NO ÁTRIO DA EIL DA LUUA – Expuseram ali a m´boa e, de tanto protesto dos ecologistas, retiraram a bichona…
Missosso: Da literatura oral angolana, contos, adivinhas e provérbios com homens, monstros, kiandas de Cazumbi, animais e almas dialogando sobre a vida, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de dialecto quimbundu. Óscar Ribas foi o seu criador.
Por
T´Chingange
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Na esquina dos lábios dela, da Luzia M´Boa, podia ler-lhe o sorriso de sua verdadeira vida. Com as suas compostas feições ovaladas podia com os olhos afagar suas escamas desfrisadas em um reluzente manto como era de uso no bairro da Ingombotas. Vendo-a, lembrava-me das falas de meu pai … Se queres estragar a tua vida, casa com uma mulata; elas são umas cobras! Dá-lhe missangas de oiro e perfumes das arábias e vais ver!... Vais-vais! Vão-te ingombotar! Vocês agora gostam de ser enfeitiçados com água-de-cú-lavado por essas songamongas carnívoras de línguas bifurcadas, acrescentou num linguajar muito só dele. Meu pai, meu encarregado-de-educação, tinha sempre um discurso curto e agressivo; e, tinha sempre razão, mesmo quando não a tinha! Em verdade, ás vezes dizia coisas sabidas, daquelas que a mão do cérebro agarra e guarda no bolso com papéis de loterias passadas, contas de mercearia duvidosas nos zeros com sinais de multiplicar e ainda um canivete suíço para o que der e vier.
Tudo, nas falas dele era da época, da má sorte da sueca, das condições e mentalidade, enfim, uma época que morreu mas, que deixou embrulhada superstições em novas formas de estar. Vi crescer Luzia jibóia M´Boa desde muita tenra idade, criança mesmo, desde que a fui buscar numa caixa de botas da macambira. Morava no Cazenga mas era da lagoa do Lifune por nascimento. Luzia, cresceu desmesuradamente enrolando-se de amor ao meu pescoço pernoitando-me em suas curvas escorregadias de sumaúma e, eu dava-lhe beijos ternos e ardentes, bífidos e languinhentos. Era um amor domesticado e desenfreado. Tanto, tanto que já muito adulta Jibóia M´Boa engoliu-me por amor, como se fosse uma espiga de milho do Alto-Ama. Ninguém compreendia nossa íntima relação, de jiboiarmos juntos; assim, balouçando na rede de ternura ondulada e, foi muito cheia de amor que Luzia me deglutiu quase, quase por inteiro.
Estás quilhado Tonito! Não tem riso para a morte! Quase defuntado, quando dei por mim já só estava com a cabeça de fora! Estou feito! Raciocinei e, num repentinamente matutei, não tinha mais tempo a perder! Aflitinho da silva disse para mim na zoada do amor dela! Foi quando me lembrei da salvação... Valeu-me ter visto muitos filmes de Tarzam no Colonial; no meu bolso direito estava um canivete suíço! Com lentidão, naquele aperto amoroso, consegui abrir o tal de Macgyver e rasguei o coração da bichona. Amordaçado de aperto uterino, cortei o coração da cobra a tempo de suster o último suspiro de oxigénio. Meu Pai, encarregado de educação, de contente, embalsamou a bichona e para gáudio dele, pediu ao Director Beirão para expor aquela espécime de muita raridade no átrio da escola; isso mesmo, EIL. Surpreendentemente o Concelho Directivo autorizou mostrar a Luzia Jibóia enrolada num bambizinho atado a um chinguiço! Claro que era uma forma de mostrar a sustentabilidade das espécies aos novos formandos. Surgiram os homens da ecologia, … Que não senhor, aqui não é o lugar certo!? E, tra-la-lá, tra-la-lá, ouvidos os homens da ciência, da Liga Africana e notáveis da Luua, acabou por ir parar ao Museu de Angola junto do Kinaxixe. Creio que ainda lá está! Lembrando-me disto como se fosse agorinha; revejo-me no quanto o contar estórias, se pode tornar em uma actividade de alto risco.
O Soba T´Chingange
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