TEMPO DE CINZAS . Muitos houve, que não saíram do lugar onde nasceram e, a morte foi lá buscá-los. “No cemitério dos brancos”
MALAMBA: É a palavra.
Por
O que me fez lembrar no que andamos aqui a fazer foi ver a abelha ao redor da flor da abóbora chila ou talvez menina, buscando mel; levar à sua rainha, engravida-la de mais vida em conjunto com outras, muitas obreiras. Uma disciplinada forma de se sucederem mesmo, mesmo desconhecendo as saudades, porque se calhar não sentem isso que os humanos sentem, num repente e repentinamente.
No meio deste lirismo quintaleiro, faço um intervalo aos idos tempos porque o meu passado foi um sítio demasiado perigoso. Por vezes, será bom tornar o tempo distante e mitológico lá aonde a memória se pendurou com gestos, com sabores e cores da buganvília, e também as acácias rubras da minha rua da Maianga da Luua; coisa antiga de um dia mais tarde, sem manhã, nem passado recente.
Voltei à Luua depois do tundamunjila, uma guerra muito cheia de guerrilhas e, lá estava a minha rua com remendos de chapas de zinco e aduelas de barril de tinto do M´Puto e, tábuas roídas do salalé segurando aquelas com mais tambores achatados na marreta, fazendo parede e muro como fachada frontal. Por de lado havia uma abertura ocupada por uma janela antiga, colonialista, pintada com as cores arranhadas de tiros; tiros de G-três do exército também colonialista.
Voltei à lua em doismiledois e, lá estavam na minha rua as mesmas acácias, verdes folhas e as flores bonitas dando alegria ao zunir de asas das cigarras encaloradas, tudo como naquele outro tempo que num repentemente perigou! A mulola feita rio seco continuava sem água e muito caco de vidro, muita lata enferrujada, lixo bué mesmo! Fui à Luua sem convite mas, com uma carta de chamada de um amigo do Sumbe, um lugar de outros antigos perigos aonde os brancos morriam com paludismo e outras malazengas.
Esse lugar perigoso chamava-se de Novo Redondo mais conhecido por “cemitério dos brancos”. Tempos de kaparandanda, nome de um antigo revoltoso filho dum soba que se tornou foragido; aquele tempo ainda estava longínquo dos turras e, os bois faziam de cavalos quando não havia tipóia ou, porque os espinhos eram muitos.
Andei por ali sem dizer bem nem mal, porque podia ficar pintado de morte e para isso já chegavam as muitas caveiras ao redor das estradas contornando as cubatas dos acantonados da terceira ou quarta guerra de libertação. Demasiadas guerras! A caminho de Benguela via estrada feita picada e antes da Kanjala visitei o cantinho do inferno, lugar alagadiço muito indesejado pelos camioneiros, candongueiros e taxistas da antiga chapa de caixa aberta, magiros, bedford ou chevrollet.
Aqueles dias de ficção depois destas guerras de medos de doismiledois, sentia que ainda havia muitas fronteiras medrosas, muito capim traiçoeiro, cortante! Vi que junto às velhas Urais russas feias de meter medo aos kandengues, já havia potentes carros “ four by four”, vidros esfumados pertencente a nova gente, que comiam palavras, agressivamente agigantadas.
As pessoas com tecto de capim pensavam naquele então, que agora sim! Agora vamos melhorar de vida e cadavez mais na mesma já andam cansados de desacreditar. Tudo foi ficando no tardio, atrás de muitas noites. Angola ai-iú-é patrão, num anda mesmo! Isto eu, só podia ouvir e calar! Mas, eu não sou patrão meu! É sim senhor! Todo o branco só é mesmo patrão! ... Assim andei feito patrão de nada nem ninguém; estava no particípio passado do verbo…
Eu ia fazer mais o quê? É uma terra de pretos aonde não se pode falar preto porque logologo vão falar só átoa: porque é racista, é colonialista, é reaccionário e mais ainda de fascista com edecéteras de mwangolés prepotentes. Isto vai melhorar camarada, dizia eu desconvicto. Falava assim mesmo no catravêz da estória porque o futuro vai-te rir (falas minhas de quase major )… e, ele e eu riamos átoa só por rir mesmo! Num repente, fui promovido a brigadeiro… porque falava assim como um superior oficial…
Nos meus sentimentos, faço os ajustes de contas com a singularidade de como o vento torna o capim em palha. Não há maior religião do que a verdade! Há dias e dias! Há dias de um irritado pessimismo e outros de tão naturalmente optimistas que como um carneiro jogamos orgulhos contra obstáculos de repetidas coisas. Tomando meu xá caxinde, relembro o restolho das ideias que sempre me lembram: O passado é um sítio muito perigoso.
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