ANDO ENKAFIFADO - 02.04.2018
Que é isso do politicamente correcto? - “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra (malamba) foi feita para se dizer”.
Por
T´Chingange – No Nordeste brasileiro
Estou cansado do culto às coisas de preconceito. Toda a gente fala do mesmo, correndo o risco de entornar a verdade da palavra - Isso! De inverter as cores e marginalizar os brancos em detrimento dos negros; marginalizar os homens por não serem homossexuais, dizer à boca cheia de ter um “orgulho gay”; marginalizar uma boa esposa e mãe de família chamando de Madame a uma dona de bordel. De atribuírem cotas nas universidades em reserva de lugares para negros (um claro incentivo ao racismo), índios ou ainda anoréxicas donzelas.
Falarem isso alegando ser em defesa das minorias! Meus amigos, devagar que tenho pressa! Recordo-me de no acampamento aonde dormi com meu pai, de ter ouvido hienas a chorar e urros distantes de leões; relembro os bidons ao redor do acampamento contendo tochas de fogo pela noite para afugentar as feras em um lugar conhecido por Lucala e no distante ano de 1954; uma terra que deixou de ser nossa por pretonceito - Não é erro ortográfico não! É uma nova palavra de origem manwgolé…
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Nisto de recordações acabo por chegar ao conceito de se escrever “por linhas tortas” e é aqui que largo o preconceito, para recordar alguém de nomeada e, que mudou minha forma de estar. É ele Graciliano Ramos! “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra (malamba) foi feita para se dizer”. Assim diz Graciliano no ano de 1962, para comparar seu ofício de escrever com o acto de lavar roupa pelas lavadeiras do rio. Entretanto estavam passados oito anos, depois daquela minha dança com leões em Lucala de N´Gola.
E pelo dizer de Graciliano, um escrito deve ser lido e relido, ensaboado, esfregado, batido no lajedo, no burgau, como uma peça de roupa suja; depois, pô-lo a corar nas ervas, nas bissapas ou penedias, após enxaguar. Ler seus escritos é como revisitar um laboratório e obter capacidade literária independentemente dum qualquer estilo.
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Ele tinha o condão de elaborar um trabalho colocando no papel tudo aquilo que conseguia observar na pessoa, num animal, em uma cidade e sua sociedade, muito cheia de nuances. Foi um pouco a partir dele que trabalhei a curiosidade, descrevendo assuntos demasiado banais. E, fiquei também ciente de que o que toca a imortalidade é a obra e não o ser humano.
Pode-se escrever direito com caneta torta, tal como fazer coisas desalinhavadas sem usar agulha e linha. Graciliano Ramos possuía uma loja de tecidos com o nome de Sincera na Cidade de Palmeira dos Índios; Sem o querer acabou por ficar prefeito (presidente) desse Município. Isto para acrescentar que ficaram conhecidos seus relatórios ou actas pela transcrição de forma muito pessoal.
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Suas cartas, reparos e pergaminhos diziam assim a dada altura: “Por infelicidade virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desagradaram sobremaneira. Veja o senhor como coisa aparentemente inofensiva inutilizou um cidadão”. Foi deste jeito que enviou uma carta a um seu amigo argentino de nome Raul Navarro.
Com sua caneta transformava um banal relatório ou carta burocrática em uma verdadeira peça literária. E, já que isto é mencionado, quero também avivar relatos de seu exercício passados ao papel no ano de 1930; ainda eu, o T´Chingange, nem era um projecto de vida pois que minha singularidade surgiu no ano de 1945 e na convulsão dos sons de obuses da primeira guerra mundial.
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E, ele escreveria: “(…) convenho que o dinheiro do povo poderia ser mais útil se estivesse nas mãos, ou nos bolsos, de outro menos incompetente do que eu. Em todo o caso, transformando-o em pedra, cal, cimento etc., sempre procedi melhor que se o distribuísse com meus parentes, que bem necessitam, coitados”…
Vejam aqui tal ironia em seus procedimentos de honestidade, a comparar com os governantes que hoje proliferam avulso, santinho e gasosa no Brasil e em todas as partes chamadas de PALOPS… (Entenda-se Portugal, Angola e Guiné-Bissau). Homens políticos como estes, extinguiram-se!…
O Soba T´Chingange
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