N`ZINGA E O FALA KALADO – 4ª de Várias Partes – 10.04.2019
Por
T´Chingange - (No Nordeste brasileiro)
Nélito Soares foi assassinado à queima-roupa na Vila-Alice pelos comandos Tugas já depois do 25 de Abril de 1974, ainda debaixo da Administração de Portugal. Assim se pensava ter sido até o misterioso encontro entre o T´Chingange e o tal de FALA KALADO no aeroporto Internacional e do Terminal Doméstico numero DOIS de Guarulhos de São Paulo.
E, graças ao “Morro da Maianga” consegui descortinar um pouco mais a minha alhada aqui comentada no meio de uma fricção ficcionada… Uma meia inventação em que só o tempo descortinará como verdadeira, essa morte do Nélito Soares, o mesmo FALA KALADO dos MISSOSSOS a virar lenda.
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Quanto ao Coronel FK, aparecerá nos próximos episódios mas em tempo de malembe malembe e da frente para trás porque os acontecimentos andaram muito mais rápidos do que a minha escrita e, recordar o passado, é forçosamente como fazer reverdecer erva sintética - uma trepanação complicada.
Nesta tarefa de dar vida aos matumbolas plastificados, só mesmo o MPLA se pode considerar perito de primeira. Naquele então de 1974 e 1975 estes e os Tugas foram especialistas de dez estrelas. Mas, e, também porque nossas vidas assim foram determinadas, andarem para trás como o caminhar dum caranguejo robotizado. E, há muitos que continuam assim, robotizados, amaciando a podridão duma nação...
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Assim, só poderei dizer que FK (Fala Kalado) ingressou na UNITA posteriormente à sua própria morte (aparente) e tomou o nome de Fala Kalado (Fala como agradecimento às Forças Armadas de Libertação de Angola - FALA e Kalado por ser sua condição "sine qua non" secreta).
Ainda não eram seis horas da manhã, o sol estava erguendo-se ao nível do horizonte mas ia já nas silhuetas dum sexto andar e, eu na água fazendo exercícios. Hoje excepcionalmente fui abordado pelas alforrecas, águas vivas roçando seus fios raivosos nas minhas duas quinambas; coisa suportável e, segundo se diz benéfica para reduzir a artrite.
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Estive bem perto de duas horas dentro de água falando com um casal vindo de Pacatu de Minas Gerais, enquanto me mexia. Já sentado no banco corrido de cimento cru e à sombra dos coqueiros do calçadão, bebo minha água de coco comprada ao Jefferson. É bom lembrar aqui que este cidadão antes de iniciar suas tarefas e ainda, estando eu na água, correu a dar um mergulho de corpo inteiro.
Jefferson após o mergulho levantou as mãos em adoração para o céu, orou ao seu Deus, ou ao paínho Cisso cantando um oração; de onde eu estava os dizeres eram monossilábicos, parecendo uma zoada carregada de muitos amém e estando eu assim pensativo nestas minudências da vida, aproximou-se um senhor já velho, camisa florida, cor e jeito de um cubano Caribenho.
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O chapéu de matuto do sertão não lhe conferia um esmerado gosto; fazia rodar em sua mão esquerda umas missangas feitas de pequenos búzios; Era assim pró moreno e dum perfil ginasticado, embora um pouco encarquilhado no rosto e na orelha esquerda. Sentado a meu lado e depois de uns curtos suspiros pude ouvir: Têm noticias de Kalacata? Não havendo mais ninguém ao nosso lado, deduzi que a pergunta era para mim.
Num repentemente minha massa encefálica, despertou meu astigmatismo e como um raio lazer caiu na realidade do nome afiando-me os olhos num só. Kalacata foi alguém de minha intimidade de quando eu fui Secretário de Informação e Propaganda do Comité da UNITA na Caála, também chamada de Robert Williams. Assim brutefeito, olhei para ele mais de frente e, tive um susto: - Era ele, o FK!
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Ambos nos levantamos e, sem nada dizer, nos apertamos num longo abraço. Minha cabeça convulsionava-se em desespero para entender este encontro assim tão inesperadamente esperado - tão súbito! Em verdade, sempre o seria em qualquer momento - estava ali a fera! O FK...
Titubeamos aos poucos as falas, assim como um motor com falta de ar no carburador e, desengasgando coisas recentes falamos coisas menores, como que a apalpar terreno e, lá me pediu desculpa por não me dar a atenção devida no aeroporto de Guarulhos. Disse-lhe que isso não era assim tão importante.
Em realidade mentia, agora com a fera ali tudo era importante. E, com tanta coisa para dizer, saímos dali para dar continuidade em outro lugar. Não é de admirar que estejam curiosos porque eu, também estou - e muito!
(Continua...)
O Soba T´Chingange
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