ANGOLA DA LIBERTAÇÃO - XXV
DEPOIS DOS ”OS 3 DIAS DAS BRUXAS” – CAMPANHA CONFLITUOSA…
Crónica 3201 – 08.10.2021 - “A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes”
Por: T´Chingange, em Cantanhede do M´Puto
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Após o 11 de Novembro de 1975, as casas abandonadas em Luanda maioritariamente pelos brancos, são entregues a “amigos” do MPLA e aos amigos dos amigos ou assim supostos; por toda a Angola se verificou o mesmo procedimento – fábricas, complexos desportivos, armazéns de géneros, bombas de gasolina, literalmente, tudo passou para a gestão do MPLA. Personalidades angolanas terão recebido apartamentos no Kilamba por terem apoiado o MPLA na campanha para as eleições gerais em Angola. Estas pessoas tiveram acesso privilegiado às casas mas, sendo propriedade do estado por confisco, supostamente, teriam de as pagar (digo eu…).
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Por tantas dúvidas no ar, tantas medidas arbitrárias, umas torpes outras sem explicação plausível, levam os jovens de agora a pedir explicações. Nos dois anos de 2019 e 2020 e, no actual 2021, protagonizam inéditas manifestações, estipulando como que uma espécie de moratória ao executivo angolano, antes de voltarem às ruas, uma e outra vez, pedindo eleições livres e sem batota, eleições municipais e o fim da mordaça e do estado policial, ditatorial na verdadeira versão da palavra; uma cleptocracia, um governo cujos líderes corruptos usam o poder político para se apropriar da riqueza de sua nação, com o desvio ou apropriação indevida de fundos do governo às custas da população em geral.
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Uns, declarados opositores, são pressionados, coagidos ou assediados, outros desaparecem misteriosamente e ainda outros são presos por se expressarem em desfavor do MPLA que se protagoniza como sendo eles, o país. Nas eleições parlamentares, a UNITA obteve uma votação de mais de 30%, portanto expressiva, mas que ficou aquém das suas expectativas. Nas eleições presidenciais, os cerca de 42% obtidos por Jonas Savimbi impediram que José Eduardo dos Santos, presidente em exercício que reuniu 59% dos votos, obtivesse na primeira volta a maioria absoluta, do modo que, pela legislação então em vigor, teria sido necessária uma segunda volta.
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Esta, não se chegou a realizar, porque a UNITA declarou de imediato que tinha havido fraude nas eleições presidenciais, e retomou as suas actividades militares - enquanto os deputados eleitos pela UNITA assumiam as suas funções de forma regular. A seguir a uma fase de êxitos militares, por exemplo a tomada temporária da cidade do Huambo, a UNITA passou a perder terreno de maneira dramática, devido ao reforço maciço das FAA (Forças Armadas de Angola), em pessoal, formação e equipamento, no essencial financiado pelas receitas do petróleo.
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Em paralelo, constitui-se uma dissidência da UNITA, designada "UNITA Renovada" e liderada por um dos deputados, Eugénio Manuvakola; esta corrente era a favor do abandono da luta armada e de uma concentração sobre a luta política. No fim dos anos 1990 era patente que a UNITA tinha perdido o combate, em termos militares. Perseguido por uma unidade das forças governamentais, Jonas Malheiro Savimbi é morto em Fevereiro de 2002. Segundo o jornal Público (do M´Puto): Jonas Savimbi morreu "de arma na mão", como "um militar", numa emboscada das Forças Armadas Angolanas (FAA), numa sexta-feira à tarde, junto ao rio Luio, sudeste da província do Moxico, ao fim de cinco dias de perseguição pelo mato. "Sete tiros foram suficientes para o abater". Foi assim que o brigadeiro Wala, na qualidade de dirigente da "força mista que matou o líder da UNITA", resumiu o fim de Savimbi aos jornalistas presentes no local em que o corpo foi exibido.
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Ano de 2002 - Após a sua morte, a UNITA tornou-se num partido civil e abandonou a luta armada. No congresso da fundação do partido, onde a UNITA Renovada e outros elementos dissidentes foram reintegrados, Isaías Samakuva foi eleito presidente. Concorrendo às eleições parlamentares de Setembro de 2008, a UNITA obteve pouco mais de 10%, tornando-se num partido com poucas condições para exercer funções efectivas de oposição. Em 2012, esta situação levou à saída de uma dos seus mais destacados dirigentes, Abel Epalanga Chivukuvuku que fundou um novo partido, CASA (Convergência Ampla de Salvação de Angola).
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Apesar desta perda, a UNITA aumentou muito significativamente, de cerca de 80%, nas eleições realizadas em 2012, duplicando o número dos seus deputados, enquanto a CASA obteve respeitáveis 6% com 8 deputados - constituindo-se, deste modo, uma oposição parlamentar significativa ao MPLA. Nas eleições de 2017, a UNITA quase duplicou outra vez o número de acentos no parlamento, saindo de 32 para 51 deputado, sendo que a CASA-CE passou de 8 para 6 deputados.
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A UNITA que tem tentado sempre demonstrar democracia interna realizando congressos de 4 em 4 anos, é hoje, o principal partido opositor ao partido que forma o governo afirmando-se como uma verdadeira alternativa a este. A morte de Savimbi também se reflectiu na mudança ideológica do partido, deixando o nacionalismo de esquerda e o socialismo humanitário (correntes maioritárias até então). Este facto alterou o espectro do partido, que, de situado mais a centro-esquerda, passou a um movimento sem ideologia dominante.
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Segundo Jofre Justino, o partido terá assim várias correntes, sendo a dominante, direitista, capitaneado por Isaías Samakuva. As demais correntes do Galo Negro seriam a da esquerda, dirigida por um general do terreno; e a do centro, capitaneada por Abel Chivukuvuku (que acabou por romper com a UNITA e formar um novo partido). O XIII Congresso da UNITA, realizado entre os dias 13, 14 e 15 de Novembro de 2019 foi o mais renhido da sua história, em relação à disputa da presidência.
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Concorreram 4 candidatos, todos eles dirigentes de proa do partido, como o diplomata Alcides Sakala Simões, na altura secretário para as relações internacionais, o deputado e académico José Pedro Katchiungo, na altura também vice-presidente da bancada parlamentar, José Abílio Kamalata Numa, um destacado General na reserva, o jornalista Manuel Raul Danda, na altura vice-presidente do partido e o Eng.º Adalberto Costa Júnior, então presidente da bancada parlamentar, que veio a ganhar as eleições, com pouco mais da metade dos votos. A UNITA é hoje composta por uma direcção coesa liderada por Adalberto Costa Júnior, Arlete Leona Chimbinda, primeira mulher a chegar ao cargo de vice-presidente do partido e Álvaro Daniel.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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