TEMPOS PARA ESQUECER – 10.08.2016 - ANGOLA DA LUUA XI . NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA… Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. Na ausência de estadistas, houve demasiados traidores…
Por
(…) Os angolanos (entenda-se por pretos), passaram a ter direito a todos os terrenos, casas, fábricas, explorações industriais e comerciais, explorações agrícolas outros imoveis por constituírem o seu «legítimo património», os quais deixariam de pertencer aos antigos proprietários. Savimbi levantou a questão de que referir “interesses legítimos“ desta forma provocaria a debandada dos portugueses, afirmando não ser isso do interesse para Angola.
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Note-se o facto de se ter chamado aqui à atenção aos portugueses na falta de trato aos seus concidadãos e afirmou por último: «A expressão é tão dúbia que não restringe, nem exclui o vosso espírito de justiça! Porque ao dizer-se genericamente que todos os que espoliaram terras têm de se ir embora, isto vai provocar o êxodo. Em legítimo, cabe tudo!».
Tinha razão no que afirmava; nem os angolanos pareciam convencidos de tanta bondade portuguesa. Por via disto introduziram em um novo memorando com o factor de persuasão: “Portugal queria ajudar o novo Estado angolano a recuperar o que era seu de direito. Da parte portuguesa foi dito que a interpretação das palavras poderiam ser boas ou más. Enfaticamente a parte negocial portuguesa rematou no final: «façam como quiserem» ”
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Isto, simplesmente é inconcebível vindo da parte negocial de quem deveria salvaguardar a mínima decência! Isto permitia dizer aos angolanos que os bens dos brancos passariam a ser deles e aos portugueses de Angola eram desta forma assegurados com um simples “legítimos interesses”. Isto foi o assegurado no Alvor em meados de janeiro de 1975. Almeida Santos remataria: “O que está no nosso espírito corresponde àquilo que está no vosso”. Era o Adeus a Angola! Nada a fazer! … Eram estes os nossos defensores.
Melo Antunes ainda acrescentou ao já dito: “ No fundo, quem define o critério e legitimidade, são os Movimentos de libertação”. Coisa mais nojenta do que ambígua para quem negociava uma partilha de poder, tendo o poder (entenda-se como revolucionário). E, estes periclitantes documentos ficaram em adendas com o carimbo de “SECRETO”; por isso não foram lidos em Alvor! Assim combinaram previamente, diga-se. Almeida Santos referiu aos demais: “Se vamos ler e dar a conhecer isto, toda a gente começa a fugir daquela Angola para fora”.
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Isto dito, em nada perturbou a delegação portuguesa e os únicos que mostraram certa perplexidade e indignação foi a delegação da UNITA! Este não era o seu propósito, referiam entre si! Agostinho Neto estava simplesmente exultante de contentamento. Grande pandilha (leia-se portuguesa)! Se os Movimentos não estavam obrigados a ser clementes com os que tinham feito parte das estruturas coloniais, todos os que de algum modo tinham estado a elas ligados, poderiam ser presos ou mortos (o que veio a acontecer).
Cada Movimento, discricionariamente decidiria os casos merecedores de indulgência e, os que simplesmente acabariam em julgamentos sumários por tribunais populares ou esquecidos nos calabouços das prisões. Inaudito da parte portuguesa! Uma entrega incondicional de cidadãos pátrios, da metrópole, da terra Lusa; era mesmo o fim de tudo! Inimaginável e revoltante. O Acordo de Alvor, não era afinal mais do que a confirmação do protocolo de Mombaça, que traduzia o que os líderes dos três Movimentos tinham concertado no Quénia.
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Em suma: Os portugueses foram vencidos à mesa das negociações! No Alvor só fizeram mesmo um ajustamento a ser lido na sessão final de assinaturas (leia-se assassinaturas), remetendo algumas adendas para a pasta de “SECRETO” que só ficariam conhecidas pelos intervenientes (futuros carrascos). O papel dos negociadores nacionais (leia-se Portugal), foi tão irrisório que foi, pode dizer-se uma operação de chancelaria, limitando-se a só corrigir os erros da ortografia, língua Lusa. Melhor seria terem falado por assobios para assim pedirem isenção de culpa devido ao tom.
Os líderes dos Movimentos ficaram bem admirados de tanto descaso da parte portuguesa afirmando empolgados: “Eles querem ver-se livres de nós”. Eu, não estou a inventar mas sinceramente, tudo parece ser uma mentira. Foi assim mesmo e, é deprimente recordar tamanhas incompetências que vieram a ser considerados como os altos valores pátrios. Agostinho Neto diria posteriormente na Casa de Angola «Os portugueses já roubaram tanto que quase já não há mais nada para roubar».
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Neto, até lembrou que os técnicos dos laboratórios de engenharia da Luua estavam a encaixotar o material de Angola para trazerem para a sua terrinha. E, conclui nesse então: “Estão a saquear a nossa terra”. E não é que, o maluco primeiro-ministro Vasco Gonçalves o engrandeceu com palavras de boa catadura!? Tristes dias, aqueles! A maioria dos africanos (leia-se negros) não desejava a saída dos antigos colonos (frisavam bem sempre esta condição quando o caso metia brancos).
Os negros, não desejavam a saída dos brancos mas julgava-se ser difícil evitá-lo revoltando-se pouco convictos que os três Movimentos Armados fossem capazes de superar definitivamente as suas diferenças. Os militares portugueses é que estavam particularmente satisfeitos e até orgulhosos pelo trabalho feito por Rosa Coutinho. O Alvor-Penina foi efectivamente «uma caldeirada à portuguesa». Um jogo viciado viria a dizer mais tarde Mário Soares, um cidadão que julgava ter podido fazer melhor que todos os outos mas, de quem dele nada se viu de bom (tarde piou).
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Savimbi fez nesse então uma leitura acertada: As forças Gonçalvistas sempre pretenderam entregar o poder exclusivamente ao MPLA. Introduzido a martelo na própria Cimeira de Alvor, o vendilhão vermelho Rosa Coutinho movia-se nos corredores meio disfarçado cheiretando e manobrando questões de última hora! A UNITA e a FNLA tinham dito peremptoriamente que não queriam lá esta figura mas em surdina, conseguiram truncar esta postura. El estava ali para dar o seu suspiro aos esquerdistas do MPLA.
Mas, que cambada esta que actuou no Portugal amolecido na apatia, entorpecendo o povo com inverdades, suas sábias lérias analgésicas anestesiando as gentes. Técnicas avançadas no trato da sociedade. A descolonização acabou por ser aquilo que o MFA associado aos revolucionários do PCP queria que o fosse e, tendo os interesses dos portugueses que viviam em Angola sido totalmente ignorados. Houve um excesso de voluntarismo acomodado ao desleixo e, que levou os interesses nacionais a serem destratados…
(Continua…)
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