FEROMONAS DA VIDA... De Luanda do Antigamente até Benguela – 16.12.2019
- Saber do passado para melhor se entender o futuro...
(Este texto já foi publicado em Kizomba a 04.09.2019 e, é agora remetido ao Kimbo para constar na Torre do N´Zombo…)
Por
T´Chingange – No M´Puto
Na busca de Catumbela, Lobito e Benguela ao Sul de Luanda pude recolher alguma informação através do blogue “Pensar Angola” e, na minha busca blaguista, tenho de relembrar que os blogues de antigamente eram chamados de blagues, segredos da arte de navegar usada pelos Tugas no achamento das terras. Já naquele tempo e com instrumentos singelos, os portugueses usavam a modernidade de hoje através dos ouvidores e blaguistas; gente que escutando nos portos de Cabo Verde o segredo desses ventos, nas datas de sua fúria, tempestades e as marés, assim passavam a palavra…
Aqueles olheiros e ouvidores eram investigadores espiões ao serviço de Castela dos portos de Antuérpia e praças-fortes da Holanda do comércio em expansão no Mundo! Nesta voluntariosa missão de arrumar as terras nas cartas, quase todos os dias observo a latitude a bordo e, conferenciando andamentos com o piloto fictício, dou compasso às singraduras, prevendo as léguas, a influência dos ventos e das correntes.
Espalhamos padrões com a cruz de Cristo por toda a redondeza da terra, em caravelas, naus, bergantins ou canoas, navegando à bolina, com o Siroco ou Alisado, percorrendo as costas dos mares e, neste caso concreto as de Angola, com seus rios largos e boas enseadas para ali se abrigarem. Por tudo isto, os Portugueses são os grandes culpados da globalidade de hoje. Las Casas, cronista conceituado, dito portador da verdade, confidenciou-me em sonhos, que Duarte Pacheco, antes de 1494, já tinha descoberto não só terras brasileiras como também a Flórida só que, tal não podia ser revelado pois o destino do caminho marítimo para a Índia era segredo absoluto.
A arte de navegar de hoje “via Internet” não tem nem de longe a audácia daqueles portadores, dum veículo chamado agora de globalização… Com mar cavado, perfurando os medos, ultrapassavam baixios, conquistavam terras a “uma boca não he mais de hum tiro d’arcabuz”. Com o progressivo descobrimento da costa africana, os Tugas iam-se fixando em seu litoral, fundando povoações ou feitorias e, num acto civilizacional conviviam com o gentio - Na comitiva das naus, sempre ia um padre da Igreja Católica levando a bênção do Papa, a maior figura, Juiz do Mundo e Chefe dos Reis. Um Mwata da Globália…
Com espírito aventureiro e mercantilista portadores das ordens régias e na senda do cristianismo, as gentes lusas palmilharam como funantes as vastas regiões dos matos observando a fauna, as espécimes vegetais e modos de vida do gentio. Isto levou muitos a embrenharem-se pelo sertão tendo como armas de defesa uns arcabuzes do tipo canhangulo ou pederneira, muitos carregadores e, em fila, lá iam desbravando o conhecimento, o mel silvestre, o marfim, carne e muito deslumbramento…
Nesta busca pelo interior, é incontestável que os primeiros contactos foram-no através do Bailundo; nestas terras, comerciou o Capitão-General D. Manuel Pereira Forjaz, em 1610, seguido pouco depois pelos funantes de Benguela e Catumbela, estabelecendo-se em lugares como Caconda ou Kaluquembe. Em 1770 ou 1771, o governador Sousa Coutinho fundou a povoação de Nova Golegã, aonde se instalou um Juiz-Regente – género de Mordomo, representando o Governo do Rei junto do Soba.
