MU UKULU...Luanda do Antigamente – 02.03.2019
Recordar também os cultos mortuários com uma panóplia de artefactos, símbolos de riqueza a dar importância ao nobre, cobrindo-o deste seu austero poderio.
Por
T´Chingange – No Nordeste do Brasil
Luís Martins Soares – No Rio de Janeiro - Brasil
Ainda como adenda a livro de Mu Ukulu de Luís Soares, aqui se irá falar das moedas correntes desde o ano de 1641 a 1910 em Angola e zonas de influência. O lingote era vertido em nó de caniço, uma forma manejável de um metal pesado, monetário ou não. No entanto a forma cilíndrica, ou vergalhão, era a mais espalhada pela África austral, tal como o material para a confecção de manilhas na forma de mutsuku, os “cilindros rectangulares com fileiras de tachas no topo”.
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Cada manilha era equivalente a 133 gramas de metal, o preço de uma enxada de ferro. Os tamanhos mais pequenos deste lingote, lembram as orelhas de um martelo: foi um tal Bent que primeiro descreveu o objecto, encontrado pela sua escavação das ruinas do Zimbabué em Fort Victoria e, de que Hall and Neal em 1903 encontraram o molde feito em talco xistoso, na estação de U’Mununkwaba, juntamente com gongos duplos e “um jogo de bolinhas de talco xistoso”.
Outros 12 moldes conhecem-se de Elizabethville e da Zâmbia; 21 espécimes foram encontrados por António Joaquim da Rocha “em Gwengue, junto ao rio Búzi, na propriedade do Sr. Clemente da Silva”, província de Manica e Sofala em Moçambique.
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A cruzeta era em tudo igual à cruzeta dos povos primitivos da Europa. Os mutsuku já eram fundidos pelos Lemba, autóctones do Transvaal setentrional quando os Venda bantos ali chegaram no século XVIII. Os lingotes africanos mais semelhantes ao objecto moderno foram produzidos pelos Kwena – mineiros do estanho do Rooiberg, distrito de Waterberg no Transvaal – em moldes cavados em areia ou talco xistoso.
Lombongo – De libongo, nome dado em Angola ao “paninho” tecido no Loango, que corria como moeda no reino do Congo e em N´Gola. O termo parece ter começado a aplicar-se às moedinhas de cinco reis que circularam neste reino a partir de 1695; segundo o autor, o termo é crioulo, derivado do kimbundo m’ilambongo, “uma quantidade de imbonge” (sing. m´bonge, ou ‘bongue’) coisa de contar, como o nó do caniço.
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Significa hoje, simplesmente, “dinheiro”. Macuta – do kimbundu makuta, plural de likuta, o nome quicongo dos célebres “panos”, tecidos de fibras vegetais que correram como moeda em Angola até 1694. A partir deste ano, correram principalmente moedas de 10 reis produzidas para “o Brasil e Guiné”, querendo ‘Guiné’ dizer todas as possessões portuguesas.
As macutas, com o dístico “África Portuguesa”, só vieram a ser cunhadas em 1762, no tempo do marquês de Pombal. Conheceram, porém, uma grande distribuição no reinado de sua filha D. Maria I. Houve emissões em 1783 (12, 10, 8, 6, 4 e 2 macutas, em prata; 1 macuta, em cobre), 1784 (6 e 4 macutas, em prata), 1785 (1, ½ e ¼ macuta, em cobre), 1786 (1 e ½ macuta, em cobre), 1789 (12, 8, 6 e 4 macutas, em prata; 1, ½ e ¼ macuta, em bronze) e 1796 (12, 10, 8, 6, 4 e 2 macutas, em prata portuguesa correndo em toda a costa ocidental de África.
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As macutas foram desvalorizadas 50% sob o regente D. João, em 1814 (carimbadas nas missões até 1816), e não tiveram novas emissões no reinado de D. Miguel. No reinado de D. Maria foram de novo desvalorizadas em 20%, mas houve novas emissões em 1848-51 e em 1853. Sob D. Pedro V houve emissões das moedas de ½ macuta (1858) e de 1 e de ½ macuta (1860).
No reinado de D. Luís I houve um ensaio de nova moeda para Angola: as moedas de 20, 10 e 5 reis de 1886 substituiriam as macutas, mas nunca foram produzidas. Assim, as macutas correram em Angola até à implantação da República em 1910, durante, portanto, 148 anos e 9 reinados.
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A terminar esta longa conversa sobre dinheiro na forma de n´zimbos, depois caurins, mais tarde panos libongo, colares e manilhas de missangas de coral e vidrilho com caurins entremeados ou pendentes de cingir a garganta ou os pulsos de mulheres e homens, fazendo realçar o ébano da cútis, acabamos nas macutas e angolares. Recordar também os cultos mortuários com uma panóplia de artefactos símbolos de riqueza a dar importância ao nobre, cobrindo-o deste seu austero poderio.
De salientar que no Bié, a principal unidade de troca para alimentos e quaisquer outros produtos, exceptuando o marfim os escravos, era o pano. Cada pano media uma jarda, equivalente a 14 mm e, cujos múltiplos eram: a beca com duas jardas, o lençol com quatro jardas e a quirana com oito jardas.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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