TEMPOS PARA ESQUECER – 08.09.2016 - ANGOLA DA LUUA XIX. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. Enquanto isto no cais de Luanda saíam camiões cheios de material bélico para o MPLA …
Por
(…) Em Luanda havia mortos e feridos sem gente capaz de os tratar nos dispensários de saúde aliada à falta de medicamentos, gaze, algodão e utensílios, Muitos dos instrumentos foram capiangados por auxiliares para serem usados nos comités de bairro do poder popular; ao invés de se pôr cobro a isto tudo se agravou de forma exponencial! Era o caos na saúde! Não muito tempo depois do Acordo de Alvor e tendo Silva Cardoso como Alto-comissário a CCPA pedia a Lisboa mais poderes por modo a impor a sua estratégia.
:::::
Silva Cardoso achava estar muito limitado e as práticas eram completamente fora do espírito do MFA por haver manobras de compadrio com o MPLA por parte de alguns oficiais desrespeitadores ao que estava estabelecido. Requeria-se haver mexidas nestes comandos mas de Lisboa nada de novo; Havia oficiais empenhados em instalar o que diziam ser “ a esquerda progressista” abandonando a política da “era Spinolista” e, tudo faziam sem serem sequer admoestados.
Podia por aqui, ler-se que Portugal com o seu MFA seguia uma “contradição básica” em reconhecer os três movimentos mas na prática ajudar só o MPLA. E, insistiam despudoradamente numa “quarta força” como era designada a ameaça branca, sabendo de antemão que esta não existia!
:::::
Lisboa dizia à CCPA que deveria ajudar o MPLA e sempre lembrava não se remeterem a uma atitude passiva desprezando assim e dando força a práticas arbitrárias contrárias ao que o Alto-comissário queria impor. O Acordo de Alvor estava a ser minado pelo próprio CR órgão orientador do MFA e Silva Cardoso viu-se no meio duma contenda sem saber bem como agir. Não estava senhor de todos os dados; achava que estava a ser traído mas as provas disso eram sempre contaminadas.
Em face disto Silva Cardoso fazia bluff dizendo amiudadamente ter de requerer intervenção a forças internacionais da ONU. Duma forma armadilhada e para eliminar definitivamente a FNLA, o MFA fazia secretamente acções concertadas por forma a assediar Savimbi para uma linha mais destacada mantendo-o como o fiel da balança na disputa FNLA versos MPLA. Mas, isto era só uma estratégia, uma manobra de diversão e, nada mais do que isso; não obstante, a maioria dos dirigentes da UNITA eram contrários a uma aproximação a Neto.
:::::
Reina agora na Metrópole do M´Puto uma incessante excitação. Dia sim, dia não está para rebentar um golpe militar. Era o tempo da conspiração; está-se sempre à espera de onde virá a próxima trama secreta. O COPCOM dispõe de novas indicações, está em preparação um movimento hostil spinolista. Ao cabo de horas o oficial moderado Vítor Alves é substituído no Governo, nas pastas da Defesa e da Comunicação Social por dois oficiais ligados a Vasco Gonçalves, Silvano Ribeiro e Correia Jesuíno.
Melo Antunes, Silva Lopes, Rui Vilar, Victor Constâncio e Maria de Lurdes Pintassilgo vão expor as linhas gerais do Programa Económico e Social em conferência. O grupo surgia num ingrediente do tempo como uma ficção. Os jornalistas estrangeiros presentes não percebiam como era possível "Estar já em curso um movimento geral de ocupações de terras no Alentejo, estando ali a propor medidas tão moderadas, ignorando o que se passava".
:::::
Março de 1975 é o mês em que tudo vai acontecer no M´Puto. As notícias aparecem de hora a hora. A revolução estava em ponto de rebuçado. Chovem nos quarteis notícias de golpes e contragolpes. Movem-se influências. Estão no activo as secretas alemãs, francesa e espanhola e há muito que a CIA e o KGB convivem entre os portugueses.
Consta agora à boca cheia, existir uma lista com nomes de 1500 figuras de direita a abater pela extrema-esquerda, operação designada "Matança da Páscoa". Atónita, a nação não quer acreditar. Em nome da Revolução, tudo era possível.
:::::
Belém do M´Puto reforçava por decreto em Março de 1975 uma política de activa neutralidade em relação aos Movimentos, coisa que na prática nunca se verificou. A CCPA, tudo fazia para que Silva Cardoso fosse exonerado e, sempre se afadigavam em fazer listas de oficiais a sanear; exactamente aqueles que não eram declaradamente revolucionários de esquerda. Neste meio tempo o Cônsul Americano Killoran afirmava abertamente que se tornara impossível viver em Luanda porque não havia alimentos e muita violência na ruas e assaltos não permitindo uma normal vida social.
As ocupações selvagens ocorriam a todo o momento e já havia em Luanda uns quantos lugares destinados a dar guarida a desalojados vindos de toda a Angola. O general Silva Cardoso, devido ao desrespeito constante pelos militares Lusos teve de ameaçar não haver perdão para com os militares encontrados a actuar “com partidarismo”. Ele soube que militares portugueses foram encontrados a saquear casas e negócios de brancos junto com o MPLA; Era lógico que isto, ele, não o poderia afirmar!
:::::
O papel de árbitro não se exercia com tiros! Isto já era letra morta; a anarquia já permitia aos partidos fazer quase tudo e entretanto o MPLA fazia chegar por mar, terra e ar armamento ligeiro e pesado. O MPLA fretava aviões à African Safari que entrava no espaço aéreo de Angola com conhecimento das “nossas” FA. Estes aviões aterravam em pistas já desactivadas e no Luso com armas pesadas declarando tratar-se de medicamentos e fardamento.
Os procedimentos eram mais que muitos. Só no Luso o MPLA descarregou sete camiões. Enquanto isto sucedia, na praia de São Tiago, em Teixeira de Sousa e por via ferroviária faziam-se descarregamentos em toneladas. Em outros pontos da costa a norte e Sul de Luanda e até no próprio cais desta. Para distrair as parcas forças das FMM - Forças Militares Mistas, davam durante a noite festivais de tiros para o ar no Bairro Operário como manobra de diversão para despistar; enquanto isto no cais de Luanda saíam camiões cheios de material bélico para o MPLA.
::::
Entretanto no M´Puto a “reforma agrária” tenta usar o "decreto-lei das nacionalizações, através do qual se assegurará "o controlo da economia". Os ministros decidem intervir no complexo agrícola de herdades, Donas Marias e Cavacedos, em Moura. Mais de 1350 hectares. Com que argumento? Subaproveitamento das terras, deficiente alimentação do gado, despedimento sem justa causa, não pagamento de salários e, mais importante, mau relacionamento do patrão com os empregados. Andava tudo num reboliço, os trabalhadores de caçadeira às costas a tomar os montes alentejanos. Ninguém me contou, eu vi!…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA