NA PAJUÇARA COM ANDREY BLAZHE Biólogo da Bulgária e, a Psicóloga RITA FIUZA
– DA FUNDAÇÃO DE ZUMBI DE N´GOLA…
- Crónica com ficção* 3360 – 24ª de Várias Partes com ***FK – 04.04.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) no Mukifo de San Lorenzo
Maré rasa! Enquanto escrevo por debaixo do chapéu, propriedade do Conde do Grafanil, areia lisa e molhada em um novo dia de Abril, de novo observo o caranguejo cirí esbranquiçado que triângula visões com seus olhos afastados, dois pontos negros reluzentes de intranquila presença. De novo sacode cuspindo bolos de areia saídos de um buraco gruta, feito sua casa. Deveria estar a melhorar as condições de sua lage de cobertura. Quase como provocação vem justamente sacudir minha tranquilidade concentrada no pé direito, o mais sensível aos calos, nem sei do porquê.
Talvez ele, o cirí, saiba que por via de tanta cooperação não deve abusar nas cuspidelas e espero que não lance seu mijo corrosivo de cloreto para cima desta empática relação. Da minha parte quero até alinhavar-me na suficiente medida de com ele confraternizar uma domesticada amizade assim como é possível fazer com um cão; esse mesmo que há 15.000 anos foi coiote ou lobo alfa. Bem! À partida não se vê como nos iremos comunicar mas, isso será mesmo matéria de escrita para novas oportunidades. Nada é impossível…
Assim dialogando no vazio com um artrópode do grupo dos crustáceos, ouço uma saudação de Bom Dia em tom feminino e, por obvio revirei o olhar a sul confrontando-me com a simpática senhora psicóloga de meu ilustre amigo ex-coronel, guerrilheiro, contrabandista de armas letais com gente escusa e agora comendador e dono da Fundação de Zumbi de N´Gola. Era mesmo a psicóloga de FK, Rita Fiúza, funcionária supranumerária da Nomenclatura nobre da Fundação e que, por estas paragens de Ponta Verde, toma assento durante alguns períodos do ano. Não é de estranhar esta missiva ao vivo pois que sempre se mantem em contacto com o centro Baobá bem no sopé da Serra da Barriga, lugar do Kilombo dos Palmares…
Após preliminares de cortesia normais em executivos de supra quadratura, pude apreender reptíciamente que sua expressão era de teor bem sigiloso, como se tivesse algo para me comunicar fora dos parâmetros vulgares. Fiquei de orelhas atentas ao que aí vinha e, veio! Noticia fresca a comunicar- me uma importante tarefa. E, referindo a vontade do chefe M´fumo Mwata FK, foi-me dito que o mais rápidamente, entrasse em contacto com o Biólogo búlgaro Andrey Blazhe instalado no hotel Ritz bem em frente do local de San Lorenzo aonde me instalara. E subsistiu a dúvida em minha mente: mas como é que sabiam que o Zelador-Mor e Soba do kimbo T´Chingange estaria aqui neste agora; como… se nada disse, a ninguém da Nomenclatura?
Na espectativa de coisa nenhuma por via da relutância segredista de Fiúza, podia adivinhar que seria algo de muita importância e sigilo com intervenção da minha pessoa mas, que seria!? Dito e refeito telefonei ao gerente Napumosseno do Ritz, que estaria lá pelas duas exactas horas dos pós meridiano. Na hora certa depois de almoçar beringela com queijo e cebola no meu mukifo, deparo com o cientista biólogo búlgaro sentado em um canto, bem ao pé do comprido aquário muito coberto de corais e peixes coloridos que no meio das algas, dançavam sua beleza.
Mas, antes deste encontro assegurei-me averiguar as causas com o Presidente da Fundação Arrais de Cantanhede em cidade de Marechal Dodoro; ele, Arrais, nada sabia! Não obstante foi-me dizendo que havia tarefas que só alguns eleitos sabiam e neste caso seria coisa nova – era uma prática segredista dele, o Mwata Comendador. Sempre enigmático e com estrito segredo não dava azo a invulgaridades. Dito isto para esclarecer-me, dirijo-me ao senhor emissário e, de braços abertos saúda-me com um cordial e quente braço. Sentados, ambos tomamos um café para arrefecer entretantos. Bem! Embora tivéssemos uma relação institucional, pelo vistos, convinha haver sigilo total só depois do empregado Sepúlveda se afastar é quedeu início às suas falas.
Nosso chefe, o Comendador FK delegou em mim esta missão de lhe comunicar o seguinte: Quer que diligencie junto às autoridades angolanas a implantação de uma Sucursal da Fundação de Zumbi de N´Gola no Planalto Central de Angola; mais propriamente na cidade da Caála que você bem conhece, acrescentou. Resumindo: quer que seja o embaixador desta missão, a quem ele dá a máxima importância. Disse que para o efeito deve escolher uma delegação de gente de máxima fidelidade e competência mantendo absoluto silêncio quanto a detalhes! Sempre, mas sempre tudo pareciam ser técnicas de guerra com sigilo e contra-informação quando algo descambava…
Não obstante ter de início franzido a testa com rugas de dúvida, Andrey achou melhor esclarecer algo que lhe tinha sido abordado. O Comendador optou por si pelo facto de ter saído da Cidade da Caála, de ter conhecido e trabalhado com o Comandante Kalakata e, até apontei tudo para poder não esquecer: No bilhete que rasgou em seguida pode ler: Maciel D´Achala, Alcides Sakala, José Cachiungo, Benjamim Liuanhica, M´Fumo Manhanga, Adalberto da Costa Júnior com quem colaborou próximo, Ekuikui e o próprio Mwata Jonas Savimbi. Bem! Estava tudo até demasiado explicado pelo que achei por bem ter destruído o papel rascunho queimando-o a seguir, pois tornavam-se numas letras que juntas, podem tonar-se bem perigosas. Teria mesmo de ser assim pois que a estória, mesmo não se querendo, sempre deixa riscos em nós e no ar…
(Continua… 25ª Parte…)
Notas: * Esta é uma estória inventada só no que concerne às mentiras… ; **kalundu – É uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza; *** FK – Fala Kalado
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