NO BORRALHO DAS CINZAS . Para não me mentir, invento com lisgão! …
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Continuando com os meus suspiros entre o tudo ou nada, entre o real e a ficção, tento convencer-me na forma incerta do gerúndio, gerundiando-me. Do certo ao certamente, não foi fácil convencer-me na íntegra força transformadora do tempo, só porque de quando em quando afugento o desencanto. O facto de escrever, não faz de mim um escritor; o facto de mentir não faz de mim um aldrabão; o facto de roubar não faz de mim um político; o facto de ser político não faz de mim o senhor da verdade! Para escrever, limito-me a correr as páginas das revistas, dos jornais, folheando a vida dos outros e estórias em livros muito cheios de mofo, de limo, de lisgão, uma inexistente palavra pronunciada muitas vezes por minha mãe Arminda que Deus a tenha para dizer que as galinhas estavam com mal de ranho, fanhoseando-se.
Leio e releio, e sublinho, risco e rasgo, e até mastigo no que há de alvoroço humano nos gestos mesmo que vagos, imaculados ou outros imaginados sorrisos de quem arbitra com ou sem precisão, gerundiando-se. Mas em verdade ando numa fase de desânimo porque sinto o sóbrio dos desvios, do desentendimento de indivíduos que eu conheci e, de quem o tempo alterou em eles, o que neles via de essencial. Encafifado na bola que vai, na bola que vem, nas bolas coitadinhas que se deixam roubar, está-se querendo ver futebol mesmo com batota, mesmo batotando gerundiamente falando.
Agora é a Fifa que tem tifa! Tinhosos, tifosos… Mas isto já vem de longe, no recordar daquele linguajar de puto candengue, afinfa-lhe no sentido de comer muito, ser-se lambão ou lambareiro ou no ora-toma, que estás de costas. Os contos, os missossos, os mussendos que escrevo removem-se à minha frente, verdadeiros e reais, o que nem sempre o são completamente! Sou eu próprio que penso sobre eles, com as circunstâncias que o tempo ajuíza espelhando-se-me luaceiros de ternuras, de sorrisos sem malícia ou até às vezes, com a picardia que minha inventação comporta ou conquista.
Algumas pessoas de que falo são pessoas que existiram ou existem na minha vida, umas são delicadas, outras passam-me ao lado, outras, ninguém as conhece; gente afinadinha, engomada até nos gorgomilos, gente que anda sempre com um metro no bolso mediando as palavras deles e dos outros; línguas afiadas! Claro que com essas não brinco, não as trato por tu nem mostro meus dentes novos, os comprados, pivotados. Quando as descrevo, descubro-me nas vidas deles e, com o tempo, desconstruo a ficção começando a ser eu próprio. Contar a vida dos outros é um exercício, é interrogar a nossa própria existência reinventando-nos na ficção porque tudo não passa de uma fantástica ilusão. Isto também é uma coisa que só o tempo depura!
O Soba T´Chingange
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