MEUS KITUCUS (mistérios) … O FUTURO é uma batata com dois fios nela espetados dando musica através de auriculares espetados nas orelhas via FM ou 5G…
Não sei se voltarei a passear nas ruas da Luua (Luanda)... Crónica 3098 – 07.01.2021
Por
T´Chingange - (Ot´chingandji) - No Sul do M´Puto – Barlavento algarvio
Não sei se voltarei a passar nas ruas da Luua que me viram crescer porque, também minha passada irá entristecer na recordação, do que foi e já não o é e, porque também nenhuma segurança terei sobre tudo e sobre coisa nenhuma que preside aos tempos de agora que por dá cá aquela palha, se ateia a mente queimando os fusíveis do curral e dos coiros. Lembrar o tempo em que presumivelmente - o fui, feliz, desleixando-me na compreensão das muitas infelicidades alheias.
Embarquei para o M´Puto sem o querer, pela inquieta, medonha ou desolada guerra do tundamunjila. A terra do futuro ficou adiadamente tardia na vontade, nos feitos e trejeitos, adaptando-me aos frios, sarando a ferida interior com pústulas feitas vulcões, comendo uma sandes na “Tendinha” de Lisboa do Rossio, um panado ou posta de bacalhau e um penalti (um copo de vinho tinto) enquanto me inteirava de notícias chegadas da Luua e de Angola em geral…
A terra do futuro ficou adiada sarando-me nas crostas de novas feridas por via duma guerra demasiado esticada; o futuro já não mais seria ali. Ele, o futuro foi ficando encrustado nessas cascas de ferida, cicatrizes, um misto de bactérias e ou vírus permutando-se nos entrelaçados de infecções encrespadas em mutações e acordos ora capitalistas, ora comunistas com senda de regras cada vez mais internacionalistas e tratados imcompridos...
Neste discorrer eu, ia virando caruncho de farinha atrofiado nas evidências e, sem direito a suspiro. Aquele pedaço de tempo exigia um modo de sobrevivência numa sociedade de um salve-se quem puder e, usando uma indigência com coisas esdrúxulas. Nessas vindas da ponte aérea “LuuaLix” todos os dias iam chegando refugiados envoltos em um enorme vazio! Com isto fomos todos obrigados a ganhar consciência sábia de entender o VAZIO da verdade – o VAZIO das pessoas!
Passando por Lisboa até Istambul e no lugar aonde Judas perdeu as botas, soprava (ainda sopra) um vento descuidado a indicar-nos que a tal “idade do ouro com segurança” e qualidade de vida tinha desfalecido. A Haga Sophia da antiga Constantinopla também se tornaria numa vulgar mesquita com emparedados mosaicos bizantinos a dar-nos conta que o Mundo era um sítio em permanente convulsão.
E, lá, aonde até o rosto esguio, macilento de Nosso Senhor fora tapado pelo barro com cal originando o cafelo denunciador de que ali, aonde oravam a Cristo o Messias, era agora aonde se curvavam a Alá… E, de um dia para o outro, nosso futuro, viajando-se de um para outo continente, de uma e outra cidade, tudo fica trancado, trancafiado, parado paradinho, de mãos lavadas e até os pés varridos de poeiras alheias, de um quarto em quarto de horas para eliminar uma praga invisível.
Assim, limpo e escovado, experimento comprimidos roscofes saídos de latas de formicidas, coisas arsénicas e creolinas numa empreitada de me manter imune e, o maldito do bicho ruim não me reconhecer na exactidão. Consoante a pessoa se ri, a gente (nós) se acha de voltar aos passados escolhendo as peripécias avaliáveis porque, viver assim entalado entre um era num era, viver, fica um descuido prosseguido. Pelo sim pelo não, também tenho umas bolachas amarelas de quinino para entorpecer as abelhudices, rejuvenescendo em mim este malvado “tempo de ir e vamos”…
Hoje em dia, já nem me queixo do passado com missangas da Luua porque o futuro vive repetindo o repetido e assim escorregadio sem conseguir tirar sombra dos buracos não há margem para remorder remorsos. Assim entrançado com espinhos e restolho, todo o dia de pijama, relembro o tal velho coronel, senhor também fardado com um pijama às riscas, sentado num sofá de orelhas, pele de boi já muito encardida, esfolada, olhando para o infinito, babando-se pelo canto esquerdo descaído, todo enfolipado lá na Luua, Rua Vintoito de Maio da Maianga…
O velho oficial estrelado, insensível ao cérebro abanado por uma trombose, com a lentidão das coisas graves e titubeadas com muxoxos, parece que fala – Hum, pois, não sabe; a kalashnikov, os turras, a febre do poder… E, na febre da maresia, eram bolas de trapos, meias surripiadas do pai a cheirar a sulfato de peúga! Mas, o que é que tem a ver o cú com as calças? Estão a ver o filme? É isso mesmo: Ache que não ache, toda a saudade é uma espécie de velhice…
Nota: Publicada em KIZOMBA do FB em 04.01.2021
O Soba T´Chingange
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