TEMPOS PARA ESQUECER – 25.09.2016 - ANGOLA DA LUUA XX. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. “Vai para a tua terra, branco” era o que mais se ouvia na Luua de 74/75…
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(…) O descontrolo social em Luanda de uma forma ordenada e progressiva visava a que os brancos abandonassem Angola sem nada dela levarem. Nas escolas os alunos comentavam de forma propositada para os professores ouvirem: “ branco vai para a tua terra”; “a casa do professor é nossa”; “o carro do professor é nosso” e, por aí! Um pouco assim e por todo o lado! Eram as instruções de procedimento que tinham dos grupos de acções populares do MPLA e alguns fanáticos pais.
Os alunos e gente comum, eram incentivados a dizer isto e lançar boatos. A Direcção Politica do MPLA excluiu à partida “a revolta activa” de Pinto de Andrade do seu seio. A este grupo reduzido da pequena burguesia Luandense foi dito e reiterado viverem à sombra do nome da família aludindo a propósito: “Vocês têm bagagem política, têm capacidade intelectual mas não têm arcaboiço para a fase histórica e revolucionária de Angola”. Foram excluídos por simplesmente terem uma diferente visão de descolonização.
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Vitor Alves dizia à Rádio Voz do Zaire que o número de vítimas provocadas desde Março de 1975 pela violência em Angola era superior ao causado pela guerra colonial naquela ex-colónia. Em três meses tinha morrido mais gente do que em 14 anos de guerra colonial; algo nada lisonjeiro para os novos nacionalistas Neto, Savimbi e Holdem.
Em Luanda, somente os efectivos da UNITA não ultrapassavam o acordado em Alvor. A FNLA e o MPLA colocavam armas pesadas no topo dos edifícios. Estava-se em meados de Maio! O Comandante Naval Leonel Cardoso referiu não haver dúvidas de que o MPLA praticava acções simultâneas e concertadas em Luanda, N´Dalatando e Malange agravando a situação em fins de Maio de 1975. MPLA e FNLA estavam a criar zonas tampões nas quais ninguém podia sair ou entrar.
A dois de Junho é morto em combate o comandante Jika do MPLA; seguiram-se por todo o Norte de Angola ataques e contra-ataques com o predomínio do MPLA. As N.T. (tropas do M´Puto) efectuavam praticamente acções humanitárias com as missões mais diversificadas, levando pessoas e bens, mantimentos, evacuação de feridos e enterro de mortos. Os Angolanos de etnia negra, não estavam a mostrar em sua esmagadora maioria dignidade pela oferta recebida; não eram merecedores de apreço das pessoas de bom senso.
Os brancos protestavam nas ruas a cinco de Junho; queriam sair de angola da forma possível! Nesse dia cinco de Junho pela uma da tarde, a Delegação da FNLA na Avenida Brasil, foi sujeita a bazucadas e morteiradas que acabaram por atingir o Hospital Universitário matando três funcionários. Os doentes tiveram de ser evacuados para o Hospital Maria Pia aonde passaram a funcionar todas as urgências.
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No M´Puto, ao tempo, havia uma embriaguez colectiva. Nas ruas agiganta-se a confusão social. A Função Pública estava de novo em pé de guerra. A extrema-esquerda estava mais activa do que nunca, denunciando a direita e malhava no PCP. O Governo diz que a situação se aproxima do caos e faz aprovar um diploma que possibilita a ilegalização dos partidos políticos.
Chovem nos quarteis notícias de golpes e contragolpes; movem-se influências. Estão no activo as secretas: alemã, francesa e espanhola e há muito que a CIA e o KGB convivem entre os portugueses. Os serviços de informação poem a circular diversões na forma de boato! Mas, quem? "Uma das secretas; americanos ou os russos." Com que fim? "Lançar a casca de banana aos spinolistas", talvez. A partir daí o boato generaliza-se.
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Na Luua (Luanda), no dia anterior, 4 de Junho, as FAPLA bombardeou a Delegação da UNITA no Bairro Pica Pau (Comité da Paz). Morreram todos os seus ocupantes! Pela primeira vez a UNITA era atacada em Luanda e, foi com tudo! Lança granadas, metralhadoras pesadas e ligeiras; Isto sucedeu também nos bairros Operário e Cazenga.
No Pica Pau esquartejaram e arrastaram corpos vertendo sangue no asfalto (mais de 200 jovens pioneiros da UNITA). O MPLA não queria em Luanda nem fenelas nem kwachas! Houve combates até no Largo da Maianga e na Avenida dos Combatentes. Entre os mortos havia 3 soldados portugueses. Jacob Caetano denominado de Monstro Imortal do MPLA foi um dos que conduziu estas acções de cruel incidência com espancamentos gratuitos e selvagens assassinando gente inocente.
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O MPLA já não se contentava em retirar a FNLA; agora era também a UNITA a ser erradicada da Luua. Quem ouvisse os discursos de Agostinho Neto ou um qualquer quadro de destaque do MPLA, verificaria sem esforço no prevalecer das palavras de ódio contra os brancos, ovambos ou afectos à UNITA, gente do norte afecta à FNLA e gente ligada à FLEC de Cabinda.
As FAP na pessoa de Silva Cardoso dizia sentir-se impotente para resolver estes ataques mas no entanto, deu 24 horas para acabar com os tiroteios; a não se verificar seu cessar, teria de usar os meios ao seu alcance para se fazer cumprir. A FNLA estava a revelar-se ser um “tigre de papel”; fugiam ao primeiro tiro, largavam armas e de forma desordenada despareciam a receber protecção nos quarteis sob alçada dos portugueses. Eram como crianças crescidas que com uma arma na mão faziam coisas diabólicas, matando gente como quem mata galinhas; gente nada confiável!
(Continua…)
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