ANGOLA DAS CINZAS – AFAGANDO LEMBRANÇAS - Zeca Kafundanga, um personagem que ainda só era kandengue …3
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Kafundanga vivia em um anexo-suíte com quarto de banho privativo no fundo do quintal da rua José Maria Antunes número vinte e dois. Meu pai Manuel Cabeças decidiu fazer em madeira um puxadinho, assim um prolongamento de duas águas logo a seguir ao tal de suíte em alvenaria, património original do senhorio. O quintal grande tinha mamoeiros, fruta-pinha, goiabas e um grande pau de mandioca brava que cobria o tanque de lavar roupa com sua copa. Junto ao galinheiro coberto a chapa de zinco Manuel Cabeças, meu pai, construiu um forno com argila, cal e tijolo burro e, ao lado um alpendre também coberto a chapa de zinco com uma mesa e bancos corridos. Era neste forno de quintal que minha mãe Arminda, Forreta de alcunha, fazia pato com batata, coisa que só mesmo ela sabia fazer.
Foi neste quintal que Kafundanga, ainda novo, começou a revelar dotes habilidosos de cozinha e entre esfregões, barrelas de sabão macaco com esponjas de pepino (luffa), nos intervalos aprendia como fritar ovos e assim passou em definitivo a ter um tirocínio de estagiário grátis e até gratificante no lar doce lar da Dona Arminda Topeta Forreta, senhora minha mãe.
E, passou a tratar das galinhas do mato (fracas) pombos, indistintos galináceos e até passarada e periquitos, que também por ali estavam em gaiolas distinguidas. Eu, ainda puto de uns talvez quatro anos recordo de o ver muito atarefado fazendo seus remendos à dita capoeira e gaiola; havia por ali uns alheios gatos cobiçando os vistosos periquitos e catatuas.
Aquele quintal era um mundo muito repleto de barulhos desde os primeiríssimos raios de sol e, os cantares misturados eram aconchegantes aos nossos ouvidos. Havia ali celestes, rabos-de-junco, canários, catetes do Icolo, tico-ticos, viuvinhas e outros eteceteras que no correr do tempo Kafundanga apanhava com visgo da mulemba e armadilhas engenhosas em sítios não muito longínquos.
Recordo mais tarde uma poça de água não muito longe do Poço da Maianga, em direcção à Samba e bem perto da casa dos malucos. Naqueles idos tempos de 1949 tudo aquilo por ali era mato! Luanda só chegava mesmo ali ao largo do sinaleiro da Maianga confrontando com a horta do Miguel das Barbas e, com a estação da Cidade Alta e asfalto, malé (não tinha!), só mesmomesmo pó.
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
(Continua…)
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