TEMPOS PARA ESQUECER – 13.09.2016 - ANGOLA DA LUUA XX. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. “Vai para a tua terra, branco” era o slogan mais metralhado por palavras acintosamente venenosas…
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(…) Veríssimo Sabino da UNITA, um comandante responsável, disse que o MPLA incitava a população, mulheres e crianças para avançar sobre a base da FNLA situada no Bairro Operário mas, isto já era conhecido por todos. Em Março de 1975 já havia misseis SAN 3 em poder do MPLA. Pergunta-se! Seriam usados contra quem? Decerto não o eram para construir a paz! O Postoyna, um vapor, descarregava numa praia bem perto de Luanda grande quantidade de material de guerra e viaturas com autometralhadoras tipo Panhard.
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Isto foi no dia 29 de Abril e para o efeito ocorreu mais um intenso tiroteio no subúrbio de Luanda para distrair as forças FMM para ali. Só neste entretém e, porque accionaram morteiros, houve 25 mortos e 110 feridos. As autoridades portuguesas perguntavam-se pela tal quarta força (dos brancos) e nada se constava. Andavam todos perplexos olhando um medo sem contornos definidos e mesmo sem nada fazer, pretendia-se que o fossem, culpados! Uma pura ficção com eventos borbulhando só na cabeça de obstinados árbitros; os revolucionários do vinte-e-cinco e do MPLA.
No M´Puto, o PCP promove assembleias de bairro em Lisboa juntando a Câmara Municipal, as juntas de freguesias, as comissões de moradores, as comissões de trabalhadores, cooperativas, colectividades e grupos de cristãos para o socialismo. O espirito é unitário, apelo muito usado e, reúne "todas as forças verdadeiramente interessadas no avanço do processo revolucionário." O Primeiro-Ministro desloca-se até ao Sabugo para falar à população e lançar cravos vermelhos, como é habitual.
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A seguir ao 11 de Março, Mário Murteira tomou conta do Banco de Portugal, orientou o processo da nacionalização da banca, comandou toda a economia. Mário Murteira colado ao PCP desempenharia um lugar proeminente na Revolução. Mário Soares sabia e tinha toda a razão quando disse a Silva Lopes ministro das Finanças quando indigita Murteira: "Acabou de meter no Banco de Portugal o Partido Comunista". As coisa corriam ao descaso e Silva Lopes respondeu-lhe: "Você está a brincar”! Em verdade, todos estavam! …
Creio que por estes dias da Luua, Lúcio Lara foi dos homens mais activos na contra informação. O MPLA tinha cada vez maior sofisticação nas formas de actuar. O sequestro de brancos para Praça de Touros de Luanda era levado a efeito pelo MPLA às claras. Ali, eram severamente espancados, seviciados, enfim, sujeitos aos mais inauditos vexames durante dias. Obrigam-nos a repetir vezes sem conta: “ O povo é o MPLA e o MPLA é o povo”. Com as NF – Nossas Forças, não se podia contar. Merda de tropa!
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E, a desmotivação entre estas, já era tão grande que ninguém podia contar com eles. Só estavam preocupadas em chegar ao 11 de Novembro sem se meter, sem dar tiros! Já em Maio, a população branca só esperava meios de evacuação porque nada mais lhes restava. Já havia um número elevado de locais com gente deslocada, que desesperava. As balas tracejantes continuavam a riscar os céus de Luanda. Era o 1º de Maio. Quem andou na guerra, não se recorda de ter visto assim tanto fogo. Os brancos tinham percebido por fim que estavam por sua conta e risco. Não havia a quem recorrer e, nada de tribunais.
Entre 29 de Abril e 2 de Maio os luandenses viveram debaixo de fogo cerrado e de grande intensidade, armas ligeiras, armas pesadas, lança foguetes e morteiros com acções de fogo posto e pilhagem. Houve muitas prisões feitas de forma indiscriminada! Havia refugiados no Liceu Feminino D. Guiomar de Lencastre com sessenta desalojados. Na Faculdade de Ciências na Avenida Marginal com cento e cinquenta e mais outros trezentos na sede da juventude da UNITA na rua Luís de Camões.
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Esta gente tinha saído por expulsão dos Bairros da Vila Alice, Cuca, Vidrul, Terra Nova, Cazenga, Marçal, Bairro Marcelo Caetano, Lixeira e Boavista. Gente do povo, brancos, mestiços e negros a carecer de meios de subsistência, sem conta bancária grande ou pequena; só a roupa do corpo.
Silva Cardoso o Alto-Comissário depois do Acordo de Alvor, era constantemente atacado pelo MPLA em comunicados via rádio e panfletos por não ser suficientemente revolucionário. Afirmavam que já não servia à revolução Angolana. Em dado momento, Silva Cardoso perante a constante insistência do MPLA de que teria de ser substituído, sugeriu à Direcção do mesmo movimento que classificassem o seu sentido de revolução ao referirem claramente que os brancos não eram queridos em Angola; isto para que assim, Lisboa evacuasse essa etnia alvo de “um ataque sistemático” por eles. Era só um jogo de palavras para fazer actuar o CR do MFA de Lisboa…
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Neto respondeu enfadado ao Alto-Comissário que para o preto, o branco era sinonimo de colonialista. Neto já se sentia com força para retorquir sem evasivas, prepotentemente sarcástico fustigava a pouca astucia duns e a burrice de muitos dos governantes portugueses. Almendra, o Comandante do COPLAD – Comando Operacional de Luanda, confirmava que alguns polícias brancos tinham sido presos em suas casas e levados pelo MPLA para a “tourada”, lugar prisão sob sua gestão.
No M´Puto os partidos à direita do PS encaram o futuro com alguma contenção. Por aqueles dias, chegava a vez dos social-democratas assistirem ao boicote de um comício do PPD em Almada. Depois dos oradores discursarem há muita gente a impedir a saída dos social-democratas do recinto. O COPCOM é chamado a por ordem na confusão. Reina agora na nação uma incessante excitação. Mas isto, era lá a mais de 8000 quilómetros da Luua.
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Por Silva Cardoso se insurgir em comunicados contra os desmandos e incentivos de rebelião por parte do MPLA, Lopo do nascimento em Maio, exige a expulsão imediata do Alto-Comissário em carta dirigida ao Concelho da Revolução. No final deste mês de Maio já havia cerca de 25.000 desalojados em Luanda e 50.000 pedidos de passagem para Portugal. “Vai para a tua terra, branco” era o slogan mais metralhado por palavras acintosamente venenosas ensinadas no poder popular dos comités de bairro do MPLA.
(Continua…)
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