SONHOS COM CHUVA – Com cuculos de contemplações inertes…
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
Por
Retouçando penúrias numa relvagem natural, firmei minha relação de vida com a natureza plantando muitas árvores, formando dois filhos, construindo minha kubata, muitas escritas na forma de crónicas, poesias esparramadas em textos encarquilhados, pinturas avulso, gestor, presidente, secretário, vogal, guerrilheiro, agente secreto, desenhador, árbitro, monitor, chefe e patrão, um permanente viajante compulsivo. Percorrendo mais de vinte e cinco países e vivendo por longo tempo em sete deles, Angola, Portugal, Venezuela, Brasil, África do Sul, Moçambique e Namíbia, tive sempre o suficiente ar para respirar, água para me preencher, terra para me purificar e o suficiente dinheiro para mandar cantar um cego, aqui estou!
Ainda percorro por dia uns sete a oito quilómetros embebendo-me por onde passo nas minúcias do que vejo, e em cada sítio, reflicto-me na dádiva de poder ver tudo com graça superior; quanto mais me conheço, mais acho estranhas as pessoas que se fecham em uma concha, inertes, agarrando-se às coisas, seus jarrões chineses, ao dinheiro, à artrite com dores de muitos queixumes, descurando o que há de essencial na vida, viver! Gente que nunca teve o prazer de dar um chuto num peido de velha, um fungo que se forma bola e que quando pontapeado se faz numa nuvem de fungos amarelos na forma de pó, gente que nunca fecundou a natureza cagando num mato rodeado de urzes, giestas ou carrascos. Gente que nunca saltou um muro para roubar um figo, uma maça da índia, uma gajaja, um tamarindo, que nunca se picou na apanha de tabaibos, nem apanhou um susto de lacrau nos fundilhos ou foi invadido com kissonde nem coceira de feijão maluco.
Com ligaduras amortalhadas no tédio, leio corridamente livros galgando de alma desatenta as turvas escritas feitas de olhos postos no lucro; muita avidez, muita presteza e rapidez mercenárias, coisas encomendadas, mal redigidas e outras sem jeito, feitas a eito! No percurso de minhas léguas sobre um esteio de cuculos, contemplações inertes, pasmo-me num medo vago de ter por aí uma qualquer maleita, uma qualquer de vago medo que me calcorreie num declive sem claridade, uma legionella que caia na perpendicular entre cortinas cinzentas de pavor e pingos de chuva seca. Hoje mesmo reguei a minha orquídea! O único botão abriu, bonita, um milagre! Todos os dias, tento fabricar um!
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA