kilundu: crimónia de chamar os espíritos ao culto.
Botando fumaça por meu arcabuz de outra geração chamado de canhangulo, fiquei assim matumbola mesmo ..... Desta feita estávamos em Granada...
NA LAGOA DO M´PUTO - 02.05.2019
Por
T´Chingange... No M´Puto
Estava admirando os 15.000 mortos de Guernica quando com aura de santo-maior entrou uma figura pela porta frontal; era nem mais nem menos a Kianda Pieter que, varrendo com os olhos o salão “café solo” poisou em mim a ansiosa vontade do encontro. Porque ali, era um pambo n´jila especial de Granada.
Efusivamente dirigiu-se-me com as duas mãos abertas ao espaço seu Duilo (Céu) mostrando todos os seus anéis. Vinha carregado de magnetismo, feitiços de contra-luz cintilando um desassossegado arco íris.
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Era agradável estar ali confraternizando com o passado que, nem sempre foi risonho; Entre um era-não-era em coisa acontecida mas não vista, assim como São Tomé, só relíamos poemas de Garcia Lorca referente à guerra de 1937 a 1939 com quadros dantescos quando do bombardeamento de Guernica e atrocidades de uma disputa civil.
Entalados na memória entre Nacionalistas de Franco e Republicanos que perfurou como uma faca sem fim toda a Espanha, nós só podíamos rever nossas próprias fugas em um mundo feito de muitas guerras.
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A sala espaçosa estava recheada de quadros sobre esses acontecidos passados como uma galeria de horrores de Granada da Espanha dos toureiros e muito olé-olé. Sentei-me num recanto em uma cadeira em madeira talhada com motivos de produtos da terra, pedi um “café solo” e uma tortilha de “manzana”.
O olhar não se desprendia dos corpos desmembrados em destroços retorcidos, gente e animais espalhados pelos campos; um treino de preparação à grande guerra que viria a acontecer em 1940. Ainda faltavam cinco anos para eu nascer e andava já tropeçando com os matumbolas coadjuvado pelo meu muito próximo Januário Pieter que conhecia todos os contornos ao pormenor. Há coisas que só acredito porque sou eu a contar! Fosse outro qualquer dava-lhe berrida no segundo.
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Sabes!? Eu não sabia ao certo mas ele falou: Os Alemães ajudando Franco a tomar o poder aprendendo aqui a matar, preparando-se para a guerra, essa que te viu nascer. E, arrepiei-me, sabem - Sentia-se desprender da tela o odor fétido da morte.
Nesta cidade tão cheia de memórias, havia felizmente, espaços retemperados à noite com flamengo, uma dança que reflecte o estado de espírito cigano. Estava aqui como que esperando aleatoriamente Januário Pieter, a assombração Kianda que pouco a pouco foi ficando o meu “Guru”.
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Entre o desejo de saber a verdade e o pavor que lhe tinha, zuniam na minha cabeça legionários às ordens de Franco gritando “viva la muerte” mutilando o meu medo envidraçado de repugnância a todas as guerras.Estava agora, pronto a fazer com ele, Januário Pieter um pacto de sangue sem sangue - a seco, tornar-me um cipaio do seu arimo (lavra horta, n´nhaca).
O pacto foi feito, aceite e aprovado na maioria sábia de dois, a saber: T´Chingange, o próprio, com Januário de Sangano da Muxima de N´Gola. Foi quando explicou com detalhes de vôos rasantes. Aviões Nacionalistas matando indiscriminadamente gente impregnada de susto sem celeiro ou pontes para se esconderem; brigadas internacionais, idealistas lutando com armas diferentes de um credo sem culatra, munições encravadas em sonhos inúteis.
( Continua ... )
O Soba T´Chingange
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