TEMPOS PARA ESQUECER - 12.04.2017 - ANGOLA DA LUUA XXX. NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA. “Vai para a tua terra, branco” era o que mais se ouvia na Luua de 74/75… Alguém disse e eu terei de concordar - “tropa de cáca”.
Por
T´Chingange - (Otchingandji)
(…) O Batalhão do Luso, o de “pé descalço ou em cuecas” deixou armas, rádios, munições e até material cripto. O comandante deste batalhão disse ter preferido ser enxovalhado do que pôr em risco a vida d 800 civis, deslocados com mulheres e crianças. Uns dias depois a UNITA apresentou oficialmente desculpas a Ferreira de Macedo, o interino Alto-comissário. Este procedimento foi uma nodoa negra que se justifica talvez porque só tinham 3 meses de comissão; deduz-se que os instrutores seriam esses tais do PREC do CR que foi mandada para uma Angola desconhecida.
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Alguns, vim a saber que eram estudantes e que por este facto, ao regressarem tiveram passagens administrativas nos cursos que acabaram por concluir. Muitos destes passaram a gerir serviços técnicos nos organismos camarários e outros oficiais, sem estarem minimamente preparados. Saíram arquitectos quando nem desenhadores se poderiam considerar e, por aí! Outros técnicos de aviário fizeram e fazem carreira sem terem a correcta aptidão para além de serem uns abnegados militantes da esquerda, da onda do Ché Guevara (…) - gente preparada átoa, com devaneios por ideologias e, sem apego ao brio e ética.
Aquele despontar sem preparo de oficiais de aviário espetando os peitos abrilescos, heróis de cinco minutos, o suficiente para a fotografia fizeram a merda que fizeram. O baixar de guarda desta feita foi demasiado humilhante para um exército que se preze! Dá para entender todas estas ocorrências entre Agosto e o 11 de Novembro com escandalosa ajuda ao MPLA. Alguém disse e eu terei de concordar - “tropa de cáca”. Nunca chegue a saber se o Furriel indignado que deu uma chapada a um soldado das FALA foi ou não fuzilado como já li em qualquer parte!
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As fontes só dizem que foi levado para ser fuzilado ao qual o comandante afirmou: Fiquem com tudo, mas não façam mal a ninguém! Só quem lá esteve, poderá confirmar e acrescentar se sim, ou se não; se o Furriel foi mesmo fuzilado! As confrontações em Sá da Bandeira tiveram início no dia 21 pelos militares das FAPLA do MPLA acantonando as FALA e ELNA no quartel português; no dia 22 de Agosto, Costa Gomes pediu formalmente o auxílio dos EUA.
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Precisava de ajuda para evacuar os restantes 330.000 refugiados que queriam sair de Angola. Carlucci reiterou as instruções chegadas a ele desde Washington para não negociar com o Governo de Vasco Gonçalves. Isto só seria possível com a remodelação do governo com a saída de Vasco Gonçalves “o doidinho da esquerda” e, também as FAP não darem apoio ao MPLA. Nós “retornados ou refugiados!” fomos a moeda de troca para virar Portugal para a direita pró USA! Fomos manipulados por nossos supostos irmãos do M´Puto.
Fomos uns milhares de carneirinhos despojados de tudo; do direito à cidadania, do direito aos seus haveres, do direito à dignidade. Isto, nunca irei deixar de dizer, nem que me matem como e sob protesto disse o defunto. Fomos veículos de chantagem e tornados coisa pouca nas cabeças dos militares revolucionários do C.R. A 23 de Agosto o Diário de Luanda, noticiava a tragédia marítima ao longo da Costa dos Esqueletos na Namíbia. Várias traineiras saídas do Lobito, Benguela e Moçâmedes com centenas de refugiados desapareceram quando demandavam o porto de Walvis Bay.
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De uma flotilha com mais de vinte embarcações, três ainda não haviam chegado. No dia 30 de Agosto, dois draga minas da Marinha Sul-africana realizavam buscas na Costa dos Esqueletos. Nessa semana tinham desaparecido quatro pequenos barcos de pesca com sessenta refugiados a bordo. No deserto namibiano eram resgatadas 201 mulheres e crianças duma coluna automóvel que andava perdida e já, quase sem combustível e viveres.
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A carta de Costa Gomes no pedido formal aos EUA chegava às mãos de Gerard Ford a 27 de Agosto. Dois dias depois o Governo de Vasco Gonçalves caía dando lugar a Pinheiro de Azevedo. A partir daqui a ponte de LuuaLix foi reforçada com a ajuda dos primos britânicos e dos franceses. Entretanto em Luanda o MPLA instigava os estivadores do Porto de Luanda à greve, para deste modo dificultarem o carregamento de bens Portugueses que estavam a ser espoliados do que lhes pertencia.
Visto à distância e com mais de quarenta anos, os brancos deveriam ter feito política de terra queimada! Custa-me muito dizer isto mas, guerra é guerra! Tamanha injustiça merecia bem esta revolta, esta forma de indignação. Pois então fazer arder tudo o que em vida lhe dava vida! Nada disto sucedeu não obstante se receber dos mwangolés desdém com prepotência e desaforos muito ruis para serem curtidos. Era em verdade o que mereciam! Estou-me nas tintas para quem pensar de outra forma. Eles não foram merecedores de nossa benevolência!
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Numa directiva não declarada oficialmente, Henrique Santo (Onambwa) os operários recusaram-se a trabalhar com forças militares portuguesas dentro do Porto de Luanda! Traidores, muitas vezes! Pandilha de gente que tomou as rédeas do mando… Estes exigiam serem substituídos pelas FAPLA, um claro truque para não serem tomados como coniventes com o MPLA. Uma falácia para dar cobertura ao recente criado sindicato, gente do mesmo gabarito. Isto foi claro!
Os civis portugueses não aceitaram esta postura tendo daí sido atribuídas tarefas à Policia Portuária com a segurança do cais e da Armada. No carregamento de caixas, caixotes e haveres havia um mal-estar entre os Adidos e desalojados que cada vez mais dificuldades viam no correr do tempo. A pretensão do MPLA era controlar o porto e as saídas de bagagens. Muitos destes fiscais do MPLA eram mazombos como eu, brancos, mestiços e até alguns negros que vendo seu rabo a arder de medo, uma forma de falar, também embarcavam para o M´Puto!
Nada de mal disto! Havia muitos funcionários que pela lei dos Adidos teriam seu lugar garantido na metrópole; Mas em verdade, tudo isto era demasiado confuso. Ninguém tinha a certeza de nada! De manhã havia uma dica e à tarde, várias outras. Alguns destes até aí eram também fiscais aduaneiros por parte do MPLA, retirando ouros e coisas valiosas aos agora fujões. A partir de certa altura eram os proprietários dos haveres que faziam a estiva de suas coisas, seus haveres, carro e outros…
Uma ilusão
As minhas, não chegaram a passar para além do crivo de balas que impedia sua chegada ao porto do Lobito, ou Moçâmedes! Adeus fotos, adeus relíquias, adeus pertences e madeixas de cabelos dos filhos, recordações de uma vida! Terei de dizer isto muitas vezes para que alguém com tino refaça a verdade e nos peça desculpas, Portugal e Angola, claro! Evidentemente que vou esperar sentado; não vejo um qualquer governante ter essa nobre postura! Ainda tive alguma esperança quando Marcelo chegou ao poleiro mas, desencantei-me. Eles lá no topo, só serão estadistas quando nos pedirem desculpas… até ver, os ávidos ao poder, os ambiciosos, sobressaem na maioria…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
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