DO M´PUTO - DO LIVRO PROIBIDO . III
DE
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA - O que não pude (ou não quis) escrever até hoje. «O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever»
Sobre Sócrates - Mais um episódio esquisito
(…) Nas vésperas de Sócrates assumir a liderança do PS, em Setembro de 2004, Margarida Marante liga-me a dizer que ele acha que há da parte do Expresso (e de mim próprio) alguma animosidade em relação à sua pessoa e sugere um almoço entre nós. Porquê este contacto de Margarida Marante? Porque, quando fora directora da Elle, M. M. trabalhara com a jornalista Fernanda Câncio, tornando -se sua amiga. Entretanto, Marante casara com Emídio Rangel e Câncio começara a namorar com Sócrates.
:::::
Os dois casais passaram então a encontrar -se com alguma frequência. M. M. e Rangel tinham alugado uma vivenda na Biscaia, para os lados do Guincho, e Sócrates e Câncio eram visitas lá de casa. A vivenda tinha uma localização esplêndida perto do mar e fora alugada à ex-actriz Manuela Marle, que lhe dera o nome de Casa Boulangerie. A decoração fora encomendada por Marante a Graça Viterbo. Ora, dado encontrarem -se frequentemente, Marante passou a funcionar - julgo que por amizade - um pouco como «assessora de comunicação» de José Sócrates.
Faço um parêntesis para falar de Fernanda Câncio. Conheci-a no Expresso, onde começou a trabalhar como estagiária antes de se mudar para a Elle. Nessa altura, namorava com Abílio Leitão, que também trabalhava no Expresso como copy desk e vivia em casa de um colega, onde Fernanda Câncio ficava também muitas vezes a dormir.
:::::
Sucede que Abílio tinha um fetiche pela fotografia (aliás, viria a ser fotógrafo free-lancer) e dedicava -se a tirar fotografias das relações com a namorada. E não tinha o cuidado de esconder as fotos, deixando -as a revelar em cima dos móveis. Um dia, a empregada que ia fazer a limpeza foi entregar ao dono da casa um maço de fotografias que tinha apanhado e que considerava impróprio estar espalhadas pelo quarto. Devo esclarecer que nunca vi essas fotos, mas o episódio que acabo de relatar é autêntico, dada a fonte que mo confidenciou.
Voltando ao almoço com José Sócrates e Margarida Marante, este realizou-se no Vela Latina, em Belém, na segunda-feira seguinte (25 de Setembro de 2004) ao fim-de semana em que Sócrates foi eleito líder do PS. Era, pois, o seu primeiro dia na liderança do partido. Estranhei a sua disponibilidade, pois o primeiro dia de um líder é normalmente muito atarefado.
:::::
Ele e M. M. entraram juntos no restaurante, eu já lá estava, instalámo-nos à mesa, ela levantou-se de seguida para ir ao WC e Sócrates, aproveitando estar sozinho comigo, diz-me o seguinte: «A Margarida Marante insistiu neste almoço, mas eu devo dizer‑lhe que não tenho qualquer problema com o Expresso, antes pelo contrário. Sempre me senti bem tratado...» Fico estupefacto!
Então a Margarida tinha inventado tudo? Não era possível. Até porque - como resulta do que foi dito - ela sabia muito bem nessa época o que Sócrates pensava. E, sendo uma mulher perspicaz, com muita experiência na área da política, não se equivocaria com facilidade. Não era plausível que tivesse interpretado mal os seus sentimentos. Concluí, pois, que Sócrates estava mais uma vez a representar uma farsa.
:::::
Não havendo necessidade de esclarecer nada, o almoço decorreu de forma cordial. A dada altura, porém, Sócrates sugeriu que jantássemos brevemente, pois ao jantar havia mais tempo e mais disponibilidade para conversar com tranquilidade, sem a pressão do tempo.
Esse jantar teve lugar poucas semanas depois na Bica do Sapato, restaurante da moda na zona oriental de Lisboa, para os lados de Santa Apolónia, junto à discoteca Lux. Os comensais foram os mesmos: eu, Sócrates e Margarida Marante. Colocaram -nos numa mesa muito exposta, mesmo no meio da sala. Descrevi assim esse encontro no meu Diário: 9 de Novembro de 2004, Jantar com José Sócrates na Bica do Sapato, por «intermediação» de Margarida Marante. Foi uma refeição algo desconcertante.
:::::
Começou com um happening: quando estávamos a falar sobre o Diário de Notícias e os episódios relacionados com a demissão da direcção e a nomeação de uma nova (eu elogiava o novo director), surge no restaurante essa nova direcção do DN: Miguel Coutinho, Raul Vaz e Pedro Rolo Duarte. No jantar, Sócrates e Marante «pegaram‑se», numa discussão sobre a Justiça. E Sócrates mostrou‑se muito naïf quando disse que num mestrado que fez (ou está a fazer) lhe explicaram como se cultivam relações.
(Continua…)
As opções do Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA