NAS FRINCHAS DO TEMPO … MOCANDA DO EDU
Boligrafando estórias e missossos do Lubango– 29.09.2020
Crónica 3063 - MALAMBA: É a palavra
Por
Eduardo Carvalho Torres
As escolhas de T´Chingange
O meu pai...
Muito criança, ainda nem frequentava a escola, o tempo de matrícula na primeira classe era com a idade de seis anos, viajava sempre com o meu pai em percursos relativamente curtos, como idas à Chibia, Huila, Munhino, Palanca ou Humpata. Claro que a maior parte dessas pequenas viagens, não tão pequenas quanto isso, devido ao estado das estradas, às viaturas cuja tecnologia ainda oferecia condições completamente diferentes das actuais, levavam tempo a fazer-se, mesmo que não surgisse qualquer imprevisto. Eu sempre fui o companheiro predilecto do meu pai. O meu irmão mais velho não andava nestas "andanças " .
Se tinha de se deslocar a algum lugar fora da cidade, meu pai lá passava por casa para ir com ele a fazer-lhe companhia. Uma das vezes que fomos à Humpata, e íamos muitas vezes, os meus pais prestavam muito apoio aos meus avós... O meu inesquecível Nash, começou aos soluços até parar, antes da estrada, que ainda não fazia parte do mapa, lugar em que se virava para a Casa Verde, do Guerra.
Existia perto do local um estabelecimento de comércio tradicional, do Sr. Venscelau Antunes, que muito antes tivera comércio na parte geminada da casa onde eu morava; vendo a viatura parada, o senhor Venceslau veio ao nosso encontro, perguntando: então Torres, o que se passa, que isso não anda!? O meu pai, pouco preocupado, respondeu-lhe que devia ser do carburador.
Pegou na caixa de ferramentas, que não eram muitas - naquele tempo era costume dizer-se que para resolver um problema mecânico, bastava um alicate e um pedaço de arame...
Subi para o guarda lamas observando meu pai a desmontar parte do carburador, retirar os "gigleres", e desentupi-los, dar à bomba, peça importante que nunca faltava na ferramenta de apoio à viatura, colocar tudo no lugar certo, dar ao arranque e o motor, lá começava a tossir, roncar e até grunhir...
E, lá seguiamos para a Humpata voltando mais tarde ou em outro dia sem mais percalço relevante. Angola nesse tempo era diferente; as pessoas conheciam-se...
Recordo : A Academia era a força da cidade! Os alunos do liceu eram muitos, vindos de várias localidades, para o primeiro liceu em qualidade. Situado num clima ameno, era o preferido porque o segundo, situado em Luanda não oferecia semelhantes condições. Quando chegavam as férias, a cidade ficava despida de grande parte dessa juventude. Então, a Cidade permanecia triste até voltar o bulício da estudantada num novo ano.
Sá da Bandeira era a Coimbra de Angola. Quando surgia alguma figura importante que se hospedasse no palácio do governo, os estudantes organizavam uma marcha à noite com archotes acesos, a que chamavam " marcha aflambou? ". Vestidos com os casacos do avesso para evitarem sujá-los com o óleo dos archotes, marchavam em frente ao palácio; um percurso de ida e volta até à estação do C..F. M.
Uma comissão de honra estudantil apresentava-se a dar cumprimentos de boas vindas; por norma pediam uma borla para o dia seguinte - não haver aulas, era a questão! E, geralmente era concedida. A população também se juntava à malta, acabando por ser uma noite festiva e, sempre acompanhada pela cantoria "viva a malta do liceu..."
Eram outros tempos, os tempos de antigamente!
Nota: seleccionada para o Kimbo Lagoa com arranjos de texto por T'Chingange, o Soba do Kinaxixe, Lifune e Panguila...
ECT
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