a ficar com valor; agora entendo-os, dizemos com frequência e de forma agravada quando sentados num banco de consultório esperamos saber o que é que o filho tem, qual é a coisa que o atrapalha na saúde.
Aos trinta e sete e até sem muito reflectir dizemos de nós para connosco: Meu pai era mesmo um herói, ele e ela minha mãe, sempre me diziam isto e aquilo; vejo agora quantos valor tinham seus ensinamentos. Das muitas observações que fiz e faço, vejo que o grande elefante tem uma cria e, esta começa assim que nasce logo a andar. Num gnu, búfalo ou impala, a cria cai de seu ventre e, passados que são vinte minutos já estão andar atrás da mãe. Nós humanos, levamos quase um ano para começar a dar os primeiros passos.
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A natureza é tão surpreendente que ao recordar isto e aquilo comovemo-nos, uma sensação que vai enriquecendo com o tempo, com os momentos de alta felicidade e os outros desmazelados ou descuidados momentos. Hoje durmo menos e penso muito mais! E, fico agradecido aos amigos, especialmente os de longa data. Amiúde lá vem à mente o pai e a mãe. Se fossem vivos, isto e aquilo não aconteceria com muitos edecéteras que naquele então desprezávamos.
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Já avós, nosso pai e nossa mãe passam a heróis! Eles eram os maiores, em tudo pensavam e de tudo tiravam proveito para nos encher de felicidade. Davam-nos o miolo ficando eles com as cascas! Por nossa vontade eles ficariam vivos para a eternidade. Chega-se ao ponto crucial de entendermos o porquê de Cristo querer ir para o pé do pai assim tão novo, com uns escassos 33 anos.
Há coisas que só com o tempo nos amadurecem. E, reflectindo vimos os momentos inaproveitados nas atitudes belas de que fomos apetrechados. Deveríamos ser doceis com nossas mais próximos e muitas vezes lá vem o maldito interesse de se tirar proveito disto ou aquilo nos relacionamentos. O negócio! Deveria dizer muitas vezes a minha mulher ou filhos o quanto os amo mas, sempre descuidamos esta vertente sentimental. Gritamos pelas coisas fúteis do clube, numa viva o Sporting ou o Benfica, Vasco da gama ou Palmeiras.
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É quando nos descuidamos disto que reflectimos nos intervalos dos dias que nosso bem maior é aquela pessoa que ali está ao lado mas, que nem sempre o lembramos. Tal como os pais que há tanto tempo se foram e sempre os recordamos: Se eles aqui estivessem a coisa era outra! E, no pior ou melhor, sempre achamos que sim, eles eram os pais heróis.
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Hoje desperdiça-se muito a felicidade tornando-a descartável! Não há aquela vontade de agradar de ceder ou compreender e, mais tarde damo-nos conta que seria muito melhor ser assim e não daquele jeito! Se, olhássemos para o comportamento da natureza decerto tiraríamos maior proveito de tudo mas, tem sempre um mas a emperrar a máquina da vida.
Ando a cultivar o amor, a regá-lo como rego as flores de meu jardim mas o mundo lá fora está a ficar muito cheio de loucuras, de muita avareza, de petulância e de atitudes perversas. Não admirará que quando chegar aos noventa anos se queira ir para o pé do pai. Cada vez mais se compreende do porquê Nosso Senhor quis ir tão novo para o pé dele, o Pai. Estou a dizer isto sem aquela doentia forma medrosa de dar graças a Deus e com a temeridade que ao longo dos séculos nos tem incutido.
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Hoje vai ser um dia diferente, vou à praia com meus adoptivos filhos de Pirituba e minha neta Kira que ganhei e, porque em tempos seus pais me adoptaram como seus! Num repente passaram também a ser a minha família e, com eles redescubro-me outra vez. A vida tem um jeito surpreendente de colocar ao nosso lado as pessoas das quais realmente necessitamos: Um bom amigo, um irmão de alma, um amor para sempre, um alguém que nos faz ver o melhor em nós mesmos…
Alguém que nos entenda e nos respeite assim como se é. Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé, nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para se ser feliz! É provável que muito outros o tenham dito de outra forma mas que importa se estou ou não, repetindo isto a mim mesmo. Não se pode morrer em vida, não se pode desistir de amar, de criar. Não se pode e, até devia ser proibido e pecado! Com tudo isto direi pelo que sei: -Não é possível adiar a vida, aproveitem todos os segundos, minutos e horas.
O Soba T´Chingange
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