TEMPO COM FRINCHAS - 23.06.2018
-Sinto-me palhaço no particípio passado mas, vou fazer mais o quê, agora!…
Por
T´Chingange
O ar está a mais de 30 graus, as cigarras algarvias riscam no ar sua permanente cantoria, quente e opressiva; as rolas gemem do cipreste num exercício de respiração flutuando-me no sufoco de antigos sonhos, de quando jovem. Vêem ao de cima os minúsculos insectos da alma com penosidades não esclarecidas naquele outro tempo. Ouço o trote de dois cavalos que batem ferraduras no asfalto, zumbidos de carros a unirem-se aos de meus ouvidos e latidos de cães que farejam estes nos quintais de seus donos.
É a tarde que cai, gritos do café pelo golo do Brasil, no outro dia tinha sido o Portugal, os copos tilintam saudações, carros anunciando folguedos para a noite preta e branca no Scy Bar com o tributo oficial de Elton John. Às tantas só vai aparecer cosmopolita sem rugas, de óculos avermelhados em um poster grande, cantando canções velhas em um gramofone como a sé de Braga que toca o sino em gravação das aves-marias e, coisas conhecidas na balburdia de verão como que para assustarem diabos moiros sem sonhos cristãos
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Borrifados com vénias a Alá calções curtos esfarelados e rotos dando ares de alta-roda da moda ai estão os turistas avermelhados, falando francês de França, Salut, comment allez-vous, mon ami avant-hier? - Eh bien, merci! Queimados nas testas e pescoço muito carregado de grafitis ao jeito de tatuagens chanfradas sempre com os raios do microondas agarrados às orelhas.
E, elas, as moçoilas, cheirosas com vestes de suavidade, condições da atmosfera propicias prá noite, ao engate com risos pré-preparados e guinchos estereofónicos de engolir gorjeios de pintassilgo molhado em granizo de whisky ou água tónica e gim; de pestanas longas e escorridas em tinta preta reluzindo o latejar dum coração de leão ou hiena e, eu aqui macambuzio falando das fricções zumbidas falas de cumcamano, meu!
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Na descoberta de gestos novos e olhares reluzentes sem gestos de enfado ele pisca a estupidez falando inglês das maldivas: You look great! Do not you want this one? It gives a fucking mess ... Este, quer trepar a moça, pelos vistos - subir pela parede com uns pós xis-pê-tê-hó de ver o paraíso penumbrado de retoiçadas quenturas.
Trocando memórias comigo mesmo, de repente sinto que nem todos os turistas estão num paraíso como este e, eu aqui recordando os bailes de quintal na Maianga da Luua. Tá-se-bem aqui, sim senhor! Só ontem, noticiaram mais de trinta mortes numa praia do Xingrilá, um lugar distante de faz-de-conta. Tudo estava calmo quando num repente, um diabo saca de uma kalas AK 47 e dispara aleatoriamente para as gentes.
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Umas pessoas tomavam sol, outros, chá ou whisky, de repente surge a morte no meio de ingénuas vontades de viver a vida; ir até lá tão longe para se morrer, faz favor, se é pra morrer vou ficando por aqui… Pintados de islâmicos com a simples estratégia de matar vidas surge do nada o cheiro vermelho da morte metida nas memórias limpas que correm à frente da chuva preta.
Abanei a cabeça para afastar estas imagens que são só uma vaga, fragilidades ou forma de minha eternidade. Assim como uma pessoa que anda feliz da sua vidinha e, um belo dia numa consulta de rotina o médico diagnostica-lhe um cancro! Assim sem mais nem menos antes do último suspiro, melhor é mesmo nem ir ao médico e ficar a dar pontapés às circunstâncias chatas que ninguém controla.
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Melhor mesmo é ficar no espanto trocando memórias, bebendo chás, comendo biscoitos com cheiro de alecrim. Será que o anjo da verdade nos vai apareceu sem mais nem menos? Se houver uma mudança, ai Jesus, que o M´Puto não nos acode!? Por via de duvida uso um amuleto da sorte na forma duma nota de dólar com a cabeça grande de Washington. Podia ser até um santinho ou uma vagem envernizada de feijão maluco; serve para o efeito - um credo na ponta das falas ou só um cruz-credo.
Sempre, sempre a mesma arrogância com um GPS muito cheio de funções com geringonça. Que se lixe – estamos a sair da crise! Quem fala não sabe; quem sabe não fala… E mesmo agora em última hora o Presidente do M´Puto Marcelo Rebelo de Sousa tem uma quebra de tensão e desmaia com o calor. Será que também anda com um amuleto de mãozinha fechada e uma meia-lua? Tomara que não seja nada!
O Soba T´Chingange
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