TEMPOS PARA ESQUECER – 20.11.2016 - ANGOLA DA LUUA XXV . NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. … Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo…
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No dia 27 de Julho de 1975 a FNLA e o MPLA aceitaram a saída de deslocados e refugiados das várias zonas em conflito e, principalmente dentro de Luanda, desde que a evacuação fosse feita exclusivamente pelas Forças do Exército Português. Não obstante contestarem as Forças Colonialistas, era a eles que recorriam em casos de necessidade; no fundo reconheciam ser a postura das Forças do M´Puto as mais cordatas, não obstante terem uma postura indelicada para com os brancos, seus patrícios e, por força de ordens dos donos do Concelho da Revolução.
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Os primeiros a partir de Luanda foram os cerca de 200 militares da UNITA, funcionários e respectivas famílias. No dia 31 de Julho de 1975 havia uma coluna de 300 viaturas com cerca de 500 refugiados em direcção a Nova Lisboa, actual Huambo. Em Malange não havia água e os poucos médicos presentes, temiam um surto de peste devido aos inúmeros corpos mortos espalhados um pouco por todo o lado. O material e armamento do ELNA decorrentes das rendições de Malange seriam entregues pelas NT ao MPLA.
A cidade foi abandonada por toda a população do asfalto e zonas urbanizadas, brancos e pretos dando lugar à entrada de gente carente que fugia de um para outro lado registando-se saques desordenados. A sete de Agosto as mais de duzentas viaturas fizeram seu regresso a Luanda com todo o pessoal do batalhão das chamadas NF. Como identificação arvoraram em uma berliet tramagal a bandeira nacional das quinas; no percurso mais viaturas se lhes juntaram.
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Não havia tempo para decidir levar isto ou aquilo de mais precioso; só importava levar o essencial, meter no carro e seguir o comboio. Um seja o que Deu quiser sem muito tempo para orações ou choros desabridos. Chegaram ao Grafanil de Luanda, quartel base das NF, 260 viaturas. Malange ficara um imenso cemitério. Pelas estradas viam-se milhares de africanos andando a pé em direcção ao Sul. O caos estava por todo o lado!
Na Gabela e em General Machado o MPLA e a FNLA confiscaram todas as viaturas incluindo as do Estado e as dos funcionários públicos que queriam fugir. Em Luanda, um soldado português foi alvejado pelas costas. Os portugueses advertiram que só a tropa integrada podia fazer operações stop. Um jeep que transitava na estrada de Catete na noite do dia 26 de Julho, pelas 23 horas e junto à sétima esquadra foi mandado parar por nove elementos do MPLA do qua fazia parte um tal de comandante Gringo.
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Após a paragem stop por estes militares do MPLA mandaram-nos seguir viagem e, sem mais nem por quê aquele comandante Gringo pegou na sua kalashnikov e num jeito de Rambo, com uma só mão disparou sobre aquela viatura militar a cerca de dez metros deste. Ficaram gravemente feridos um Alferes e um dos Sargentos que ali iam, vindo este a morrer mais tarde. Era esta a prática de todos os dias; azáfamas sem tarefas, ordens sem contra-ordens, disparates de crianças crescidas tendo uma arma na mão como brinquedo.
Por via disto o comandante do COPLAD montou um dispositivo de interdição de toda a área da Vila Alice por três grupos de intervenção e um grupo de combate de Comandos. A ordem era atirar a matar a quem fizesse fogo sobre as NT. Teriam de evacuar o quartel-general do MPLA. Após cinco minutos de fogo do lado português, a um pedido de Madaleno e Onambwa, comandantes do MPLA para pararem o fogo e, porque já havia vitimas entre eles, as NF pararam.
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Mas, eis que chegam quinze militares do MPLA querendo entrar no edifício e disparando; feriram deste modo 3 soldados portugueses. Nesta operação foi dito que se houvesse mais reacções os restantes quarteirões do MPLA sofreriam danos. A Praça de Touros foi bombardeada por via aérea e por obuses. O antigo quartel da PM do Morro da Luz estava cercado pelo Batalhão de Granja de Matos.
Nunca tinha sido montado tal aparato pela tropa portuguesa. Começavam a ficar fartos das fanfarronadas do MPLA e por isso a Vila Alice foi arrasada em termos de limpeza militar e segundo o Oficial português Almendra. Morreram 22 indivíduos do MPLA e foram detidos 11 por não quererem entregar suas armas. Aqui as tropas do M´Puto cumpriram sua missão; coisa quase inaudita!
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O MPLA teve de libertar dez prisioneiros brancos. Três dias depois o agora General do MPLA foi a Lisboa queixar-se a Costa Gomes. Para Silva Cardoso foi um acto de revolta pela indignação sentida. As tropas portuguesas corriam o risco de ser cilindradas pelo MPLA se assim não tivessem procedido. Por fim os militares portugueses deram um arremedo de compostura militar mas era já demasiado tarde para se imporem na perfeição.
Entretanto em fins de Julho, no M´Puto, Otelo Saraiva de Carvalho, no regresso da sua viagem a Cuba declara: “Mário Soares é uma das esperanças da direita em Portugal (…) O CR não mostrou a eficácia que todos esperávamos.” Oficiais e praças do Regimento de Comandos da Amadora insubordinam-se contra o seu Comandante Major Jaime Neves e prendem o 2º Comandante Major Lobato Faria. Nos Comandos, elegem como comandante interino o major Miquelina Simões. Em comunicado sancionam o saneamento de Jaime Neves, demitido!
Os militares em poucos meses viram Angola reduzir-se a ruinas, ajudando o MPLA, o mais ingrato de todos. Mas, de forma genérica todos os Movimentos devido à avareza, ambição e tomada do poder de qualquer jeito, ficaram com o ónus da culpa; uma selvajaria que tem de ser relembrada. Este basta, foi talvez a única atitude de louvar como salvaguarda de algum prestígio às NT. Mas, isto foi só uma nuvem passageira!
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Diga-se em verdade, que havia entre um número razoável de miliares com aprumo, revolta por este estado de coisas, pela desordem e falta de brio com traição. Dizem as crónicas de há 41 anos após aquele desaire africano: Dia 31 de Julho de 1975 - Intensifica-se a ponte aérea que a partir de Angola e de outros territórios africanos, durante vários meses, vai fazer afluir a Portugal centenas de milhares de retornados. O Alto-comissário de Angola, general Silva Cardoso, pede a demissão.
(Continua…)
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