KILOMBO – NA FUNDAÇÃO DE ZUMBI DE N´GOLA…
FALA KALADO NA PROMESSA DOS KALUNDU**
- Crónica com ficção* 3312 – 23ª de Várias Partes – 06.06.2022 – Republicada a 03.12.2022 na falsa estepe do M´Puto - Alentejo
Por T´Chingange (Otchingandji)
Ché Guevara depois de sete meses passados no Congo Brazaville e, após constatar a pouca unidade dos soldados africanos em especial os afectos ao MPLA e, dado o pouco interesse do apoio internacional, Che contrariado, decidiu encerrar a primeira missão internacional do regime cubano. Mandou uma carta a Fidel Castro dizendo que o Victor Dreke "era um dos pilares em que confiava" para prosseguir a luta…
Após deixar África, os companheiros de Ché não seguiram pelo mesmo caminho. Ché mantinha vivo o desejo de exportar a revolução e organizou uma nova expedição revolucionária. Na Bolívia, foi capturado e executado dez meses após sua chegada, em Outubro de 1967. Há quem afirme que foi o próprio Fidel a congeminar o fim de Guevara pois que este estaria a ser-lhe sombra em sua liderança (como se o fora uma pedra no sapato). A relação de Dreke com África manteve-se viva liderando missões bem-sucedidas nas guerras de libertação da Guiné/Cabo Verde e República da Guiné. Chegados aqui teremos de nos rever em estórias mais recentes do panorama angolano e, a partir do átrio do Kilombo-Fundação.
Estando eu no D´Jango das alvissaras estivais no jardim tropical da Fundação Zumbi de N´Gola e falando com Rosa Casado, a chefe de protocolo, fui informado que o Comendador Fala Calado, ex-guerrilheiro e ex-Coronel, embora débil, estava dando mostras de evoluir bem aos tratamentos dos remédios provenientes do Laboratório gerido por Andrey Blazhe, o biólogo e médico oriundo da Bulgária; as drogas eram ministrados com atenções esmeradas pelo médico ainda novo Juka Kalandula recentemente chegado de áfrica.
E, enquanto falávamos, ouvíamos um grupo de marimbeiros a tocar melodias bonitas no largo das cassuneiras. Os mesmos que viajaram com este médico, oriundos exactamente do mesmo local: Kalandula de Malange. Fiquei com ideia que se exibiriam pelo estado de Alagoas alegrando em complemento à quadra dos santos populares nas festas Juninas. Aquele gigante negro, guarda costas do Comendador que eu chamei lá atrás de Lothar Mandrak, veio até nós saudar-nos com vénia rasgada acrescentando que seu Mwata FC, estava disposto a receber-me daí a três dias. Neste momento recompunha-se de uma anomalia surgida na forma de craca em sua orelha original (a boa).
Acabado de chegar, o professor de economia, gestor do kilombo, Arrais Castelo de Cantanhede a nós se dirigiu logo após seu gesto ao moço de serviço pedindo desse modo já bem conhecido o café Santa Clara que tanto apreciava! Pois assim que juntando o indicado com o polegar fez o sinal de querer beber algo, algo que só poderia se uma xicara média desse cheiroso café. Sentando-se junto a nós com um comprimento tipo nazi de punho fechado disse: Heil Covid! E, nós entendemos este já tão comum afastamento nesta guerra surda de lutar com bactérias pandémicas e outras salmoneloses de tubarão, também com a real guerra em curso de devastação czarenta, cruel a ponto de assustar o Ivan, o Teerivel…
Posto isto falou-se da saúde do Mwata Comendador vindo-me à ideia do que então falámos lá na Ilha da Fantasia em Petrolina. Do laboratório que já em tempos e em Petrolina tinha encetado a investigação de uma membrana extraída do besouro que conservava por séculos a planta do Calahári de nome Welwitschia Mirabilis. Uma membrana que era capaz de desenvolver tecidos de pele, ossos e cartilagens… Podíamos adivinhar e até congeminar que Andrey Blazhe, o médico biólogo, já teria encontrado algo que minimizasse o problema de alzheimer do Comendador mas, o silêncio deu consistência ao segredo que o tempo fazia prolongar.
Pois, se os pesquisadores foram capazes de criar uma estrutura em plástico biodegradável na qual as células animais se desenvolvem e reproduziram no formato de orelha com a estrutura biológica e anatomia desejada, também seriam capazes de desvendar formas de ludibriar o organismo, por forma a minimizarem os efeitos dessa doença tão debilitadora da condição humana.
Tenho para ti uma tarefa especial, disse ele para mim, o Chefe Mwata Comendador! Assim directamente, lá naquele tempo em que não mostrava outras debilidades disse: Necessito de alguém que superintenda as novas frentes de guerra - Gerir a produção de crocodilos, rãs, borboletas e caracóis! E, porquê eu, um kota ressequido pelo sol? Perguntei-lhe nesse então! A resposta foi pronta: Porque tu és um mwangolé branco com kalundu** e, tal porque só o somos no sempre dum espírito único do futuro! Mas, eu não sou preto!… Respondi! Sim, é isto e maisnada, tudojunto! Falando no plural disse: O nosso pensamento sempre anda por lá, por N´Gola e, queiramos ou não agora seremos pretos de coração zebra! Falou, tá falado… Será que quer de novo falar-me disto! É que ele repetiu então assim e, em voz alta: Pópilas - não vale a pena morrer de véspera! Iremos ver o que vai dizer?!… É que para ele tudo, tudo é guerra…
Notas: *Esta é uma estória inventada só no que concerne às mentiras…
**kalundu – É uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza (A entrevista com o Brigadeiro N´Dachala, continuará lá mais para a frente- depois das eleições previstas neste ano de 2022…)
O Soba T´Chingange
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