Parece ter sido José Francisco da Cunha o primeiro a desempenhar estas funções; outros se lhe seguindo, com frequentes intervalos, até que, em 1885, Silva Porto, nomeado Capitão-Mor do Bié e Bailundo, estabelece definitivamente a autoridade civil naquelas paragens, com carácter de permanência. Três anos depois, é substituído por Teixeira da Silva, que vai residir para Belmonte, fixando-se mais tarde no Catape, a partir de 1891, quando se dá o desmembramento da capitania.
A 16 de Julho de 1902 é criado o concelho do Bailundo, com os postos militares do Balombo, Huambo, Luimbale, Galanga, Cassongue, Sambo e Bimbe, transformados em postos de polícia civil no ano de 1911. Em 1769, aquele já falado governador pombalino, Sousa Coutinho funda no Quipeio a povoação de Paço de Sousa. Nada se sabe quanto à sua existência, pois que deve ter sido efémera. É de crer que o primeiro regente da província do Huambo tenha sido João dos Santos Moura, em actividade nos fins do século XVIII e princípios do XIX.
Em meados deste, deixou de existir autoridade civil nesta região, o que permitiu o regresso à desordem e anarquia. Após a campanha de 1902, foi instalado na Quissala um posto militar, sob a jurisdição do Bailundo. Elevado a comando em 1909, foi em 1911 transformado em concelho. Neste mesmo ano foi também estabelecida a primeira comissão municipal. Do concelho do Huambo se desmembraram sucessivamente os da Caála (Robert Williams) mas, que se diga (primeiro, foi o Lépi), em 1922; o da Bela Vista, em 1957; e o da Vila Nova, em 1960. Em 1934, surgiu o Distrito, integrado na província de Benguela, da qual se desintegrou em 1954.
Foi ainda Sousa Coutinho o fundador da povoação de Linhares, no Galangue, em 1769, ignorando-se a identidade do primeiro regente, cuja jurisdição se estendia ao Sambo. Em 1806, Francisco Lucas da Fonseca passou a intitular-se Juiz-Regente da província do Galangue e Sambos, neste último sobado tendo sua residência e ali exercendo sua autoridade até 1821. A partir desta data, deixou o Governo de ter representante qualificado nesta região. Em 1902, foi criado o posto militar do Sambo, mais tarde transformado em civil, e posteriormente pertencente ao concelho da Vila Nova.
A fundação da Vila da Catumbela data-se em 1836, por D. Maria II, rainha de Portugal. Mas o certo é a de que o Porto do Lobito sempre teve a Catumbela como uma extensão deste porto. Ter em atenção que em 1846 foi construída a fortaleza da Catumbela (Reduto de São Pedro), que hoje é um monumento histórico. Entre os anos 1856 e 1864, começaram a surgir as primeiras fazendas, como São Pedro, Fazenda Maravilha do Cassequel, Fazenda do Lembeti, e ambas exerciam actividades relacionadas ao cultivo do algodão e mais tarde cana sacarina para o fabrico de aguardente.
Entre o Lobito e Catumbela e, antes da fundação desta, existiam povos desta localidade. Povos que se dedicavam à agricultura, ao cultivo do milho, feijão, abóbora, batata-doce e outros produtos agrícolas mas, e também à criação de gado. Em 1883 iniciou-se a construção da estrada que liga Benguela a Catumbela, cuja actividade foi concluída em 1889, e ainda em 1889, foi o ano em que construiu o actual cemitério, por José Lourenço Ferreira. A Cana Sacarina foi introduzida de forma intensiva no século XX mas, com a participação dos Cubanos na guerra civil que terminou no ano de 2002, esta cultura foi abandonada por via de sua influência; Aqui, compreende-se o interesse em Cuba gozar de privilégios com a importação do ouro branco de sua ilha no Caribe…
NOTA: Esta descrição foge um pouco ao descrito no livro de Mu Ukulu, por via de se dar a conhecer o que se passava em um todo, numa vasta Angola. Voltaremos ao livro de Luís Soares assim que for oportuno… Este texto já foi publicado em Kizomba a 04.09.2019 e é gora remetido ao Kimbo para constar na Torre do N´Zombo…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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