ANGOLA - O COLONO - NA NUDEZ DA VIDA - Porque cada homem é um mundo, tem que ao tempo, dar-se tempo… O termo “colono” tem sempre cor branca e, o objectivo de explorar negros – Será assim?
::::: As escolhas do kimbo
Por: Antonio José Canhoto - Editado em 13.12.2016 em Roxomania
A definição de “colono” para alguns brancos residentes em Angola afectos directa ou indirectamente ao partido que governa este país desde 1975, bem para como para muitos negros da velha guarda o termo “colono” tem sempre cor branca e a finalidade de como objectivo explorar negros. Nada podia estar mais errado nesta forma generalista e radical de definir a palavra “colono” seja o visado de que raça étnica for como um explorador oportunista de negros, índios ou aborígenes.
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Filologicamente o vocábulo “colono” pode ser definido como a um individuo que faz parte de uma colónia, que emigra do seu país de origem para uma terra estrangeira além-mar, ou que pode ser no mesmo continente e de um país vizinho para a povoar, cultivar por conta própria ou de outrem independentemente da raça do seu proprietário e se este nasceu ou imigrou para o território.
Este acto migratório pode ter duas vertentes a primeira é quando um outro país exerce o controlo ou a autoridade sobre um território ocupado e administrado por um grupo de indivíduos com poder militar, ou por representantes do governo de um país ao qual esse território não pertence e contra a vontade dos seus habitantes quando o país é colonizado que, muitas vezes, são desapossados de parte dos seus bens (como terra arável ou de pastagem) e de eventuais direitos tribais, culturais e ancestrais que detinham.
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Na segunda vertente emigram a pedido do governo do país ou de empresas privadas que pela falta de conhecimento tecnológico dos naturais se vêem obrigados a procurar mão-de-obra especializada no estrangeiro, para suprir as suas próprias carências. Para uma certa classe de portugueses e angolanos brancos e negros enfeudados ao partido do governo a sua atitude maniqueísta é a de que todos que saem fora da “caixinha” do MPLA, pertencem ao “Reino do Mal” das sombras e da subversão politica.
E, os que afinam pelo diapasão governamental vivem no “Reino da Luz do bem da razão, da paz e da tranquilidade. Na minha opinião se estes reaccionários brancos cuja forma de pensar ficou parada na idade da pedra lascada pretendem continuar a usar o termo “colono” indiscriminadamente para ofenderem todos os portugueses que viveram em Angola até 1975 ou que para lá emigraram depois desta data:
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Aconselho-os a olharem retrospectivamente para os seus passados e dos seus pais ou avós antes de 1975 antes de atirarem a primeira pedra. Muito ingenuamente, pensei que o termo “colono” estivesse a cair em desuso, mas vejo que continua bem vivo nas bocas de alguns energúmenos brancos quando comentam alguns dos meus textos sobre Angola.
Não podemos enganar a história nem nos desresponsabilizarmos do mal e injustiças que cometemos, mas também nos devemos orgulhar das coisas boas que fizemos e que lá deixamos. Fomos certamente “colonos” durante os séculos que se seguiram à descoberta desse território o qual ainda nem nome tinha. Muitos milhares de portugueses emigraram para Angola na procura de melhores condições de vida com a finalidade de trabalharem para empresários e outros.
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Acredito que até finais do século XIX e princípios do século XX muitos dos portugueses que emigraram para as nossas antigas províncias ultramarinas o fizeram na qualidade de verdadeiros “colonos” aproveitando-se da exploração desumana e da mão de obra negra quase que escrava para enriquecerem. A forma comportamental desse tipo de “colono”, nada tinha a ver com todos aqueles que para Angola debandaram ou nasceram depois dos anos 50 com uma mentalidade aberta e diferente.
Construíram ali uma sociedade moderna e multirracial a qual se reflectia em todos os aspectos da comunidade. Quem disser o contrário mente! Se um empresário negro português tivesse emigrado para Angola, montasse uma empresa e tivesse empregados negros seria considerado um “colono”? Sinto-me no dever e direito de desmontar e desmistificar esta falsa questão do “colono” que não pode ser vista interpretada, generalizada com o epiteto de que COLONO BRANCO é RACISTA e EXPLORADOR.
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“Colonos” e colonizadores foram todos os países que nos séculos XV e XVI descobriram á volta do globo terreste novos territórios habitados por índios nas Américas, indígenas em África e aborígenes na Austrália, num estágio primário civilizacional com perto de 500 anos de atraso tecnológico em relação aos europeus e, que no entender destes descobridores precisavam não só de ser roubados, explorados, assimilados, cristianizados e infectados com todas as doenças que estes para lá exportaram.
Diogo Cão chegou á foz do Zaire em 1483 sendo a partir desta data que se inicia a conquista pelos portugueses desta região de África a qual era constituída por vários reis e reinos étnica e linguisticamente diferentes que se guerreavam pelo expansionismo regional. O primeiro passo pelo Reino de Portugal foi estabelecer uma aliança com o Reino do Congo, que dominava toda a região. A sul deste reino existiam dois outros, o do Reino de N´dongo e o de Matamba, os quais não tardam a fundir-se, para dar origem ao Reino de Angola em 1559.
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As fronteiras de Angola só são definidas em finais do século XIX, sendo a sua extensão muitíssimo maior do que a do território dos Ambundos, a cuja língua o termo Angola anda associado. A Rainha Ginga seu nome Dona Ana se Sousa “N´gola”, seu titulo real em quimbundo foi utilizado pelos portugueses para denominar a região conhecida hoje por Angola. Para além de ser considerada a primeira nacionalista de Angola, na minha opinião também foi a sua primeira grande colonizadora e eu explico porquê?
Esta rainha guerreira que morreu aos 80 anos, durante o seu reinado, anexou outros reinos e territórios, submeteu e escravizou os seus habitantes vendendo-os aos portugueses que os levavam para o Brasil tornando-se cúmplice no esclavagismo, bem como os utilizava como escravos trabalhadores nos territórios que controlava. "N´zinga" formou uma aliança com o povo Jaga, desposando o seu chefe.
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Subsequentemente conquistou o reino de Matamba e em 1635 coligou-se com os reinos do Congo, Kassange, Dembos e Kissama. Este pequeno intróito sobe a Rainha Ginga tem apenas e unicamente a finalidade de demonstrar que o processo colonizativo sempre existiu em todos os continentes quando as tribos ou etnias mais fortes de melhor apetrechadamente de armas dominavam as mais fracas fora dos seus territórios.
O objectivo expansionista, esclavagista, para sacrifícios religiosos ou para se apropriarem das suas riquezas, concubinas gado, e rebanhos era prática corrente. Os portugueses não foram certamente santos pelos territórios que descobriram e colonizaram, mas também não foram totalmente pecadores na miscigenação que desenvolveram e cultivaram com os autóctones. Não confundamos ou associemos a palavra “colono” apenas com a cor branca e muito menos só com nacionalidade portuguesa.
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