ALUQUETE É UM CADEADO – OS CINTOS DE CASTIDADE E A E.I.L!...
MALAMBA: É a palavra.
Por
T´Chingange
Não tenho a plena certeza mas iria jurar que Rui Manuel Barbot da Costa, conhecido no meio literário como Mário Cláudio foi meu professor de Antologia à Literatura Portuguesa na Secção Preparatória aos Institutos em regime nocturno na E.I.L. (Escola Industrial de Luanda) lá pelos anos de 1964 ou 1965. Caso não tenha sido este, saliente-se a história que sendo verdadeira, não deixa de o ser com outro qualquer professor; se porventura alguém souber, que o refira neste quase fórum dos Antigos Estudantes daquele estabelecimento de Ensino. Nós alunos já cansados do trabalho normal, fadigas não mensuráveis na via do sono, tínhamos de ouvir este senhor professor que muitas das vezes surgia enfardado de tirilene verde em divisas de alferes. Apanhado nas malhas da incorporação de mancebos lá no M´Puto, destinaram-lhe uma pacífica guerra na zona operacional da Luua. Terei aqui de referir que os altos mandatários castrenses, decidiram considerar aquela cidade como contando 100% em tempo e regalias da guerra colonial.
Curtiam penares nos mukifos do estado-maior deslocando pontos coloridos no mapa de estratégias a simbolizar recontros de morte; nesta guerra de secretaria aos credenciados oficiais ainda lhe davam a possibilidade de ser professores e, nós felizmente fomos bafejados com um bom professor e pedagogo. Nas noites de aborrecida matéria de decifrar conjugações, rimas de poemas, leituras rupestres de Camilo Castelo Branco ou viagens à santa terrinha por Eça de Queirós, as pestanas esmoreciam-se num sonolento silêncio. Eis que neste então, Mário Cláudio, nosso professor e bom sociólogo ou psicólogo, bom observador, mudava o curso do tema desviando-se a propósito e por forma a despertar-nos da torpeza sonolenta com cantigas de amigo de D. Dinis, de amor e maldizer, coisas antigas de escárnio e, sempre dava um jeito diferente para chegar aos cintos de castidade que os cavaleiros da Távola Redonda ou da Ordem de Santiago, Da ordem de Cristo, Templários e Cruzados colocavam em suas mulheres quando saiam para guerras longínquas.
Isto agora, parece-nos inaudito mas em tempos medievais os Nobres Senhores que lutavam contra os infiéis, muçulmanos e outros do norte de África deixavam suas donzelas esposas metidas numas cuecas de ferro ou bronze levando consigo as chaves do aluquete; aquelas cuecas eram malhadas nas casas de ferragem e, de aluquete fechado, lá iam pra frente de armas deixando no seguro suas mulheres! Sucede que já nesse tempo havia tecnologia de rebentar e recolocar tais cuecas e estes episódios se vos despertam curiosidade, podem imaginar em nossas aulas o sono a escafeder-se num ai! Ficávamos todos uns autênticos olharapos! A mente tem destes mistérios carregados de muito cazumbi e, ele, Mário Cláudio sabia disso. Nestes entretantos das aulas todos nós fazíamos muitas perguntas tais como a de como era possível fazerem a higiene em seus corpos com aqueles zingarelhos, enfim, podem imaginar o que esta via proporcionava.
Foi com este professor que passei a gostar de histórias e fiquei a saber que as damas da corte mandavam ir ferreiros de Damasco e Toledo para ao seu serviço soltarem-nas de suas prisões e fazerem os forrobodós pondo chifres dourados e revirados aos seus amos e senhores! Nós mariolas de espantar kiandas amorosas, cozinhávamos também corações em n´hiwas e imbondeiros nos morros da Luua, dos veados, da Cruz e até fazíamos gaifonas à ilha dos padrecos bem do outro lado do Mussulo, sempre, sempre a recordar aquelas doçuras medievais! Em verdade foi este professor que leu a minha cartilha de contar estórias, missossos e mussendos! Tu, António T´Chingange, vais ser um bom contador de mentiras; um inventor de nata crioula! Sim! Ele disse isso de mim por via das redacções contando aleatoriamente o que nos viesse à cabeça! Ou ele era adivinho, tinha premonição, ou estava propenso a ser agora e aqui uma nova kianda! Gostei mesmo muito deste professor! Se todos fossem como ele, eu hoje seria catedrático! Já calcorreei as pedras da calçada de Coimbra mas, não vejo maneira de e, desta forma, ficar Douto a valer! Cada qual tem a sua sina!
O Soba T`Chingange
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