ANGOLA - O OUVIDOR DO KIMBO - Relembrar o Luena (Kangamba) - antiga Vila Luso… 8ª de 11 Partes
As escolhas do Kimbo
Publicada por:
H. Nascimento Rodrigues - Licenciado em Direito, Jurista eminente e homem público que se destacou, em todas s funções que exerceu no M´Puto. Nasceu no Luena (Kangamba)… Faleceu no ano de 2010
(…) Fui apanhado pela minha Mãe num esfregar de olhos e interrogado sobre a propriedade da fisga. Devo ter batido com a língua nos dentes, ainda que sem identificar qualquer dos nomes da malta do kimbo, o que os salvou. Mas não me salvaram de ver a fisga apreendida por longo tempo e de apanhar uns bons tabefes no traseiro. Nunca dei conta que, por causa deles, tivesse ficado um traumatizado para toda a vida…E muito menos quando logo percebi que as duas ou três galinhas mais maltratadas, quase moribundas, iam à faca do cozinheiro. Transformaram-se em canjas deliciosas, que eu saboreava muito melhor do que aquelas sopas grossas com que minha Mãe me martirizava.
A segunda mais impressiva recordação do kimbo advém-me da figura do “sécúlo”, ou “o mais velho”, quer dizer, o kota chefe da aldeia. Era o escolhido do seu povo pela sua idade, que significava experiência e saber de vida. E em regra eram reconhecidos e desejados também pelas autoridades administrativas portuguesas, por neles encontrarem um interlocutor útil e insubstituível. O “sécúlo” do kimbo de Cangamba era um velho muito velho, de idade indecifrável. De estatura meã, franzino de tal modo que os ossos lhe despontavam por sob toda a pele do corpo, de carapinha já um pouco esbranquiçada, distinguia-se estranhamente por um porte que não era altivo mas era tão direito quanto a idade lho permitia, por um ar sereno e ao mesmo tempo como que magoado, por uma dignidade indisfarçável. Tinha uns olhinhos metidos bem lá no fundo da cara, mas eram uns olhos negros, miúdos, por vezes parece que me sorriam, por vezes parece que se quedavam distantes a olhar, lá longe, um outro horizonte.
Não sei que nome tinha. Meu Pai, esse sabia-o, porque não poucas vezes os vi a conversar à varanda, ou lá na zona do fundo da casa que servia de repartição administrativa, enquanto se erguia o edifício futuro, que seria de tijolo e telha. Falavam através de um intérprete porque poucas palavras de ganguela o meu Pai dominava, apenas aquelas poucas que serviam para meter conversa, perguntar pela saúde ou saber do estado das culturas.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA