TEMPOS PARA ESQUECER – 24.10.2016 - ANGOLA DA LUUA XXIII . NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo… Ainda vão ter de me oferecer um passaporte diplomático…
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A 13 de Julho de 1975 a situação em Luanda era extremamente grave. Ocorriam confrontos no bairro Prenda, Cuca, Petrangol e, parte da delegação da FNLA já tinham abandonado suas destruídas sedes. Neste dia Silva Cardoso pediu a Lisboa reforços com uma Companhia de Pára-quedista, uma de Comandos e um destacamento de Fuzileiros mais Forças Especiais no mais rápido possível. No dia 15 as acções de fogo atingiram o ponto crítico repetindo-se cenas de saque por parte de civis marginais, nalguns casos acompanhados por elementos do MPLA.
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Havia apropriação abusiva de veículos e instalações pertencentes ao Estado; já havia dificuldade em distinguir se aquele organismo antes estatal o era efectivamente, ou não. Em Malange quase toda a população civil se refugiara no quartel das NF e, em N´Dalatando verificou-se o total abandono de todas as lojas e residências que foram alvo de pilhagem pela população africana apoiada por elementos das FAPLA, forças armadas do MPLA.
Hoje muita gente desentendida a propósito, pergunta a este e aquele porque saíram de Angola porque sempre nos identificamos com aquela terra que nos viu crescer. Se a amavam porque fugiram? Do porquê de abandonarem a terra que tanto dizíamos querer? E, talvez com a leitura deste cone de lembranças do passado possam reflectir das impossibilidades de ali permanecer, sem assistência médica nos cuidados mais elementares, sem mercados de géneros, sem escolas e um estado permanente de guerra sem frentes definidas.
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Era o processo de Rosa Coutinho a funcionar em pleno; provocar o abandono dos brancos, mestiços e negros com algum controlo administrativo na sociedade. As forças solicitadas pelo Alto-Comissário Silva Cardoso, estou em crer que não foram enviadas. Em Junho e antes do ataque à FNLA em Luanda, o General Fabião, Rosa Coutinho e o Coronel Varela Gomes reuniram-se em Havana com Júlio Casa Cerqueño, chefe da logística Cubana.
Daqui e, logo a seguir, embarcaram para Angola um General de logística, o Comandante Cadelo e o chefe da marinha Emídio Baias para com Neto concertarem as operações que se viriam a segui; tudo leva a crer, ter tudo sido feito à revelia de Silva Cardoso. Aliás, este era um personagem a contornar com manobras falaciosas pelos militares, seu camaradas frentistas do Vinticinco e o directório do sempre enaltecido MPLA.
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Em relação à “Batalha de Luanda” e a partir de 13 de Julho de 1975, Melo Antunes refere ter-se encontrado com Neto em seu Comité Central apercebendo-se que o MPLA, era já naquele momento um exército - ficou até chocado com a arrogância com que foi tratado, concluindo que Neto já não precisava de ser afável com ele e, o que estavam a fazer, era uma aplicação de um metódico plano para a tomada de Luanda.
Depreende-se no correr do tempo precedente que havia oficiais portugueses que estavam por dentro dos eventos em curso e outros que eram pedras fora do baralho! Os Generais de aviário trocavam as voltas aos demais companheiros. As manobras de diversão ficaram visíveis mais tarde! O vinticinco e a liberdade do povo da metrópole era trampolim para outras atitudes; era a descolonização que mais lhes interessava e do seu jeito, não de outra qualquer forma.
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No M´Puto e no dia 19 de Julho, às primeiras horas do dia, forças do COPCON substituem os civis nas barricadas efectuadas para controlo do acesso a Lisboa de manifestantes conotados com o PS que projectariam uma “marcha sobre Lisboa”. A 20 de Julho apesar das opiniões contrárias de alguns oficiais do COPCON, Otelo Saraiva de Carvalho parte para Cuba, durante a qual admite poder vir a aceitar o cargo de vice-primeiro ministro; são nacionalizadas as principais empresas de pesca.
Dá-se o início a uma onda de assaltos a sedes do PCP, MDP e partidos e organizações da esquerda revolucionária. Essas acções foram reivindicadas por um autodenominado “Movimento Maria da Fonte” que actuava no norte do país e era apoiado por certos sectores da Igreja Católica e por grupos anticomunistas. Dão-se manifestações anticomunistas em Viseu no seguimento de oito tentativas ao assalto a sedes do PCP. O M´Puto estava a acordar! É destruída a sede do MDP e a sala da Câmara em Matosinhos tendo-se registado 14 feridos. (JCS).
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Angola estava para lá entregue a si própria, aos bichos, às hienas, aos brancos exploradores, à pandilha que se mostrava na televisão, que se ouvia nas cantigas de intervenção, coisas de peixe podre, fuba podre e tudo coisa ruim com mais porrada se refilares. Cantigas do Rui e outros que tais a falarem meias mentiras, descuidando as verdades. Era um pântano de palavras comendo palavrinhas dando voltas ao miolo batucado. A percussão dos tambores encobria os desesperos de milhares das chamadas Províncias Ultramarinas.
Agostinho Neto, escudado pelo apoio militar de Brejnev, do marechal Tito e de Fidel de castro, já não necessitava de ser afável com grande parte dos miliares portugueses; alguns, poucos deram-se conta mas, já era tarde para fazer marcha-à-ré. O MPLA iria liquidar os outros dois Movimentos fazendo tábua rasa da presença portuguesa e dos acordos que tinha estabelecido com todos.
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Neto era um salafrário e já era demasiado tarde para recuar o processo. Os métodos foram variados ou bem diversificados! Inventaram que a FNLA tinha arrancado órgãos humanos; que os “fenelas” eram canibais, antropófagos, diziam! Eram corações em frascos e outros órgãos em clorofórmio roubados no “Museu Anatómico”. A médica assistente do Laboratório da Faculdade de Medicina que desmentiu o propalado em cartazes pelo MPLA; por esta denúncia, esta médica foi raptada da Maternidade de Luanda. Só foi solta em 1 de Agosto e, por pressão por greve de Médicos e Enfermeiros.
E, tem muita gente por aí que sabe o quanto é verdade estas macabras manobras! Muitas há que por tanto esforço em esquecer aqueles dias medonhos, dizem não se lembrar! Nem sei se acreditarei! Deveriam testemunhar aqui para que os novos saibam que não foi fácil nossas desventuras! Sofreram os que ficaram e sofreram os que saíram. Tem por aí muita gente altruísta que vai em cantigas de trololó a desmentir o que aqui se diz sobre esse monstro que foi, é e continuará a ser o MPLA, os que agora mandam ao seu belo prazer, que fazem sofrer o povo. Ainda vão ter de me oferecer um passaporte diplomático ou dar-me um prémio camões; mas, vai sendo tarde para se regenerarem.
(Continua…)
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