TEMPOS PARA ESQUECER – 12.11.2017 - ANGOLA DA LUUA XXXIV.
NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA - Não se fizeram só generais de aviário não! Foram muitos outros em muitas áreas que como políticos fizeram demasiados desmandados…
Por
T´Chingange - (Otchingandji)
De entre os regressados a Portugal cognominados de retornados e, após o funcionamento do IARN e Adidos, era notório haver privilegiados nas colocações no aparelho de estado. No imediato e no meio da balburdia a desatenção era relegada. Cada um tentava do seu modo solucionar sua saída da crise; arranjar trabalho, colocação aonde quer que fosse - sobreviver. E, eu tinha dois filhos para criar.
As solicitações dos municípios para o IARN em colocações de funcionários já levavam um nome para a pessoa a destacar e no desvario da revolução as colocações eram feitas preterindo os rebeldes conotados como os anticomunistas como eu que tinha preferido a UNITA em detrimento da FNLA e MPLA e da qual fui membro activo com o beneplácito de Jonas Savimbi que conheci em Nova Lisboa, hoje Huambo! Anos mais tarde Alcides Sacala da UNITA deu-me posse de Coordenador da Zona Sul de Portugal. Isto trouxe-me inúmeros problemas como escutas telefónicas entre outros contratemos que não cabe aqui enumerar.
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Recuando um pouco, minha base era a Caála chamada de Robert Williams, uma pequena cidade que ficou com o nome de um abnegado dirigente dos Caminhos de Ferro de Benguela. Até nisto se podia apreciar o quanto o aparelho do estado tinha sido tomado pelas pessoas ditas “progressistas”. Eu próprio fui rejeitado em detrimento de gente que ao chegar de Angola, mesmo muito depois do 11 de Novembro era colocado. Era gente conotada à esquerda! Hoje posso ver com mais claridade o que era essa força do Partido Comunista com suas células e comités de intervenção.
Ainda anda por aqui e ali muita gente com quem temos amizade e que dão um encolher de ombros às lembranças de então. Prometi a mim mesmo não me enganar continuando a ser eu próprio peneirando as opiniões, gerindo silêncios. Só muito mais tarde e a partir do 11 de Março de 1976 as coisas começaram a tomar outro rumo. Tive a sorte de ser colocado como destacado em um município tendo na presidência um elemento do MDP-CDE. Nesta descrição andarei um pouco mais à frente e atrás para inserir o essencial dos problemas que afectavam milhares de seres como eu e, em iguais circunstâncias; gente que quis esquecer e, acabou mesmo por assim ser.
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Convém aqui dizer que eles, os gestores do MDP-CDE, jogavam na sorte de obterem um técnico a ser moldado no pós-ingresso mas enganaram-se. Dias-a-fio, era assediado para ingressar em suas fileiras e ir comandar a tropas de insurrectos da reforma agraria no Alentejo e eu sempre escapei a este confronto. Não estava disposto a desalojar patrões pelos ganhões. Havia gente que me esclarecia do seu procedimento e da forma de ficar incólume nesta viragem da vida. As assembleias de trabalhadores eram mais que muitas e tudo se decidia de punho no ar.
Nunca eu levantei um braço e os olhos detectavam meu comportamento. Não saí ileso mudando-me para um Gabinete de Apoio Técnico com gente maioritariamente saída de Angola. Tinha de sair deste gueto Ribatejano com tomadas diárias de fábricas em mãos dos trabalhadores; decisões arbitrárias e execuções sumárias nas atitudes do PREC e cartilhas da revolução vermelha. Entretanto na televisão podia ver vasco Gonçalves em fúria espumar ódio ou lá o que era deitando para a multidão cravos.
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Era uma carta fora do baralho! Inscrevi-me para uma organização em Lisboa, CIME, Comissão Internacional de Migração Europeia e pouco tempo depois fui chamado, tinha colocação na Venezuela mas, teria de ir em barco. Eu vou sim! Nem que seja de barco à vela e, fui mesmo! Foi o melhor que poderia ter feito. Levei uns doze dias a curtir férias no paquete Flávia cheio de turistas saídos de Itália, destino Caracas com descida em La Guaíra.
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Mas convém aqui dizer o que era esse tal de MDP-CDE: Depois do 25 de Abril constitui-se como partido político, fazendo parte de todos os Governos Provisórios, com excepção do VI de Pinheiro de Azevedo. Concorreu à eleição para a Assembleia Constituinte de 1975 sozinho e, a partir de 1976, em coligação com o PCP, formando a APU. Em 1987, em dissidência com o PCP, já não participou na coligação eleitoral CDU, apresentando-se às eleições com listas próprias.
Nessa mesma data, alguns militantes dissidentes formaram a Associação de Intervenção Democrática (ID), que até hoje continua a integrar, como independente, as listas do PCP - Partido Comunista Português. Em 1994 fundiu-se com o grupo editor da revista "Manifesto", dando lugar ao movimento Política XXI, que veio a ser uma das correntes fundadoras do hoje Bloco de Esquerda.
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Em Portugal, havia gente do PCP a fazer triagem na colocação dos regressados do Ultramar Português em órgãos de Administração. Faziam listas, procuravam-nos e colocavam-nos nos lugares mais aprazíveis a contento destes. Que me fuzilem se estou a dizer uma inverdade! Os revolucionários do Pós-25 do PCP e MDP-CDE e o magote de gente que lideravam tomaram de assalto os Serviços de Educação, da Reforma Agrária, na Industria, Comércio e Sindicatos.
Recordo que o Sindicato da União de Autarquias Locais - do Sul, STAL a dado momento recusou o ingresso de técnicos em suas estruturas. Foi quando me senti relegado para a masmorras dum barco que passou a ser a minha pátria, lugar aonde guardei minhas mágoas, meus desaires num baú: - O NIASSA… Falo por mim, mas muitos outros tiveram que trilhar caminhos muito iguais. Para não me mentir, terei de continuar esta senda até que julgue estar ressarcido em parte dos desmandos, assim seja para desabafar porque, outra coisa não posso esperar. Este arquivo vai ficar morto como coisas do passado!…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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