NO KILOMBO DO ZUMBI – NA FUNDAÇÃO DE FALA KALADO
Crónica 3259 – 14ª de Várias Partes – 19.03.2022 em Pajuçara de Maceió – Republicação a 29.09.2022 em AlGharb do M´Puto
Por: T´Chingange – Na Pajuçara do Nordeste brasileiro e AlGharb do M´puto
O dia aprazado para ver FK, uma sexta-feira, coincidiu também ser um dia 13, muito enevoado. Tinha havido umas trovoado durante a noite, raios e relâmpagos com águas escorrendo pelas quebradas e, àquela hora da manhã ainda se podiam ver os destroços, abatises aleatoriamente embrulhadas com desperdícios escurentes do kilombo. Supersticioso quanto baste, pareciam ser estes, uns maus indícios de borrasca mas, e na qualidade de Zelador-Mor da Fundação Zumbi de N´Gola teria de suprir-me de importância nesta primeiríssima visita institucional..
Arrais Castelo de Cantanhede, o Presidente executivo da Fundação, fazia-se acompanhar pelo Encarregado do Museu da Escravatura e da Casa da Cultura Maria-Maria, o senhor Paulo Sarmento e, também Governador Assistente do Rotary Internacional, Distrito 4390. Enquanto um e outro falavam lá na parte anterior do Mercedes do ano de troca-o-passo conduzido pelo senhor Encarregado-Governador, eu ia pensando no que seria este encontro com o militar amigo (nem tanto) ex-Coronel Fala Kalado; esse mesmo que saiu morto na fronteira de Namacunde em Angola…
Diziam estar ele num estado quase confrangedor pois que já não era aquela íntegra figura de antes torcer que quebrar embora fosse meio biónico, portador de uma orelha de silicone-5G e perna com osso de nitreto de boro; isso era um tanto pesaroso para quem sempre o tinha visto desempoeirado, diligente, ladino e assustador. Assim pensando fui interrompido por Arrais, o Presidente da Fundação FK: Antes de irmos à mansão do Comendador FK e de modo a chegarmos lá na hora aprazada para o almoço, iremos fazer uma visita guiada ao Kilombo a fim de ficar inteirado de alguns detalhes ainda desconhecidos!
Nem sabia que Fala Kalado, o ex-Coronel tinha sido elevado ao cargo de Comendador mas até aceitei pois que seu legado de benemérito induzia a ter um outro destaque social. E, foi o senhor Paulo Sarmento Governador assistente do Rotary Internacional que finalizou as falas, dizendo que este cargo dignitário lhe foi emanado do próprio Conselheiro de Estado do Governo Federal Civil em parecer conjunto com Sua Excelência o Presidente Geral dos muitos Distritos com Clubes Rotary.
Assim chegados ao Morro dos Macacos fui apresentado à Senhora Rosa Casado, advogada aposentada, filha de um dos últimos prefeitos de União dos Palmares que por norma e por via de ser secretária do mesmo club Rotary, protocolizava estas visitas. Afinal, sempre era eu o Zelador-Mor da Fundação Zumbi de N´Gola. O termos de Muxima que é a saudade dos mwangolés, kimbundus, pode ler-se no quadro de entrada na Serra da Barriga:
“Muxima dos Palmares é uma homenagem aos Comandantes-em-Chefe que formavam o Conselho Deliberativo do Quilombo dos Palmares: Acaíne, Acaiuba, Acutilene, Amaro, Andalaquituche, Dambrabanga, Ganga-Muiça, Ganga-Zona, Osenga, Subupira, Toculo, Tabocas, e seus principais líderes: - Aqualtune, Ganga-Zumba e Zumbi, Banga, Camoanga e Mouza, que resistiram depois da morte de Zumbi, que aqui também são homenageados, assim como todos os negros e negras, guerreiros e guerreiras, que ao longo de quatro séculos lutaram e ainda lutam pela liberdade racial”. Isto promete, muxoxei só para mim e de forma imperceptível, caminhando num troço de tapete com as cores da bandeira de Angola, preto e vermelho, tendo no topo o símbolo da catana com os dizeres “Victória ou morte”…
Uma outra placa com fundo preto e letras salientes reconhecido no final pelo Governador Alagoano, Engenheiro Lessa a 20 de Novembro de 2002: -“Homenagem aos Heróis Quilombolas que tombaram lutando pela liberdade em 06 de Fevereiro de 1694: Ganga Zumba, Dandaro, Acotirente, Andalaquituche, Aqualtune, Gana Zona, Ganga Muiça, Acaiúbo, Toculo”. Visto isto, deixo algumas considerações para mais tarde…
O termo Sanzala ou Senzala em Angola é um povoado normal enquanto no Brasil está conotada com as casas de tortura, da canga, dos grilhos, da chibata, da bola, da máscara de sino e correntes. Kimbo é o nome de sanzala na região de fala Umbundo em Angola, planalto Central com suas casas, libatas ou embalas. Todo este trabalho de pesquisa adicional, foi objecto de promessa minha ao fiel depositário do Guardião da cultura em União dos Palmares e Zelador do Museu de Maria Mariá, Senhor Paulo de Castro Sarmento Filho e como disse, também Governador Assistente do Club Rotary Internacional, que teve amabilidade de me mostrar também o actual Mocambo de Muquém, a Serra da Barriga e descrever seu trabalho ainda em esboço numa Cartilha Pedagógica, um projecto de cultura viva. Ainda não será nesta missiva-cronica que falarei do encontro tão esperado com meu amigo FK, um almoço quase banquete tendo como iguaria “Muamba de capota”…
Nota: Esta inventação, contem muito da história real mas alguns dados são só fricção. Quem quiser esclarecimento, coloque questões - que esclarecerei...
(Continua…)
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