PERFUME DE MALAMBAS . Sentado numa cadeira mocha…
MALAMBA: É a palavra.
Por
T´Chingange
Sem a solicitude do amor materno nem quinhão de ternura que a ela pertencia, o tempo mastiga-nos respostas inarticuladas e os sorrisos aflitos sem alma do passado, por vezes atormentam-nos; passeando meu isolamento pelo gramado na roça dos leões, sozinho-me em uma cadeira chueca de manca e dum aramado branco, escrevo esta em uma mesa também ela mocha de sustento. Procuro entreter-me examinando objectos minuciosamente como nunca os tivesse visto, olhando minhas unhas ranhosas, encortiçadas de estimação, noto que perdi as minhas cores europeias, muito cheio de carrapitos e sarapintadas manchas e funchos escuros.
Remoendo pensamentos fortes e decididos, de braços rigidamente cruzados, abismo-me num silêncio enrugado sem dignidade ou decência; aqui sentado e nesta postura, estando por estar, respiro a beleza de Setembro no planalto africano. Derreado com tantos anos de civilização no pelo, na derme e epiderme, relembro um curto passado, um indignado presente dum governo, do meu, uma súcia de criançolas, um bando de urubus bicando nossos pecúlios, nossas sarapintadas verrugas como se fossem perigosas extravagâncias. O passado! O presente! Ora Adeus! Predestinado a viver com sorvos de café de cevada, afago sua doçura com um generoso sol embrulhando em papel pardo as antigas fotos, do tempo da brilhantina.
Um dia, cheio de vaidades, sem reparar no rótulo, retiro à socapa, um frasco cheiroso de cima do guarda-roupa de minhas irmãs e, com ele, desfriso meus cabelos sedosos e pretos, risco ao meio com aquele rebrilhante óleo perfumado; minha banga de kandengue kaluanda durou pouco! Minhas irmãs riram a bom rir do meu aspecto engomadinho, colarinhos espetados, saturado de perfumes, mistura de pitanga com trevo e odores fortes de eucalipto e cedro! – Tonito, para onde vais com esse cheiro de óleo de cedro? De onde tiraste isso?
Caramba! Fez-se um sussurro de curiosidade e depois destravaram-se em gargalhadas. Toda a família rindo que nem perdidinhos no pátio dos mamoeiros, destapando grosseiras tosses, fininhos espirros. Pópilas! Naquele fundo de quintal e no lugar da Maianga as luzes, sinistramente amareleceram! Lá se foi a farra! As espirais de incenso espreguiçavam-se-me num saturado perfume, sacro e enervante! Naquele momento de xingamento, o desespero ladrou-me por dentro; foi aqui que começou a fadário de humilhação, de um amor-próprio ultrajado e, no entanto, sem escapulário, parece coisa pouca.
O Soba T´Chingange
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