A NUDEZ DA VIDA – O MPLA DA LUUA inventava a maka!
Crónica 3406 – 28.05.2023 na Pajuçara de Maceió - Brasil
Por T'Chingange – (Otchingandji)
A história é fundamental para a compreensão de nós mesmos enquanto imaginamos constantemente como tudo poderia ser diferente, melhor no futuro. Tem a função de nos fazer lembrar o tempo todo do que fomos e somos capazes; do que aconteceu de uma certa forma e que nunca deveria ter acontecido daquele modo. Compreender a história requer o minucioso trabalho de reconstrução dos factos e, escalpelizar por meio de estudos de documentos, tratados, acordos, actas, crónicas, decretos de lei, e posturas, para daí não se enveredar pelo pendor especulativo ou inventivo para outras periclitãncias.
Quantos e quantos tratados ou acordos assinados pelas partes não foram depositados logo no dia seguinte no caixote do lixo – e, tudo feito por gente dita responsável. Militares de alta patente que garantiram quase com juras, que tudo; tudo seria feito em conformidade. Estou a lembrar-me do Acordo de Alvor assinado pelos intervenientes da descolonização na Penina (MFA,MPLA, UNITA e FNLA) obedecendo às cláusulas desse tal de MFA – Movimento das Forças Armadas do M´Puto. Nada foi cumprido como estava formatado na Angola de há 49 anos atrás…
As feras foram largadas das jaulas com a lei 7 barra 74 do MFA. E, agora vamos fazer o quê para o M´Puto!? As NT - Nossas Tropas já não eram nossas. Davam cunhetes, canhões e até carros de combate numa perfeita cooperação de entreajuda FAP- FAPLA mandando prólixo os acordos de Alvor, assinados na Penina. O MPLA da Luua inventava a maka! Inventava os pioneiros! Depois o Poder Popular! E surgiu o Kaporroto, o kuduro e a victória é certa. Eles já tinham inventado o monstro Imortal, o Valodia e o Monacaxito. Por fim o MPLA ficou com o poder e a guerra sangrenta, de onde eu e minha família saímos.
Tudo foi largado ao desbarato destruindo a vida a mais de um milhar de cidadãos, juntando nesta desventura a Província Ultramarina de Angola do mar Atlântico e a de Moçambique no Oceâneo Indico. O tempo passou, aparentemente curou feridas, muitos morreram com esse desgosto a fazer de câncer, sem o ser. Os perseverantes trilharam caminhos na terra matriz ou na diáspora; um pouco por todo o mundo. Eu, por exemplo, acabei por ir para a Venezuela na alçada do CIME – Comité Internacional de Migrações Europeias. Felizmente, dei-me bem naquele então em que governava o país Carlos Andrés Peres.
Foi um momento alto da minha carreira! Foi ali que realizei o meu pé-de-meia e que originou meu trilho de vida digna. Não obstante sempre mantive o sonho de voltar a Angola mas, a guerra civil que durou mais de trinta anos não o permitiria. E, o resumo é este: eu, saí de África, mas África não saiu de mim! Estando em Venezuela de Andrés Peres, entretanto no M´Puto o lema era "a terra a quem a trabalha". Na Rádio Renascença os trabalhadores avançam para a greve. O Conselho de Estado fazia reuniões atrás de reuniões.
A bem do povo e em nome da Junta de Salvação Nacional e do MFA, o almirante Rosa Coutinho, ligado ao PCP, aparece aos conselheiros de Estado, civis e militares, a sugerir legislação revolucionária. Qual? "Que o MFA não seja a expressão de um simples levantamento militar". De igual modo, o almirante Pinheiro de Azevedo que não lidava bem com aquela revolução, em tom jocoso levanta-se, esbraceja. "Os Srs. conselheiros civis assinaram a sua sentença de morte! Puseram em causa a Revolução!"
Na imprensa, na televisão e na rádio destacam-se notícias denunciando a sabotagem económica, a fuga de capitais para o estrangeiro. Esta breve estória da história deve funcionar como uma âncora mas, neste meu caso tive a sorte de seguir os atalhos certos na hora que o tinha de ser. Esta âncora não me deixou naufragar sob a ilusória segurança de pretensões e crenças, lamentando todo o mal.
Recorrendo agora à história sem a pretensão de esmiuçar casos mais específicos de regimes, governos que adulteraram regras na ideal linha civilizadora, num mundo em que me considero “Cidadão do Mundo” antes de tudo. E, sempre, sempre submetido de esperança de um mundo mais livre e justo. Sim! Porque a memória consiste na capacidade em trazer de volta ao presente as representações construídas no passado. A ilusão permanece mas, meu sonho esvai-se…
O Soba T´Chingange
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