A CHUVA E O BOM TEMPO - 03.02.2018
- Apaziguando rijezas adversas, perfilando anjos com a singularidade num mundo exótico … De novo e com agrado irei ver aquela senhora percorrer a praia de ponta a ponta de marcha-à-ré para rejuvenescer…
Por
T´Chingange - No Nordeste brasileiro
Cruzei o Atlântico no Boing D. Maria II em sete horas e vinte minutos. Pedro Alvares Cabral deve ter levado um mês ou mais, considerando o vento de Bolina na feição e soprando no rumo sueste; deste jeito não teriam de mudar as velas permanentemente para percorrer todo o percurso sem ter de fazer os ziguezagues por forma a embolar os grandes panos propulsores. Eram tempos de escorbuto por via de não comerem legumes e frutas frescas.
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Hoje, os novos processos de catering, manuseiam milhões de refeições ao redor do mundo para abastecerem milhares de naves que cruzam os céus em diversas direcções. Cada companhia aérea tem contractos com empresas vocacionadas a fim de condicionar em embalagens próprias as variantes gastronómicas, frutas, saladas e sobremesas pré escolhidas por nutricionistas e dietistas por modo a não causticar o organismo humano.
Não posso imaginar todos os passageiros a entupir os minúsculos banheiros depois de comer uma feijoada, cozido ou um sarapatel deteriorados. Ali presos num escasso espaço assim como capota enfiada num espaço anatómico para nem poder sequer abanar as asas, os braços neste caso sem se correr o risco de dar um sopapo ao vizinho de ouvidos entupidos por um fio que lhe entorna musica nos neurónios…
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Já andei pelos ares o suficiente em horas de voo para dar três voltas ao globo e sempre refilo com estes apertos de não poder cruzar as quinambas maçando o corpo encolhido, entupindo os gazes nas curvas, obstruídas para além da traqueia o hiato e as muitas nervuras coarctadas de fazer seus peristálticos movimentos. Melhor seria que nos dessem um comprimido de seis horas de sonolência, enfiarem-nos num tubo de hibernação e despertar na hora certa de desembarque.
Desta feita tive de comer três fusos horários deduzindo na máquina do tempo os três por forma a equilibrar o invento da vida chamado relógio. E, o carnaval de Guaxuma com sua sereia espreguiçando tempo, espera por mim rodeada de águas tépidas chispando suas quenturas de 28 graus em seu corpo rebrilhante desde a cauda à ponta de seus cabelos.
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Já estava farto de usar ceroulas até o pescoço a fim de aguentar o frio do M´Puto, dois pares de meias, chapéu a cobrir as orelhas para dormir, luvas com pele genuína de ovelha da Serra da estrela. Depois, assim que o sol baixa, ligar as quenturas da casa, a botija de água para aquecer as pontas e desumidificadores para chupar o orvalho invisível da humidade roedora de ossos! Tudo fica que nem cordão de sapato; até a paciência se esvai para o canto dos tornozelos…
Como diz o Papalagui das longínquas ilhas de Samoa, ficamos que nem cebolas, cheios de cascas, uma por cima de outra para tapar as vergonhas e adjacências. Por isso escolhi o Brasil para armazenar meu esqueleto das frieiras, untá-lo com o sol do nordeste, empreguiçar-me por horas nas quenturas esmeralda - águas das piscinas naturais da Pajuçara, untar-me de cerveja skol, água de coco ou cachaça pitu enrolada em pedaços de doce abacaxi.
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De novo e com agrado ver aquela senhora percorrer a praia de ponta a ponta de marcha-à-ré, isso, andando para tráz para rejuvenescer-se em juventude e uma outra andando em ziguezagues, parando na água, chutá-la e depois ficar virada para o mar alto, abrir os braços e acenar a Nosso Senhor! Eu bem que olho e volto a olhar e, até semicerrando os olhos e, nada! Não vejo o que ela deve ver! Há gente que tudo consegue e segundo dizem, com fé sempre alcançam suas ousadias…
Irei passear até o largo do Ganga Zumba, uma pedra com feitio de gente quase primitiva, com uma lança a olhar o céu do lado nascente! O primeiro líder do Quilombo dos Palmares. Um herói de libertação vindo do Reino do Kongo e morto por seu sobrinho Zumbi, o mesmo que foi agendado como o patrono do Dia da Consciência Negra; assim ficou no calendário brasileiro. Coisas que aconteceram no longínquo ano de 1678…
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Os dias ficarão enfartados de fantasia com contos de outros tempos e, que agora surgem avivados nas memórias das escolas de samba! Lá terei de ir à terra de Palmares descobrir, porque é uma terra tão carregada de misticismo com Coronéis e majores, donos de grandes fazendas, senhores de tudo e de todos e, que em tempos idos faziam a lei… estórias do agreste e sertão com feitiçarias de mulheres que exageram seu adventismo… mulheres que conseguem ver sempre que querem, o Nosso Senhor…
O Soba T´Chingange no Nordeste brasileiro
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