DONGUENA – UM CONTO ANTIGO
- No Cunene lá para os lados do Cuanhama ... 2ª de 3 partes
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa) - Autor de “Ninguém é Santo” escrito para todos os Angolanos que amaram e amam a terra que os viu nascer ou crescer…
O seu olhar mesclado de ternura e tristeza acompanhou-me nos meses seguintes e os passeios pelo mato perderam o encantamento, sem a companhia da Donguena. Quando alguém pensou em colmatar a minha perda com a oferta de um outro animal, recusei peremptoriamente. Umas semanas mais tarde o primeiro empregado agredido pela Leoa da Rodésia acabou por ser preso ao tentar assaltar uma casa isolada nos arredores. Tentaram ocultar-me o acontecido mas inadvertidamente escutei uma conversa entre os meus avós e fiquei inteirado da injustiça cometida com a Donguena.
Dezembro chegou ao planalto acompanhado de um calor razoável e algumas chuvadas que pintaram a Chela de verde. Os rubros cardeais sobressaiam nos canaviais dos charcos, engalanados com a nova roupagem e tecendo os seus ninhos numa azáfama chilreante. Os prados cobertos de malmequeres brancos e arroxeados ondulavam o seu colorido até às faldas da serra, e as espinheiras perdiam a sua tonalidade acastanhada e verdejavam a paisagem. Alguns arbustos pintalgados com sementes vermelhas iriam substituir os tradicionais pinheiros de natal, raros naquela região.
O Mucufi alargara o seu leito emprenhado pelas abundantes e cristalinas águas que despencavam da serra em saltos de cascata, e corria veloz em direcção ao Cuanhama para onde a minha amiga Donguena havia sido deportada tão injustamente. A Huíla ganhava vida engalanando-se para o nascimento do menino Jesus naquele imenso presépio encastoado no planalto. A cordialidade entre as gentes aumentava com cumprimentos efusivos e votos de boas festas. Eu era questionado vezes sem conta sobre as minhas preces ao Pai Natal e o que desejava que ele me trouxesse.
Para mim não poderia haver melhor prenda que o regresso da minha companheira de passeios mas abstinha-me de fazer esse pedido, substituindo-o por carrinhos de lata, pistolas de fulminantes e cinturão de cowboy, os raros brinquedos que em conjunto com as bonecas de celulóide eram o espólio do humilde comércio desses anos.
(Continua…)
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